sexta-feira, 5 de abril de 2013

Império de Eike Batista ameaça esfarelar-se -- e isso pode acabar nos pegando pelo bolso, via BNDES

[Está cada vez mais com jeito de miragem a figura de empresário vitorioso  atribuída a Eike Batista, tido e havido até muito recentemente como uma espécie de rei Midas do mundo dos negócios. Seu império dá fortes sinais de um começo de desmoronamento, com perdas expressivas e sucessivas das empresas "X" nos balanços e na bolsa. Vejamos a reportagem de ontem (04/3) do site Exame.com.]

As ações ordinárias da OGX, petroleira do empresário Eike Batista, tiveram nesta quinta-feira o seu pior momento desde o ingresso da empresa na BM&FBovespa, em 2008. Na mínima histórica, a cotação do papel - que já chegou a alcançar R$ 23,00 em outubro de 2010 - foi de R$ 1,95. O tombo da OGX foi acompanhado por outras empresas do grupo: a MMX teve queda de 7,32% e a LLX, de 4,29%. A crise que se abateu sobre a petroleira de Eike é acompanhada com preocupação pelo governo que, segundo fontes do Planalto, considera "ruim" a disseminação para outras empresas do grupo. Mas, não há intenção de uma operação de salvamento que envolva o governo.

A negociação dos papéis da OGX chegou a ser suspensa durante o pregão e, mesmo retornando às negociações, a ação fechou o dia com deslize de 10,81%, sendo negociada a R$ 1,95, e renovando a mínima de R$ 2,22 da quarta-feira (03). A empresa, que vinha sofrendo uma crise de credibilidade, teve sua atuação no mercado ainda mais debilitada depois do rebaixamento decretado na noite passada pela agência de risco Standard & Poor's.

O retrato da OGX na Bolsa hoje difere bastante daquele do seu ingresso no mercado, quando a demanda pelos papéis superou em dez vezes a oferta, diante da grande expectativa dos investidores com as promessas de sucesso de Eike. Na época, a captação de R$ 6,7 bilhões em oferta pública de ações foi a maior já feita no Brasil. Passados cinco anos, o mercado castiga os papéis por motivo oposto: a frustração com estimativas de produção não confirmadas desencadeou um ceticismo generalizado com relação à capacidade de Eike de captar recursos necessários à continuidade da operação.

A desvalorização das ações da OGX vem ocorrendo desde junho do ano passado, data em que a empresa anunciou resultados para o campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, bastante inferiores às estimativas. A primeira grande desvalorização aconteceu em junho daquele ano, quando a empresa ajustou de 50 mil para 5 mil barris por dia a vazão dos dois primeiros poços na área.  Na noite passada, houve o rebaixamento da nota de crédito pela Standard & Poor's, de B para B-. E, nesta quinta-feira, a pá de cal veio com a notícia divulgada pela colunista Dora Kramer, de O Estado de S.Paulo, de que o governo não está disposto a ceder aos apelos de Eike por um socorro financeiro.

 Eike Batista, versão 2013 -- crise que se abateu sobre a petroleira do empresário é acompanhada com preocupação pelo governo que, segundo fontes do Planalto, considera "ruim" a disseminação para outras empresas do grupo - (Foto: Veja São Paulo).

[Infelizmente, mais uma vez , não bastassem os problemas diários que o governo lhe causa 24 h por dia -- mesmo dormindo somos ferrados pela gananciosa máquina governamental --, o contribuinte brasileiro pode acabar pagando parte da conta se o império do "X" for p'ro brejo. Isso porque o BNDES andou abrindo demais seus cofres para Eike Batista no ano passado -- no espaço de apenas um ano e meio, o número de empresas de Eike tendo o BNDES como sócio pulou de uma para cinco, segundo reportagem do site Exame.com de 3/10/2012.

Eike Batista, versão 2012 -- cada vez mais apoio do BNDES às suas empresas - (Foto: Fernando Cavalcanti/Exame).

Os investimentos do BNDES no Grupo EBX foram feitos por meio do BNDESPar, o braço do banco para participações em empresas, seja por meio da compra de ações ou de papéis de dívida, como debêntures – muitas vezes, conversíveis em ações. Segundo o relatório trimestral do BNDESPar, em junho do ano passado [2011], apenas uma empresa de Eike contava com o banco como sócio – a MPX Energia. Em março, a lista cresceu para três. Já no relatório de junho, cinco companhia da EBX eram apoiadas pelo BNDESPar. É evidente que o BNDES não fechou essas parcerias com Eike contra a vontade de nossa supersimpática Dona Dilma.

Veja, a seguir, que empresas de Eike Batista têm o BNDES como sócio, com base no relatório do BNDESPar de junho:

CCX

A empresa criada por Eike para explorar carvão mineral na Colômbia entrou para a lista de participações acionárias do BNDES no relatório de junho. O banco detém 11,72% das ações ordinárias da companhia. Como o valor da CCX em bolsa é de cerca de 587 milhões de reais, a fatia do BNDESPar na empresa equivale a aproximadamente 69 milhões de reais [números de outubro de 2012].

MMX

A mineradora do Grupo EBX encerrou junho com 1,03% de suas ações ordinárias em poder do BNDES. Isso assinala um aumento da posição do banco no quadro de acionistas da MMX. Em março, o BNDES detinha 0,90% das ordinárias. A MMX tem valor de bolsa de aproximadamente 3 bilhões de reais [em outubro de 2012]. Com isso, o valor das ações em poder do BNDES seria, hoje, de cerca de 31 milhões de reais [números de outubro de 2012].

MPX

O braço de energia do Grupo EBX é outro exemplo de aumento de participação societária do BNDESPar nos últimos tempos. Em junho, segundo o relatório, o banco detinha 11,72% das ações ordinárias da companhia. Em março, essa fatia era bem menor: 2,60% - a mesma participação registrada em junho do ano passado. Com a MPX cotada em bolsa em aproximadamente 7 bilhões de reais, o BNDESPar deteria, portanto, o equivalente a 385 milhões de reais na companhia [números de outubro de 2012].

OGX

A principal empresa de Eike, a petroleira também conta com uma participação do BNDESPar. Em junho, o banco detinha 0,26% das ações ordinárias da OGX. Ainda que pequena, essa fatia é maior que os 0,19% registrados pelo BNDES no relatório de março. Como a OGX é avaliada pelo mercado em 19 bilhões de reais, o pedaço do BNDES na empresa equivale a 49,5 milhões de reais [números de outubro de 2012]. Com o derretimento do preços das suas ações ontem, a OGX passou a valer uma merreca -- nessa, o BNDES já entrou pelo cano, carregando-nos a tiracolo.

SIX

A fábrica de chips que Eike pretende construir em Minas Gerais é a que conta, atualmente, com a maior participação acionária do BNDES: 40,67% das ações ordinárias e 33% do capital total pertencem ao banco, via BNDESPar. Assim como a CCX, a SIX estreou na lista de investimentos do BNDES no relatório de junho. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a operação correspondeu a um investimento de 245 milhões de reais do banco [números de outubro de 2012].

Um comentário:

  1. Eis um país pródigo em fenômenos. Não só NPAs ele produz. Há também esse caso insólito onde o elemento pula de Sr Luma de Oliveira para MEGA empresário que conta com substancial apoio do BNDES e suas ramificações (ou bandas podres). Não sei bem QUEM esse elemento que se diz ecológico (Porto de Açu) vem enganando, mas vejo com alegria que a sua prole de idiotas nem terá tempo de arruiná-lo. Para os bancos escolares... súcia!

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