"Apoiamos Israel como um estado democrático, porque sabemos que Israel nasceu de valores que compartilhamos", Obama disse em um discurso para mais de 5.000 pessoas que participavam da conferência bianual da União para Reforma do Judaísmo, considerada como a maior reunião de judeus americanos deste ano. "O compromisso da América e o meu com Israel e com a segurança de Israel são inabaláveis".
A presença de Obama ante o grupo, que representa cerca de 1,5 milhão de judeus nos EUA, contrastou fortemente, em tom e substância, com os comentários de líderes republicanos em um fórum na semana passada patrocinado pela Coalizão Judia Republicana.
Os membros da União para Reforma do Judaísmo são predominantemente democratas, o núcleo de 78% de judeus que votaram em Obama em 2008. A plateia na sexta-feira aplaudiu entusiasticamente a lista das realizações mais liberais do presidente, da reforma do sistema de saúde à legislação sobre igualdade de remuneração e ao repúdio à política militar do "não pergunte, não diga" [relativa aos militares gays]. O evento, com muitos jovens na plateia, parecia às vezes um comício de campanha.
Rumando para um ano eleitoral, alguns republicanos acreditam ser possível reduzir parte do apoio judeu a Obama atacando a política deste em relação a Israel.
Obama chamou de "ilegítima" a construção, por Israel, de assentamentos na Margem Esquerda [do rio Jordão] ocupada [por Israel], e instou o primeiro-ministro judeu Benjamin Netanyahu, com quem tem tido uma relação difícil e instável, a começar conversações de paz com os líderes palestinos.
O ex-governador de Massachussetts, Mitt Romney, tem acusado Obama de "jogar Israel debaixo do ônibus", e no fórum de judeus republicanos da semana passada voltou a fazer esse tipo de crítica ácida. Romney prometeu ainda fazer de Israel o primeiro país estrangeiro que visitará, se eleito. [Este tipo de promessa me soa ridículo, mas tem gente que dá a isso suma importância.]
Mas, na sexta-feira, Obama, cuja oposição ao pleito dos palestinos para se tornarem membros plenos da ONU o colocou em discordância com alguns aliados europeus, apresentou seu histórico em relação a Israel como prova de seu vigoroso apoio ao país. Falou firmemente de uma solução de dois Estados para o conflitos entre Israel e Palestina, dizendo que uma Palestina independente convivente com um Israel seguro estava no interesse de ambos os povos no longo prazo. Nem Romney, nem nenhum outro líder republicano mencionou a solução de dois Estados -- endossadas há décadas por governos americanos -- em seus comentários e observações no fórum da semana passada.
Obama disse que o relacionamento militar entre Israel e os EUA nunca esteve tão forte. Citou o aumento de ajuda militar a Israel que ele assegurou; a parceria americano-israelense em defesa com mísseis; o apoio diplomático americano no combate a iniciativas em fóruns internacionais visando "deslegitimar" Israel; e até mesmo o avião de combate a incêndios que enviou a Israel como ajuda para debelar os terríveis incêndios de matas no norte do país. "Não deixem nenhuma outra pessoa contar uma história diferente. Estivemos lá, e lá continuaremos presentes", disse Obama. "Esses são os fatos".
[A força da comunidade judaica sobre a política americana é algo que, até onde sei, não encontra paralelo em nenhum outro país no mundo. A força da comunidade hispânica nos EUA é completamente distinta, é heterogênea e errática, o oposto da comunidade judaica. Aconselho aos interessados a leitura do livro "The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy", de John J. Mearsheimer & Stephen M. Walt -- Ed.: Farrar, Straus, and Giroux - N. York, 2007.]
Presidente Barack Obama em sua fala na 71ª Assembleia Geral da União para Reforma do Judaísmo no dia 16/12/2011, em National Harbor, Maryland - (Foto: Haraz N. Ghanbari/AP).
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