Esses resultados preveem uma enorme carga de custos médicos e de incapacidade física no restante deste século, já que a diabete aumenta o risco de ataque do coração, falha renal, cegueira e algumas infecções. "Esse estudo confirma a suspeita de muitos de que a diabete tornou-se uma epidemia global", diz Frank Hu, um epidemiologista da Escola de Saúde Pública de Harvard que não esteve envolvido na pesquisa. "Isso tem o potencial de aniquilar os sistemas de saúde de muitos países, em especial os dos países em desenvolvimento".
No mundo todo, a incidência de diabete em homens acima de 25 anos aumentou de 8,3% em 1980 para 9,8% em 2008. Nas mulheres acima de 25 anos aumentou de 7,5% para 9,2% no mesmo período. "Esta será provavelmente uma das características predominantes da saúde global nas décadas vindouras", diz Majid Ezzati, um epidemiologista e bioestatístico no Imperial College London que liderou o estudo. "Há não apenas a magnitude do problema mas ainda o fato de que, diferentemente da pressão arterial alta e do colesterol alto, não temos na realidade bons tratamento para a diabete", acrescenta ele.
Há dois tipos de diabete, uma doença metabólica que faz com que o organismo seja incapaz de deslocar rápida ou adequadamente o açúcar da corrente sanguínea para os tecidos depois de uma refeição. O Tipo 1 é uma doença autoimunizante que aparece na infância e exige que uma pessoa tome doses de insulina para sobreviver. O Tipo 2 é responsável por 90% dos casos e geralmente surge depois dos 25 anos -- é controlado por insulina, pílulas e, em alguns casos, com redução de peso e exercícios.
A doença é muito mais comum nas ilhas do Pacífico sul -- Oceania -- onde uma explosão de obesidade grave, associada com uma propensão genética para a diabete, levou a incidência de diabete para 25% entre os homens e 32% entre as mulheres em alguns lugares. Os países do Golfo têm também uma taxa de incidência elevada, com a Arábia Saudita em 3° lugar, a Jordânia em 8° e o Kuwait em 10° em diabetes entre os homens em 2008. Entre os países de alta renda, os EUA teve a mais acentuada elevação para homens nas três décadas passadas e a segunda mais elevada para mulheres (atrás da Espanha) no mesmo período. Em 2008, 12,6% dos homens americanos e 9,1% das mulheres americanas tinham a doença.
China e Índia, entretanto, serão os países responsáveis pela maior parcela do que irá acontecer nas próximas vária décadas vindouras. Juntas, respondem por 40% das pessoas que hoje têm diabete. Em contrapartida, 10% do total mundial vivem na Rússia e nos EUA. Barry M. Popkin, um professor de nutrição na Universidade da Carolina do Norte (EUA) que fez pesquisa na China, diz que o aumento da diabete neste país apenas começou, isto porque a diabete acompanha a inatividade e a obesidade, dois fatores que aumentaram durante a explosão econômica chinesa.
A diabete acompanha a obesidade e o sedentarismo, e ambos aumentaram durante a explosão econômica chinesa. Espera-se que haja um forte aumento de casos na China neste século (Foto ChinaFotoPress/Getty Images).
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