Segundo Guffanti, que há 15 anos atua na área de riscos à aviação, o fenômeno não é novo. O que mudou nos últimos anos, diz a cientista, não foi a intensidade das erupções, e sim do tráfego aéreo. “Esse fenômeno é conhecido há mais de 30 anos”, afirma Guffanti. “Mas agora o espaço aéreo está tão cheio que os riscos são muito altos.”
Em um dos episódios mais recentes, a erupção do vulcão chileno Puyehue vem provocando há vários dias cancelamentos de voos em diversos países da América do Sul, na Austrália e na Nova Zelândia. Nesta semana, países do Leste da África tiveram de cancelar voos devido à erupção do vulcão Nabro, na Eritreia. De acordo com a vulcanologista, novos problemas podem ocorrer a qualquer momento e em praticamente qualquer região onde haja atividade vulcânica. “É um risco contínuo”, diz Guffanti. “É muito difícil prever.”
A especialista do USGS diz que, nos últimos 30 anos, houve pelo menos 26 incidentes graves com aviões provocados por nuvens de cinzas vulcânicas. Em nove deles, as turbinas das aeronaves chegaram a parar de funcionar durante o voo. Guffanti afirma que um dos primeiros registros de encontros entre aviões e nuvens de cinzas vulcânicas de que se tem notícia ocorreu em 1980, durante a erupção do Monte Santa Helena, no Estado americano de Washington. Na época, diz a cientista, houve uma série de episódios em que aeronaves militares se depararam com as nuvens de cinzas expelidas pelo vulcão.
Foi somente no ano passado, porém, durante a erupção do vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia, que o problema ganhou projeção mundial. As nuvens de cinzas expelidas pelo vulcão mergulharam a Europa em um caos aéreo, com cancelamento de milhares de voos, fechamento de aeroportos em diversos países e um prejuízo calculado em bilhões de dólares. “Antes daquele episódio na Islândia, as pessoas não sabiam que, enquanto elas viajam, digamos, de Chicago ao Japão, há uma equipe de especialistas nos bastidores monitorando as cinzas de vulcões”, diz Guffanti.
Cinzas do vulcão chileno Puyehue vêm prejudicando voos na América do Sul, Austrália e Nova Zelândia (Foto: AP).
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