segunda-feira, 13 de junho de 2011

Americano confessa ter forjado a história da "blogueira lésbica presa na Síria"

A história resumida a seguir é mais um exemplo dos abusos gerados na Internet, com a veiculação de notícias mentirosas e sensacionalistas que são passadas adiante sem a menor preocupação em se verificar sua veracidade.


Amina Abdallah Arraf al-Omari, que publicava seus textos em inglês no blog A Gay Girl in Damascus ("Uma Menina Gay em Damasco", em tradução livre), ganhou fama ao falar abertamente de sua sexualidade e criticar o presidente sírio, Bashar Al-Assad. Supostamente uma cidadã de 25 anos e dupla cidadania - americana e síria -, Amina começou a publicar suas postagens em fevereiro.

Uma das postagens mais recentes sugeriu que ela havia sido detida por forças de segurança sírias em Damasco, levando os seguidores de sua página no Facebook a pedir sua libertação, e fazendo da hashtag #FreeAmina uma das mais populares do Twitter. Entretanto, depois que jornalistas começaram a questionar a existência da blogueira, o americano Tom MacMaster, estudante na Escócia, admitiu ser a pessoa em carne e osso por trás da iniciativa.

A notícia gerou indignação entre ativistas no Oriente Médio, que acusaram MacMaster de leviandade e de prejudicar a sua causa.

Para o jornalista americano Andy Carvin, da National Public Radio dos Estados Unidos e especialista em desmascarar boatos da internet, nenhum dos relatos da prisão da blogueira parecem ter sido escritos por jornalistas que já tinham se encontrado ou entrevistado Arraf. O jornal americano The New York Times afirmou que, "apesar de ser possível que a autora do blog tenha sido realmente detida e que tenha escrito um relato factual e não ficcional dos eventos recentes na Síria, os leitores deveriam saber que uma pessoa que se identificou - para o The Times, à BBC e à Al-Jazeera - como uma amiga pessoal da blogueira, Sandra Bagaria, agora esclareceu que nunca realmente se encontrou com a autora de A Gay Girl in Damascus". Bagaria, que é canadense, disse ao The New York Times que também nunca conversou com Arraf face a face via Skype, mas tinha um relacionamento online com a blogueira desde janeiro, incluindo a troca de mais de 500 emails.

Quando as fotos de Amina apareceram, entretanto, foram imediatamente reclamadas por uma profissional de relações públicas que mora em Londres, Jelena Lecic. Ela disse que as fotos, que mostram uma jovem com uma pinta em cima do olho esquerdo, foram retiradas de sua página do Facebook.
 Suposta prisão de Amina provocou reações imediatas.

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