Os militares da Coreia do Sul foram colocados em estado de alerta, com o temor de que a morte de Kim cause instabilidade no país comunista, que possui armas nucleares. O Conselho Nacional de Segurança sul-coreano se reuniu para uma reunião de emergência, segundo informação da agência de notícias Yonhap. Tecnicamente, as duas Coreias permanecem em estado de guerra desde a Guerra da Coreia (1950-1953).
Horas depois do anúncio da morte de Kim, autoridades sul-coreanas informaram que a Coreia do Norte realizou um teste com um míssil de curto alcance que foi lançado em direção ao mar na costa leste do país. Integrantes do governo sul-coreano disseram duvidar que o lançamento do míssil tivesse relação com a notícia da morte de Kim. O Ministério de Defesa da Coreia do Sul não comentou o episódio. O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak, conversou com o presidente Barack Obama pelo telefone. "Os dois líderes concordaram em cooperar e monitorar a situação juntos", disse um porta-voz presidencial da Coreia do Sul.
Já o governo do Japão pediu que suas autoridades militares fiquem vigilantes e se preparem para quaisquer contingências após a morte de Kim Jong-il. O anúncio da morte do norte-coreano fez com que o primeiro ministro japonês, Yoshihiko Noda, cancelasse um discurso já marcado e retornasse a seu gabinete para uma reunião emergencial de ministros.
O correspondente da BBC em Tóquio Roland Buerk afirma que o Japão tem sérias preocupações com o programa nuclear norte-coreano, já que as maiores cidades do país estão potencialmente ao alcance da Coreia do Norte. Em 2009, as forças armadas norte-coreanas dispararam um míssil que passou por cima do território japonês. Além disso, segundo Buerk, os japoneses se mostram preocupados com o futuro de cidadãos do país que foram sequestrados pela Coreia do Norte nos anos 1970 e 1980 para treinar seus espiões. As famílias dos sequestrados temem que a morte de Kim Jong-il atrase ainda mais os esforços para repatriá-los.
O analista da BBC para assuntos de defesa e de diplomacia Jonathan Marcus diz que o afundamento de uma embarcação sul-coreana e o ataque a tiros contra uma ilha pertencente à Coreia do Sul, no ano passado, foram atos interpretados pelo Ocidente como sinais de instabilidade política e um prenúncio de transição em Pyongyang. De acordo com Marcus, o que ocorre na península coreana é importante não somente para as relações entre as duas Coreias, mas também para a dinâmica diplomática mais ampla entre Estados Unidos, que ainda tem cerca de 30 mil soldados na Coreia do Sul, e a China, que ainda é o aliado mais importante da Coreia do Norte. O analista da BBC afirma que a dependência econômica de Pyongyang em relação aos chineses é cada vez maior, com a população norte-coreana frequentemente ficando à beira da fome.
Outra preocupação fica por conta do possível despreparo de Kim Jong-un, filho do líder morto e indicado como seu sucessor. Pouco se sabe sobre ele, que teria nascido em 1983 ou 1984, foi educado na Suíça e era filho da mulher preferida de Kim Jong-il, Ko Yong-hui, morta em 2004. O jovem inicialmente não era apontado como o sucessor de seu pai. Analistas concentravam a atenção no seu meio-irmão Kim Jong-nam e em um outro irmão, Kim Jong-chol, ambos mais velhos que ele. Há especulações de que o "poder por trás do trono" ficaria com Chang Song-taek, marido da irmã de Kim Jong-il e diretor do departamento administrativo do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte. Alguns analistas afirmam que ele poderá ser o "regente" até que Kim Jong-un esteja pronto para governar a Coreia do Norte sozinho.
O governo russo teme que a instabilidade na região afete o extremo leste do país. O correspondente da BBC em Moscou Steve Rosenberg afirma que o Kremlin tem interesse em aumentar sua influência na região do Pacífico, e se vangloria de ter relações com países como a Coreia do Norte, sobre quem o Ocidente não tem influência. No caso da Coreia do Norte, a Rússia mantém a estratégia de fazer grandes investimentos, como a construção de um gasoduto que atravessa a península coreana, além da realização de projetos de ferrovias e de eletricidade.
Kim Jong-il (esq.) deve ser sucedido por seu filho Kim Jong-un (dir.) - (Foto: Reuters).
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