O Rio publicou ontem, em página inteira, a reportagem
"Prefeitura do Rio suspende apoio de R$ 8 milhões à Orquestra Sinfônica Brasileira". Do texto constava: "A prefeitura do Rio acaba de suspender, por tempo indeterminado, a
parceria que tinha há 20 anos com a fundação que administra o conjunto.
Isso significa que a OSB perderá 20% de seu orçamento anual: R$ 8
milhões dos cerca de R$ 40 milhões de que dispõe anualmente". (...) "
A decisão da prefeitura de suspender a parceria com a Fundação Orquestra
Sinfônica Brasileira (FOSB) foi comunicada à sua diretoria por meio de
uma carta. Com data de 18 de março, ela leva a assinatura do prefeito
Eduardo Paes. No texto, ele explica que não manterá o apoio porque a
prefeitura precisa fazer um grande aporte de verba na preparação da
cidade para os eventos esportivos dos próximos anos".
Antes de entrar mais fundo nesse episódio, vamos fazer um
flashback na área de entretenimento da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e focalizar o dia 07 de fevereiro de 2011. Um incêndio na Cidade do Samba destruiu 4 barracões, com grandes prejuízos para as escolas Grande Rio, União da Ilha e Portela -- total do prejuízo: R$ 8 milhões. No dia seguinte, 08/2/2011, o prefeito
Eduardo Paes prometeu uma ajuda de R$ 3 milhões para as 3 escolas atingidas. Como a coisa começou a cheirar mal, no outro dia (09/2/2011) ele
anunciou que esse dinheiro não sairia dos cofres públicos e sim da iniciativa privada. Duvido que alguém tenha checado de onde efetivamente saiu esse dinheiro (será que a Delta entrou também nessa?). Detalhe importante: a Liesa - Liga das Escolas de Samba é feudo vitalício dos bicheiros, senhores do jogo do bicho e de importantes currais de votos no município e no estado do Rio.
Fechado o
flashback, voltemos para o corte de verba de R$ 8 milhões aplicado pelo mesmo Sr. Paes à OSB. A receita
realizada da prefeitura do Rio em 2011
foi de R$ 17.820.565.795,00. A
despesa prevista em 2012 para a Secretaria de Cultura foi de R$ 168.071.506,00. A
receita total da prefeitura para 2013 está estimada em R$ 23.512.596.526,00. Qualquer que seja a cifra analisada, os R$ 8 milhões subtraídos pela prefeitura à OSB são ridículos tanto em si mesmos, quanto em termos comparativos. O que se observa, nua e cruamente, é que o prefeito Eduardo Paes é um bronco, um parvo e um míope, culturalmente falando. Como a OSB não desfila em sambódromo, e não tem bicheiro para apadrinhá-la, ela que se dane -- e a educação cultural do carioca junto com ela. O prefeito Paes se delicia mesmo é com o som dos bate-estacas -- ele deve ficar em êxtase, entrar em estado alfa quando visita o canteiro de obras do Porto Maravilha. Música clássica para ele é aberração e frescura, portanto dispensável. O máximo que admitiu foi "estudar a possibilidade de não aportar recursos diretamente, mas de
permitir que a OSB use espaços públicos, como a Cidade das Artes, sem pagar aluguel" -- os músicos merecem mais ou menos a atenção dada a um bando de mendigos.
Além da estupidez do prefeito, o espantoso foi hoje o absoluto silêncio dos cariocas sobre a agressão financeira à OSB. A seção de cartas do leitor do Globo de hoje não contém uma carta sequer sobre o assunto -- mandei ontem uma ao jornal que obviamente não foi publicada, porque o tema não deu ibope entre os leitores. Se os R$ 8 milhões fossem tirados de uma instituição pró-gays, do Cordão do Bola Preta, ou de uma sociedade protetora de animais qualquer, o Sr. Paes não conseguiria sair de casa e seria caçado em praça pública. Música clássica não merece esse esforço, poxa!
Não sei porque, mas enquanto escrevia esta postagem lembrei-me do coração de manteiga do governo do Estado do Rio que, em 2009, mandou fazer um viaduto de R$ 18 milhões em Seropédica, no Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, para proteger o habitat de uma perereca rara de 2 cm de comprimento, a Physalaemus soaresi. Ou seja, no nosso estado é mais garantido criar perereca do que organizar e manter uma orquestra sinfônica. Estamos ferrados. Também, quem mandou eleger Paes e Cabral?!
O Dudu Maluco continua com as suas pirâmides porque o carioca quer as suas obras, e deixou isso bem claro no primeiro turno. Isso... Dudu! Faça tudo o que quiser aqui no Rio, rumo aos seus planos de voar bem mais alto na política sórdida que nos acomete. Em você eu não voto nem para síndico de pardieiro.
ResponderExcluirNum ato de demência quase precoce, deixei de lado importante pedido: Dudu... largue a política e vá brincar de Banco Imobiliário!
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