segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A presidente e suas contradições

Ainda nem completou um ano de governo, e a presidente Dilma Rousseff já mostrou e comprovou que sua bússola de governar tem a mesma perseverança de rumo que uma biruta de campo de aviação, com a diferença de que na biruta do governo é ela, Dilma, que sopra o vento [o que, no entanto, não lhe garante nenhuma constância de rumo]. Seu ídolo indiscutivelmente é Luiz XIV, aquele do "O Estado sou eu" (L'État c'est moi), também conhecido como "Rei Sol".

Seu estilo autoritário só é surpresa para quem nunca a viu, leu ou ouviu por pelo menos dois minutos -- mas, mesmo assim, Dilma teve que engulir um time de ministros capengas que lhe foram empurrados goela adentro por seu criador, tutor e fiscalizador, Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata (NPA).  Isso, certamente, deve ter causado e ainda causa muito derrame de bílis à presidente, o que acaba se refletindo no seu humor já instável.

Dos sete ministros que já caíram, só Nelson Jobim escapou da pecha de corrupto mas sintomaticamente foi defenestrado porque se imiscuiu no território de desafiar a autoridade da chefe, ao dizer gracinhas sobre ministras que ela pessoalmente escolheu. Os seis outros, todos do acervo do NPA (assim como Jobim),  perderam os cargos por excesso de corrupção, e assim mesmo graças à imprensa que não deu tréguas e encurralou o governo.

Agora, chegou a hora da verdade para Dilma Rousseff. Sua profissão de fé contra os "malfeitos" está sendo colocada em xeque. A maré enchente da lama da corrupção começa a chegar com jeito de tsunami à sua praia particular, ao resort de seus eleitos pessoais de sua equipe. A bola da vez no páreo dos corruptos é Fernando Pimentel, petista de carteirinha, ex-prefeito de Belo Horizonte, militante contra a ditadura como Dilma, coordenador de sua campanha eleitoral e por ela indicado para o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Com as mesmíssimas características do caso Palocci, as críticas contra Pimentel se avolumam, ele não se explica convincentemente, o governo procurá-lo blindá-lo contra convocações do Congresso, e Dilma o aconselha a resistir "como ela" -- difícil entender esse "como ela", qual é a mínima semelhança entre a carreira de Dilma e a de Pimentel, à parte o lado guerrilheiro ou da clandestinidade de ambos?

A nação aguarda para ver se a biruta de orientação de Dilma Rousseff no caso Pimentel apontará no mesmo rumo que o dos seis ministros que ela teve que demitir, ou se ela improvisará uma corrente de ar de prioridade e exceção para proteger e salvar seu afilhado político, deixando em todos a nítida impressão de que no fundo sua missão não é realmente combater os malfeitos de seu governo, mas sim resguardar e impor sua autoridade a qualquer preço.

Um comentário:

  1. Isso, Vasco!

    Refletia exatamente sobre isso. Minha duvida é a sua dúvida.

    Aguardemos...
    Abs!
    Gusta

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