A principal diferença entre o que se faz no Brasil e nos EUA em termos de lobby é que nos EUA essa atividade é legal, mas tem regras e limites nesse contexto, ao passo que aqui a atividade não é regulamentada por lei mas campeia solta e envolve parlamentares e ministros -- vide caso Palocci. Mas lá, como cá, ainda há coisas esquisitas nessa seara.
O jornal The Washington Post de ontem dá notícia de uma estranha revoada de mais de uma dúzia de legisladores da Virginia (EUA) para a França neste mês, com todas as despesas pagas, por conta de um lobby agressivo de uma empresa mineradora que pressiona os legisladores para levantar uma proibição de mineração de urânio no estado. A empresa Virginia Uranium convidou quase todos os 140 legisladores estaduais para viajarem à França por sua conta, enquanto pretende explorar o que é considerado o maior depósito de urânio dos EUA, no centro-sul da Virginia, apesar das preocupações existentes de que o minério radioativo quando retirado possa contaminar o ar, o solo e a água potável.
Cinco desses legisladores chegaram a Paris na quarta-feira para visitar uma mina fechada em Bessines, no oeste da França, onde urânio foi excavado por cerca de 50 anos até o final dos 1990. Nove outros legisladores viajaram na terça, para uma viagem de cinco dias -- que deverá custar cerca de 10 mil dólares por pessoa -- que inclui cerca de três dias livres em Paris. Esse tipo de viagem é permitido pela legislação da Virginia, e as viagens realizadas têm que ser declaradas ao estado como presentes no ano seguinte. A maioria dos legisladores recusou essa cara excursão -- o segundo convite da mesma empresa em dois anos -- meses antes da eleição do outono.
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