A falta de profissionais qualificados para suprir as necessidades das empresas em meio ao atual boom econômico brasileiro vem levando companhias multinacionais a adotar medidas extraordinárias para conseguir contratar de acordo com suas necessidades, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário americano The Wall Street Journal.
Segundo o jornal, para compensar a escassez de talentos muitas empresas “estão reforçando seus programas de estágios, gastando mais com treinamento e salários e trazendo trabalhadores de mercados em retração”. A reportagem afirma que gerentes e engenheiros que sabem falar inglês, além de profissionais com experiência em desenvolvimento de negócios, têm uma demanda particularmente forte. O jornal comenta que as empresas estrangeiras enfrentam no Brasil uma situação semelhante à que encontram na China, onde têm que competir com as companhias locais pela contratação de profissionais.
Segundo a reportagem, as universidades locais “foram pegas de surpresa com o boom econômico”. “Escolas privadas com fins lucrativos estão tentando preencher a lacuna, mas por ora muitas companhias multinacionais dizem que estão tendo que educar seus próprios empregados”, diz o jornal. Em outra reportagem publicada também na edição desta segunda-feira, o Wall Street Journal relata o crescimento das faculdades privadas, locais e internacionais, para suprir a demanda crescente no Brasil por educação superior, mesmo que paga. “A educação na maior economia da América Latina é um problema há muito tempo. De acordo com um estudo da ONU de 2009, o país produziu somente 428 universitários graduados para cada 100 mil habitantes”, diz o jornal.
A reportagem observa que as melhores universidades – estatais, que não cobram mensalidade, e de fundações sem fins lucrativos, que cobram mensalidades altas – são muitas vezes inatingíveis para os estudantes de baixa renda, que estudam no sistema público primário e secundário e são menos bem preparados para os testes de admissão nessas instituições. “As lacunas na educação pública, combinadas com a crescente demanda por profissionais qualificados, criaram uma oportunidade para instituições privadas recrutarem jovens aspirantes a profissionais que não conseguem entrar nas melhores faculdades, mas conseguem pagar para melhorar suas perspectivas de carreira”, relata o jornal.
A reportagem relata que o “excesso de demanda” por educação superior no Brasil já tem chamado a atenção de investidores estrangeiros, como a americana DeVry, do Estado do Illinois, que em 2009 pagou U$ 40,4 milhões para comprar 82,3% da universidade Fanor, do Ceará. A britânica Pearson, por sua vez, comprou no ano passado, por US$ 520,1 milhões, a SEB, provedora de educação básica e superior e também de métodos de ensino no Estado de São Paulo.
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