O que parecia estar ainda no terreno das conjecturas começa a se cristalizar como desastre inevitável, que nos exporá à chacota e à vergonha no cenário internacional. O país que se gaba de ser a 7ª economia do mundo mostra-se incapaz de cumprir compromissos assumidos de público, perante a FIFA, e se revela incompetente e irresponsável para preparar 9 dos 12 aeroportos previstos para acolher jogadores e visitantes para a Copa de 2014. Quem denuncia essa falha não é a oposição, mas um conceituado órgão do próprio governo.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, classificou como preocupante a situação dos aeroportos das cidades que serão sedes da Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, as obras de ampliação de 9 dos 12 aeroportos atualmente em operação não deverão estar concluídas até o início do Mundial.
O Ipea divulgou nota técnica ontem, quarta-feira, em que analisa que "muito provavelmente não será possível concluir a maioria das obras de expansão dos terminais aeroportuários até a Copa de 2014". O relatório explica que a conclusão leva em conta prazos médios para a elaboração de projetos, obtenção de licenças obrigatórias, realização de licitações públicas e início dos serviços.
Além dos 9 aeroportos que já existem e que não terão suas reformas concluídas a tempo, o Ipea destaca que o Aeroporto Internacional São Gonçalo Amarante, no Rio Grande do Norte, próximo à capital Natal, que ainda está em construção, não ficará pronto antes de junho de 2014 -- ressalte-se que esse é o único dos aeroportos previstos sob a responsabilidade da iniciativa privada. Nos aeroportos de Confins (MG) e de Porto Alegre (RS), embora o projeto já esteja pronto, as obras devem demorar cerca de seis anos e meio. Leia mais.
Antes de embarcar para a China a presidente anunciou que, a partir deste ou do mês que vem, o governo passaria a divulgar sistematicamente o cronograma das obras vinculadas à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016, com o intuito de pressionar os Estados por elas responsáveis e identificar os culpados por eventuais atrasos. Essa é o tipo escarrado de medida demagógica, do tipo Pôncio Pilatos, que não nos poupará do essencial que é o vexame internacional. Obras da envergadura das mencionadas acima só por milagre bem fantástico cumprem cronogramas no Brasil (quanto aos custos, é bom nem falar) -- a politicalha, a burocracia e a irresponsabilidade de estados e municípios, somadas à omissão e ao descompromisso do governo federal com a imagem do país lá fora formam o caldo perfeito para o vexame.
Observe-se que estamos falando até agora apenas do item "aeroportos" no contexto da Copa (e das Olimpíadas) -- se pensarmos ainda nas pendências quanto a infraestrutura de transportes, de comunicações, de acomodações, questões de segurança, de atendimentos emergenciais de saúde, etc, etc, pode-se ter uma vaga ideia das chances que temos de passarmos ainda mais vergonha. Preparêmo-nos, pois, por via das dúvidas, para sermos motivo de gozação e ridicularização por habitantes dos quatro cantos do planeta.
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