Um terrível ataque terrorista ao quartel-general de um governo provincial no Iraque na semana passada matou várias pessoas e originou uma hoje rara intervenção de soldados americanos estacionados nas imediações. Esse ataque serviu de lembrete para duas realidades que, ultimamente, têm sido esquecidas por muitos em Washington: - a) a violência política no Iraque, embora em declínio, ainda é uma ocorrência quase diária, e há o constante risco de que sofra uma escalada; - b) se nada mudar, daqui a nove meses não haverá tropas americanas naquele país para responder a emergências ou evitar que os frágeis ganhos de uma guerra de alto custo se percam.
Um acordo fechado pelo governo Bush determina que todas as tropas americanas deixarão o Iraque no final de 2011 -- embora muitos esperassem ou desejassem que os dois países renegociassem esse acordo, permitindo uma presença limitada de tropas americanas no país, tanto o Primeiro-Ministro iraquiano Nouri al-Maliki quanto o presidente Obama têm dito reiteradamente que seguirão à risca o acordo. Militares e estrategistas alertam que essa retirada criará inúmeros problemas, já que os iranianos não terão capacidade para se defender, quer no espaço aéreo quer nas fronteiras, para proteger embarques de petróleo ou plataformas no Golfo Pérsico, ou então de participar com as forças especiais americanas de ataques contra a al-Qeda. -- Mas o que muitos consideram o problema mais sério é que deixarão o local onde estão os soldados americanos que, de fato, têm funcionado como mantenedores da paz na cidade de Kirkuk e ao longo da crítica fronteira entre o Kurdistão iraquiano e o resto do país. Muitos especialistas acreditam que essa ausência poderá propiciar o surgimento de violência entre curdos e árabes. Leia mais.
Esse filme é um repeteco do que já se viu antes em praticamente todas as guerras em que os americanos se meteram, ou que foram por eles geradas. Eles são muito bons em termos de democracia em seu próprio território, mas têm se revelados absolutamente incapazes de implantá-la e mantê-la alhures. Está sendo assim no Iraque, e assim será (do jeito que as coisas caminham) no Egito e na Líbia, para não estender demais a lista. E o pior é que o xerife do mundo está perdendo aos poucos o prestígio e o poder de coerção de que dispunha até há pouco tempo, e parece ou finge não se aperceber disso.
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