quinta-feira, 21 de abril de 2011

Novo bloco regional pode tornar-se alternativa ao Brasil na América do Sul

Começa a se configurar na América do Sul um novo bloco econômico, o MILA - Mercado Integrado Latino-Americano, que, segundo a prestigiosa revista The Economist, pode mostrar a investidores internacionais que o Brasil não é a única alternativa interessante na região. Formado por Chile, Colômbia e Peru, depois de dois anos de negociações, o MILA, com uma capitalização de mercado superior a 600 bilhões de dólares, poderá, se tudo correr bem, tornar-se instantaneamente a segunda maior bolsa da região depois da nossa Bovespa -- se tudo der certo, já no mês que vem os operadores dos mercados de ações de cada um daqueles três países poderão comprar e vender ações listadas nos outros dois.

O MILA (que a The Economist resolveu batizar com o nome horrível de PaCifiCa (ver figura abaixo e o artigo da revista), é o sinal mais perceptível de uma crescente aproximação entre três países sul-americanos de médio porte e crescimento em ascensão, com costas para o Pacífico, que agora almejam formar um mercado comum. As últimas duas décadas viram conversas intermináveis de integração na América Latina, mas com pouca ação efetiva para isso. Nos anos 90, o Brasil e a Argentina foram os principais mentores do Mercosul, um grupo de quatro países. O Pacto Andino (1969), de cinco países, tornou-se a Comunidade Andina (1996). Ambas essas iniciativas basearam-se em uma visão de comércio razoavelmente livre e em uma busca por uma expansão de mercados, mas uma década depois, em boa parte da região, chegaram ao poder governos esquerdistas com uma visão distinta sobre a integração regional.  O Brasil, na década de 60, deu por encerradas as conversações para a criação da ALALC - Associação Latino-Americana de Livre Comércio, que englobaria 34 países, e alternativamente apoiou a criação da UNASUL - União de Nações Sul-Americanas, cujo tratado de constituição foi assinado em 23/5/2008 em Brasília, como um fórum para cooperação política. Enquanto isso, a Venezuela de Hugo Chávez formou em 2004, com Cuba e outros países, a ALBA - Aliança Bolivariana para as Américas (nome adotado em 2009), um bloco anti-americanista em sua essência.

Os três países do MILA têm acordos de livre comércio com os outros -- o México, que está se juntando ao bloco por iniciativa do Chile, ainda não tem esse tipo de acordo com o Peru, mas ambos estão negociando para isso. Se bem sucedido, o MILA pode constituir-se em uma alternativa regional em substituição ao Brasil -- autoridades dos países que o formam dizem que nosso país está mais interessado em tornar-se um parceiro global do que em aprofundar sua integração sul-americana. O mercado de ações do MILA poderia atrair investidores interessados em uma alternativa para os mercados supercomprados brasileiros, mas no curto prazo isso poderia tornar-se um complicador para os formuladores de políticas que queiram evitar que suas moedas fiquem muito valorizadas.

Há obstáculos visíveis para uma formação bem sucedida do MILA, e um deles é a velha rixa entre Chile e Peru, sequela da guerra de 1879 a 1883 entre ambos que resultou na anexação, pelos chilenos, de áreas do território peruano. Leia mais.
Visão global dos blocos econômicos da América Latina (clique na figura, se quiserr aumentá-la). (The Economist)

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