Desde que se instalou no poder na Argentina, a família Kirchner tem usado de recursos de baixo quilate para esconder suas mazelas, adotando medidas e manobras escusas que vão desde uma incansável perseguição à imprensa que se lhe opõe -- os jornais La Nación e Clarín que o digam -- até à manipulação de dados estatíscos, para evitar que se escancarem suas enormes mancadas na condução da economia do país. Nesse processo de manipulação, quem mais tem sofrido o peso da intervenção do governo é o INDEC - Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina, o IBGE dos nossos hermanitos -- com este Instituto os governos Kirchner têm manipulado os dados da inflação, obrigando-o a divulgar dados falsos muitíssimo abaixo da inflação real que assola o país (este recurso já foi também em governos passados no Brasil).
O prestigioso jornal inglês Financial Times (FT) publicou no dia 15 deste mês uma reportagem sobre o desencontro de valores de inflação na Argentina. Diz o FT que, em mais uma manobra kafkiana na saga da inflação nesse país, na terça-feira (14/6) políticos da oposição usaram o comitê de liberdade de expressão do Congresso para divulgar uma taxa de inflação baseada em informação de oito consultorias privadas que, segundo eles, estão sob censura governamental. Mostrando um cartaz com uma boca fechada por um zíper, Patricia Bullrich, membro do partido da Coalizão Cívica, disse que os preços subiram 1,5% em maio segundo cálculos daquelas consultorias, que foram multadas pelo governo em 500 mil pesos (123 mil dólares) por publicarem informação que ele contesta.
Os índices de inflação divulgados pelo INDEC oscilaram entre 0,7 e 0,8 por cento em cada um dos primeiros quatro meses deste ano. "A realidade é a que apresentamos", diz Patricia, acrescentando que a inflação média calculada pelas referidas consultorias para os 12 meses até maio deste ano foi de 23,5%.
Os dados de inflação na Argentina perderam credibilidade desde 2007, quando o governo começou a fazer mudanças de equipe e de metodologia que resultaram em um abismo entre a taxa oficial de inflação, que se baseia na capital e na grande Buenos Aires, e a inflação que é divulgada pela províncias (estados) argentinas e por economistas privados. Patricia Bullrich confrontou os dados oficiais com os dados privados de inflação para cada um dos quatro últimos anos: 8,5% contra 25,7% em 2007; 7,2% contra 23% em 2008; 7,7% contra 15% em 2009; 10,9% contra 25,1% em 2010. Para este ano, com a eleição presidencial em outubro, economistas calculam que a inflação pode beirar os 30% -- para o governo, a inflação oficial até agora neste ano é de 3,2%.
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