sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Protagonistas de 2011: piratas

O texto abaixo é da autoria de Tatiana de Mello Dias e foi publicado ontem no blogue Link do jornal O Estado de S. Paulo.

Sim, eles também protagonizaram 2011. Em um ano marcado pelo surgimento de uma dura lei antipirataria nos EUA, que pode significar “o fim da internet como conhecemos”, os piratas (organizados) ganharam força e estenderam suas bandeiras. O cerco à pirataria nunca esteve tão apertado. Em março, o Secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, se reuniu na sexta-feira passada, 18, com a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, para discutir propriedade intelectual. As entidades internacionais queriam que o Brasil endurecesse a lei.

O Brasil é uma das prioridades da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigal em inglês) no combate à pirataria. Javier Asensio, diretor da entidade para a América Latina, defendeu em entrevista ao Link ações mais rígidas por aqui. ‘Ser artista é algo que requer uma proteção’, declarou.

Nós mostramos em um infográfico onde está a pirataria no mundo.

Ao mesmo tempo, estudos apareceram para mostrar que quem consume pirataria, muitas vezes, só faz isso por não ter outra opção. Uma pesquisa do Social Science Research Council em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a principal razão para a pirataria no mundo em desenvolvimento é econômica. “Basicamente, grandes multinacionais formulam preços para proteger mercados de alta renda. Eles preferem isso a expandir suas atividades em mercados de baixa renda como o do Brasil ou da África do Sul. E faz que eles virem piratas”, explicou o sociólogo norte-americano Joe Karaganis, que chefiou o estudo.

É o que diz o pessoal que criou o manifesto “Don’t make me steal”, ou “não me faça roubar”. Eles traçaram diretrizes básicas para a indústria do cinema oferecer seus produtos de maneira a estimular os consumidores a pagarem por conteúdo. “Pessoalmente quero pagar pelos filmes, já que essa é a única maneira de mostrar apoio e sustentar as pessoas que criaram aqueles trabalhos. É uma pena que ficou muito mais fácil piratear filmes do que obtê-los legalmente”, disse Pierre Spring, um dos fundadores do movimento, em entrevista ao Link.

Houve os que optaram diretamente pela via política. O ano marcou uma reorganização do Partido Pirata no Brasil. E, no final do ano, o Partido Pirata na Alemanha conseguiu uma eleição histórica – e com a ajuda de um brasileiro.

A pirataria também foi o tema de dois artistas – cada um na sua arte. “Se fazer download na internet é um crime, temos uma geração de criminosos”, disse Julio Secchin, 23 anos, cineasta que filmou o curta “Copyright Cops”. E artista Bia Bittencourt, 26 anos, foi além: recriou o clássico livro A História da Arte, de Ernst Gombrich, de forma pirata. Surgia “A história da arte pirateada”, obra digital e em papel financiada com crowdfunding com remix dos clássicos.

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