A Embraer espera terminar em 2012 a "fase de definição conjunta" (joint definition phase) dos principais sistemas do seu maior projeto de avião, a aeronave de transporte e reabastecimento aéreo KC-390 completando a lista de empresas parceiras e fornecedoras. Trata-se do primeiro projeto multinacional na área de aviação em que uma empresa brasileira é a principal envolvida. A Embraer participou com duas empresas italianas do desenvolvimento do avião de ataque AMX, mas era a parceira menor.
Já passam de 20 os principais parceiros e fornecedores já definidos, nacionais e internacionais. Os últimos a serem anunciados foram duas empresas de Portugal. A Embraer Defesa e Segurança e as empresas OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e EEA (Empresa de Engenharia Aeronáutica) assinaram contratos de parceria, em 14 de dezembro, para o programa KC-390. A EEA projetará componentes que serão fabricados na OGMA, uma subsidiária da Embraer.
Outro importante parceiro europeu é a empresa tcheca Aero Vodochody, que também participa da fase de definição conjunta dos parâmetros do avião e fornecerá uma seção da fuselagem traseira, as portas para tripulação e paraquedistas, além de escotilhas e o bordo de ataque fixo das asas. "O envolvimento desses países é importante para a expansão do KC-390", diz Luiz Varlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança. Os acordos com tchecos e portugueses "abrem as portas para o KC-390 no mercado europeu", diz ele.
O setor de defesa e segurança aumentou sua participação na receita da Embraer de 6% em 2006 para 14% em 2011, segundo Aguiar.
Outro parceiro já definido é a Fábrica Argentina de Aviones (FA de A). Os argentinos fabricarão "spoilers" (superfícies móveis na asa para controle de sustentação), portas do trem de pouso do nariz, porta da rampa, carenagem dos flapes, cone de cauda e armário eletrônico. A Embraer estima que o primeiro KC-390 deverá ser construído em 2013, com o primeiro voo em 2014. Está prevista a produção inicial de 28 aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB), oito para a argentina e dois para a tcheca. "Mas já temos carta de intenção para 60 aeronaves", disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança. Os outros países interessados no avião de transporte são Chile (seis aeronaves), Portugal (seis) e Colômbia (doze).
A Aero Vodochody colabora com a Força Aérea Tcheca há 80 anos; a FA de Argentina também tem uma história antiga, tendo fabricado o avião de ataque leve Pucará, usado na guerra das Falkland/Malvinas em 1982. Como a Colômbia e o Chile já sinalizaram intenção de compra desses aviõers, é provável que indústrias desses países entrem na cadeia produtiva do KC-390.
Em um workshop recente em S. José dos Campos, onde é sediada a Embraer, cerca de 80 empresas brasileiras e a FAB discutiram a integração da indústria nacional na produção do novo avião. Estima-se que o índice de nacionalização da aeronave atinja 60% -- ou 80% se tirado o motor, que o Brasil não fabrica e responde por cerca de um terço do custo total.
O KC-390 é um jato de dois motores, mas foi projetado para substituir o popular quadrimotor turboelice Hercules C-130 americano, um dos mais utilizados no mundo, inclusive pela FAB. A escolha do motor, anunciada em julho passado, foi um dos marcos mais importantes da fase de definição. Foi escolhido um motor robusto e confiável -- mais de 5.500 modelos já foram fabricados e operam em 70 países -- o V2500-E5, do consórcio multinacional International Aero Engines, formado por Pratt&Whitney (EUA), Rolls Royce (Reino Unido), Japanese Aeroengine Corporation (Japão), e MTU Aero Engines (Alemanha).
Concepção do KC-390 - (Imagem: Embraer).
PARCEIROS E FORNECEDORES PARA O PROJETO KC-390
EMPRESA PAÍS EQUIPAMENTO
1.DRS Defense Solutions EUA Sistema de manuseio e lançamento de
carga
2.ELEB Brasil Sistemas de trem de pouso
3.FA de A Argentina Spoilers, portas do trem de pouso
do nariz, porta da rampa, carenagem
dos flapes, cone de cauda e armário
eletrônico
4.Aero Vodochody Rep. Tcheca Aeroestruturas (ver texto da
reportagem)
5.Liebherr-Aerospace França Sistemas de controle ambiental e
pressão da cabine
6.Esterline Control Systems EUA Sistema de automanete
7.Messier-Bugatti Dowty França Sistemas de rodas, freios, retração e
extensão do trem de pouso, e conjunto
hidráulico do controle direcional em
solo
8.International Aero Engines (ver texto da reportagem) Motores
9.BAE Systems Reino Unido Hardware, software embarcado,
projeto de sistemas e suporte à
integração para comandos de voos
10.Goodrich Corp. EUA Atuadores eletro-hidrostáticos,
atuadores hidrostáticos com reserva
elétrica, eletrônica dos atuadores e
controles elétricos para o sistema
primário de comandos de voo
11.Rockwell Collins EUA Sistema de aviônicos
12.Cobham Reino Unido Pods de reabastecimento em voo
13.AEL Sistemas Brasil Computador de missão
14.Selex Galileo Itália Sistema de radar de missão
15.Hispano-Suiza França Sistema emergencial de geração de
energia
16.AEL Sistemas Brasil Sistemas de autoproteção; de
de contramedidas direcionais
infravermelho; e de orientação do
piloto
17.LMI Aerospace EUA Projeto e montagem dos slats (parte
da asa
18.Fischer+Entwicklungen Alemanha Assentos dos pilotos e do mestre de
carga
19.Survitec Group Irlanda Bote salva-vidas
20.OGMA Portugal Fabricação de componentes metálicos
e/ou de materiais compósitos
21.EEA Portugal Projeto de engenharia de componentes
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