quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Sol acorda e a Terra sofre as consequências

O sol está acordando, e no dia 7 de junho acordou Michel Hesse -- às 5:49 da manhão o cientista solar recebeu um alerta no seu smartphone. Uma nave espacial da NASA tinha visto uma rajada de raios-X "esticando-se" de uma mancha solar -- a "rajada" era uma explosão solar, e "uma excepcionalmente grande", disse Hesse.

O sol tem estado quieto por anos, no nadir (ponto mais baixo) de seu ciclo de atividades. Mas, desde fevereiro a nossa estrela vem cuspindo erupções e plasma como um dragão enraivecido -- e o trabalho de Hesse é vigiar essas erupções. E, se houver uma grande na nossa direção, Hesse tem que saber disso e rápido, para que ele possa alertar a indústria de energia elétrica para que ela possa preparar-se para uma tempestade geomagnética capaz de tirar de operação partes importantes da rede elétrica americana.

Um vídeo da erupção captado pelo Observatório de Dinâmica Solar da NASA mostrou uma enorme coluna emergindo do sol -- mas, mas essa demonstração de "cólera" solar não é como a de 1859. No dia 1° de setembro deste ano, ocorreu a maior explosão solar de que se tem registro, testemunhada pelo astrônomo inglês Richard Carrington. Enquanto traçava características da superfície solar, que Carrington havia projetado sobre papel através do telescópio, ele viu um lampejo súbito emergindo de um ponto negro. Embora tais manchas solares tivessem despertado curiosidade por séculos -- Galileu também traçou-as no começo dos anos 1600 -- Carrington não tinha ideia do que esse lampejo podia significar.

Poucas horas depois, os operadores de telégrafos souberam a resposta. Seus longos trechos de fios trançados funcionaram como antenas para essa enorme onda de energia solar. À medida que ela se acelerava, transmissores se aqueceram e alguns pegaram fogo.

Um "evento Carrington" como esse voltará a acontecer um dia, mas nossa civilização super-enredada em fios sofrerá perdas muito maiores do que algumas casinhas de telégrafos como em 1859. Satélites de comunicações serão colocados fora de operação. Transações financeiras cronometradas e transmitidas por esses satélites não serão concluídas, causando milhões ou bilhões em perdas. Os sistemas de GPS ficarão instáveis. Astronautas na estação espacial se agruparão em um módulo blindado, como já fizeram três vezes na década passada devido ao "tempo (no sentido de clima) no espaço", o termo científico para toda atividade solar estranha. Voos entra a América do Norte e a Ásia, sobre o Polo Norte, terão que ser redirecionados, como ocorreu em abril durante uma tempestade solar fraca a um custo para as linhas aéreas de 100 mil dólares um voo. E oleodutos, particularmente no Alasca e no Canadá, sofrerão corrosão pois, assim como as linhas de transmissão elétricas, conduzem a eletricidade decorrente da tempestade solar.
  O sol está se aproximando do pico de seu ciclo de atividades, cuspindo explosões e plasma (Foto: The Washington Post).
Duas fotos sucessivas de uma explosão solar em evolução. O disco solar foi bloqueado nessas fotos, para uma melhor visualização da explosão (Foto: Wikipedia).
Como o "tempo (no sentido de clima)no espaço" afeta a Terra (Fonte: NASA - Gráfico por Bonnie Berkowitz e Alberto Cuadra -- The Washington Post).
Vulneráveis ao "tempo no espaço": Satélites e dispositivos GPS - Oleodutos - Comunicações de aeronaves - Estação espacial internacional - Redes elétricas - Suprimento de água - (Clicar na figura para ampliá-la).

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