No gráfico abaixo, vê-se que a Taxa de Poupança Bruta do país sofreu uma forte queda no terceiro trimestre de 2008 para o mesmo período de 2009 (de 20,7 para 17,1% do PIB), e a partir de então vem num forte viés de baixa.
Taxa de Investimento e Taxa de Poupança Bruta, em % do PIB, ambas em queda (clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte: IBGE).
Taxa de poupança bruta brasileira, em porcentagem do PIB, de 1967 a 2012 (clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte: Indicadores do Banco Mundial. Trading Economics).
O segundo gráfico acima confirma essa tendência acentuada de queda da nossa poupança bruta a partir de 1989, mas sinaliza também que esse viés vem se manifestando desde a década de 1960. Para comparação, e nos deixar com inveja, vejam abaixo a taxa de poupança bruta da China (nossa companheira no Brics) no mesmo período (1967 a 2012) -- vendo esse gráfico fica mais fácil entender porque a China tem crescido muitíssimo mais que o Brasil:
Taxa de poupança bruta da China, de 1967 a 2012 (clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte: Indicadores do Banco Mundial. Trading Economics).
O governo brasileiro parece ser incapaz de reconhecer que uma expansão
econômica totalmente baseada no consumo, sem investimentos, é uma medida que pode funcionar apenas no curto prazo. Para crescer no longe prazo,
é necessário haver acumulação de capital, e a acumulação de capital
requer investimentos, que, em sua vez, necessita de poupança. Crescimento econômico requer acumulação de capital, que por sua vez
requer investimentos, sendo que investimentos requerem poupança. Mesmo a
inovação e o aumento da qualidade do capital humano precisam de
poupança. A baixa taxa de poupança do Brasil não é um fenômeno recente,
mas sim uma característica típica da economia brasileira. Ao passo que
países emergentes que estão decolando em termos de desenvolvimento
econômico apresentam taxas de poupança e de investimentos na faixa de 30
% e 40 % do PIB, como a China, a taxa de poupança brasileira
esta abaixo de 20 %.
Voltemos ao drama de inadimplência crescente das famílias brasileiras. Como mostra a Folha de S. Paulo hoje, a parcela de famílias brasileiras endividadas aumentou em abril. O mesmo
aconteceu com a inadimplência, de acordo com a Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em ambos os casos, as famílias com renda de até dez salários mínimos mensais lideram a alta.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic),
divulgada nesta quinta-feira pela CNC, mostrou que o percentual de
famílias que declaravam ter algum tipo de dívida passou de 61,2% em
março para 62,9% neste mês. No mesmo período do ano passado, 56,8%
estavam endividadas.
Há ainda outro indicador que preocupa. Segundo a pesquisa, 20,8% dos endividados têm mais da metade da renda comprometida com dívidas. Esse número está acima da média (19,2%), mas próximo do registrado em abril de 2012 (21%). Segundo a economista Marianne Hanson (professora assistente da Universidade de Queensland, Austrália), citada por Miriam Leitão em seu blogue hoje, o número de endividados vem aumentando desde o segundo semestre do ano passado, devido aos estímulos ao crédito e à compra de bens duráveis, como veículos. Vejam o gráfico abaixo (clique na imagem para ampliá-la), da Confederação Nacional do Comércio:
O final dessa história não é difícil de adivinhar -- a capacidade de endividamento dessas famílias vai estourar e, acrescentando a isso a alta da inflação, o consumo vai cair ou, no melhor das hipóteses, estagnar. Ou seja, o mercado interno vai reduzir sua capacidade de absorver nossa produção industrial, particularmente quanto a bens duráveis. Para piorar o quadro macroeconômico, a indústria brasileira de transformação já informou que seu investimento em 2013 será 9,5% menor que em 2012.
Nossa pauta de exportação depende fortemente das commodities (clique na imagem para ampliá-la):
Os principais mercados de destino das exportações brasileiras, em 2012,
foram China (US$ 41,2 bilhões), Estados Unidos (US$ 26,8 bilhões),
Argentina (US$ 18 bilhões), Países Baixos (US$ 15 bilhões) e Japão (US$ 8
bilhões). Sobre os produtos brasileiros exportados, alcançaram recordes de vendas
no ano: farelo de soja (US$ 6,595 bilhões), milho (US$ 5,359 bilhões),
óleos combustíveis (US$ 5,038 bilhões), algodão em bruto (US$ 2,104
bilhões), bombas e compressores (US$ 1,778 bilhões) e ônibus (US$ 295
milhões).
O resultado da balança comercial do agronegócio, em 2012, também foi influenciado pela demanda da China, principal destino dos produtos agropecuários
brasileiros. O país asiático absorveu 18,8% das exportações do setor no
ano passado, quando os embarques para todos os mercados renderam US$
95,8 bilhões, crescimento de 1% na comparação com 2011. O problema é que a economia chinesa mostra sinais de desaceleração -- a recuperação econômica da China desacelerou inesperadamente nos três
primeiros meses de 2013, com a fraqueza na produção industrial e em
gastos em investimentos, forçando analistas a dar início a reduções nas
expectativas para a expansão no ano apesar da insistência oficial de que
o cenário é favorável.
Temos nuvens nada simpáticas no horizonte da economia brasileira, fruto da política errada da nossa doce Dona Dilma. Somando a isso a disposição da nossa terna ex-guerrilheira de reeleger-se a qualquer preço em 2014, é bom tirar o cavalo da chuva e botar as barbas de molho.
Mais um problema aritmético de um povo que, aparentemente, escolheu com categoria um governo que bem o representa: ambos gastam a rodo. Digo isso porque a questão fica remetida a antigo dilema; entre quem peca (vou consumir) e quem tenta (consumam, meu povo!), qual é o pior?
ResponderExcluirA grande diferença é que o inadimplente (povo) cedo ou tarde pagará suas contas, e por bem ou por mal. Já o governo perdulário e incompetente na sua aritmética financeira, dentre outras, logo e bem logo, virá fazer caixa com uma população inadimplente. Aí a vaca vai expelir muco, enquanto contempla a queda do pibão. Em tempo: falta ainda criar um quadragésimo ministério, sugestivo número cabalístico, do folclore árabe.