O contestado líder líbio Muamar Gadhafi está engajado em uma luta até à morte, mesmo "pressionado contra as cordas", denunciando que os ataques da OTAN mataram civis em seu país e provocando divisões no seio dessa aliança militar.
O conflito parece afundar-se em areia movediça, mais de quatro meses depois do início da revolta que se transformou em conflito armado -- Gadhafi se recusa a deixar o poder apesar de seu isolamento, das sanções que sofre e da intervenção militar em seu país, enquanto os combates entre suas tropas e os rebeldes continuam no mesmo compasso. Gadhafi reagiu pela televisão a um ataque aéreo da OTAN que, segundo ele, visou a residência de Khouildi Hmidi, um político influente e seu velho companheiro de campanha, matando 15 pessoas, entre as quais crianças, em Sorman, a 70 km a oeste de Trípoli. Depois de uma série de erros nos últimos dias, a OTAN, que assumiu o comando das operações militares internacionais em 31 de março, admitiu ter feito um ataque nessa área mas afirmou no entanto que foi um "ataque de precisão" visando um "centro de comando e controle de alta importância", e não um alvo civil.
País que abriga o QG das operações da OTAN e as bases aéreas de onde decolam os bombardeiros aliados, a Itália criou um mal-estar ao denunciar os ataques contra os civis e o atoleiro em que se meteu o conflito que já fez milhares de mortos depois de 15 de fevereiro. Seu ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, considerou que "a suspensão das ações armadas é fundamental para permitir uma ajuda imediata" à Líbia. Mas esta proposta foi imediatamente rejeitada pela França, para quem uma pausa, mesmo que humanitária, permitiria que Gadhafi "se reorganizasse". E o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, disse claramente que as operações iriam continuar para evitar que "inúmeros civis a mais percam a vida". Essa bateção de cabeças numa instituição como a OTAN e em um conflito com a seriedade, as consequências e as repercussões como esse da Líbia é simplesmente inacreditável! Mais uma vez, repete-se a velha história: quando se tem muito cacique e pouco índio o resultado invariavelmente é uma lambança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário