Presidente da conferência Rio +20, Dilma Rousseff teve uma atuação apagada na área ambiental em seu primeiro ano de governo. Sob alguns
aspectos, pior que a de Fernando Collor, em cujo governo aconteceu a
Eco-92. [Vejam postagem sobre a presidente e o meio ambiente].
Dilma não criou nenhuma unidade de conservação em 2011; em 1990, seu primeiro ano de mandato, Collor criou 15.
O desmatamento em 1990 caiu 22% em relação ao ano anterior, o dobro da
queda estimada para 2011 --embora Dilma esteja melhor nos números
absolutos de desmate.
Diante da repercussão internacional da polêmica obra da usina hidrelétrica de Cararaô, no rio Xingu, Collor engavetou o projeto.
Dilma o ressuscitou, sob o nome de Belo Monte, concedendo-lhe a licença
de instalação mesmo sem o cumprimento de todas as condicionantes
impostas pelo Ibama.
Unidades de conservação e terras indígenas são indicadores importantes
do desempenho ambiental de um governo, pois elas mexem na estrutura
fundiária e em interesses econômicos nas regiões onde são criadas.
Enquanto ministra da Casa Civil do governo Lula, Dilma represou a
criação de novas unidades, especialmente na Amazônia, submetendo-as ao
crivo do MME (Ministério de Minas e Energia).
Na Presidência, manteve o ritmo. Seu governo é o primeiro desde FHC-1
(1995-1998) a não criar áreas protegidas no primeiro ano de mandato.
Um refúgio da vida selvagem no Médio Tocantins, por exemplo, está com
sua proposta de criação parada no MME, que tem interesse em construir na
região a hidrelétrica de Ipueiras --um projeto que o Ibama já havia
considerado inviável do ponto de vista ambiental.
O governo também cortou 30% do orçamento do Instituto Chico Mendes, órgão gestor das unidades. [E esvaziou, de maneira autoritária e irresponsáve a meu ver, técnica e politicamente o Ibama, como abordo na postagem anterior que cito no início deste texto].
Sem clima
O primeiro ano de Dilma passou sem avanços na agenda de mudança climática.
Conforme a Folha mostrou, o governo não fez quase nada para
implementar em 2011 a meta brasileira de cortar até 39% das emissões de
gás carbônico em 2020 em relação à tendência de crescimento atual dos
gases.
"O pacote de mudança climática ela recebeu pronto do governo Lula. Não
avançou nem regrediu", disse Nilo Dávila, do Greenpeace. "Em outras
coisas, ela deu continuidade para o mal".
Ele se refere ao maior retrocesso legislativo na área ambiental: a Lei
Complementar 140, que reduz o poder de fiscalização do Ibama.
Pelo texto aprovado no Senado em outubro, a competência de multar crimes
ambientais é do ente federativo (União, Estado ou município) que
licencia. Como desmatamentos são sempre licenciados pelos Estados,
autuações feitas pelo Ibama poderão ser anuladas pelas secretarias de
Meio Ambiente estaduais.
Em 2009, durante a cúpula do clima de Copenhague, quando o
enfraquecimento do Ibama foi inserido no projeto durante sua votação na
Câmara, o presidente Lula se comprometeu a vetá-lo.
Dilma concordou com a promessa. Mas, no dia 8 deste mês, durante outra
cúpula do clima, em Durban, a presidente sancionou o texto.
Questionado pela Folha, o Planalto deferiu a resposta ao
Ministério do Meio Ambiente. Este disse que, "na prática, o Ibama
continua atuando normalmente".
Sobre a falta de criação de unidades de conservação, o ministério
afirmou que está revendo a Estratégia Nacional de Conservação da
Biodiversidade, com a definição de critérios para a proposição de novas
áreas protegidas.
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