Quando a China anunciou sua primeira proibição de fumar em público no mês passado os defensores da medida comemoraram, mas não confiaram em que isso acontece de imediato -- como muitas outras regulamentações chinesas contra o hábito de fumar, essa parecia insincera e por uma boa razão. Um mês depois, a proibição surtiu pouco ou nenhum efeito -- fuma-se ainda desenfreadamente nos espaços onde se aplica a proibição, tais como restaurantes, escolas e hospitais.
A razão pela qual a proibição de fumar não é levada a sério na China é muito simples: o mesmo governo que promete acabar com o uso do fumo é o proprietário e principal beneficiário dessa indústria de 93 bilhões de dólares. Como consequência, a China é o maior baluarte da indústria fumageira, e seu maior produtor e consumidor no mundo. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde, mais da metade dos homens chineses são fumantes, contra cerca de 20% nos EUA. E o cigarro contribui para quatro das cinco principais causas de mortes na China, com 1,2 milhão de fatalidades ligadas ao fumo por ano.
Em muitas maneiras, a luta da China contra o vício do fumo envolve um dilema que é chave para o governo: equilibrar a obsessão do governo com o crescimento e a aparência de preocupar-se com o interesse público. Até agora, o interesse público é o lado perdedor.
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