Numa só canetada, a presidente conseguiu comunicar inequivocamente ao país inúmeras mensagens simultaneamente:
- quem manda e decide é ela, opinião de ministro é secundária, não importa o assunto e a argumentação usada;
- mais cedo do que se imaginava ela começa a punir o Ibama, tirando-lhe poderes, por haver ousado criar problemas com as licenças ambientais das usinas de Jirau e Santo Antônio (no rio Madeira), e de Belo Monte (no rio Xingu), de interesse de seu governo, embora o Instituto estivesse exercendo estrita e corretamente o que lhe compete;
- no afã de seu autoritarismo, sanciona uma lei relativa ao meio ambiente questionada por sua ministra da área, e esvazia o Ibama, justamente em plena discussão do polêmico Código Florestal, mostrando uma noção completamente errada de timing surpreendente para quem exerceu as funções que teve antes de chegar ao Palácio do Planalto -- a menos que não tenha conseguido esperar mais tempo para ir à forra com o Ibama;
- apesar de defender (erroneamente, a meu ver) o controle da economia pelo Estado, como fez na recente reunião do G-20, mostrou que não sabe distinguir entre o Estado macro (a União) e o Estado mini (estados e municípios), delegando a estes últimos atribuições federais absolutamente intransferíveis, como nesse caso do meio ambiente -- sem falar no óbvio ululante que é o despreparo evidente, com raríssimas e milimétricas exceções, de estados e municípios para cuidar da complexidade que é a proteção do meio ambiente;
- não aprendeu nada com os escândalos de corrupção que derrubaram seis de seus ministros, transferindo para estados e municípios poderes que eram da União em assunto que é um prato feito para negociatas, mutretas e corrupções outras como é o meio ambiente -- resolveu dar uma de "afasta de mim esse cálice" ?...
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