A Casa Branca questiona o governo brasileiro por estar considerando
repetir práticas "discriminatórias" no leilão em 2014 para a faixa de
700 MHz, e exigir que empresas cumpram critérios de produção nacional
para poder ser consideradas pela Anatel no processo.
O questionamento faz parte de informe da Casa Branca sobre a situação do
mercado de telecomunicações no mundo, no qual Washington aponta o
Brasil como um país que está adotando medidas protecionistas.
A preocupação da mais alta esfera política nos EUA não ocorre por acaso.
Na avaliação dos americanos, o leilão de 2014 poderá arrecadar 20 vezes
mais que o leilão do 4G já realizado em 2012, e será uma das prioridades
mundiais das empresas americanas. A faixa será usada para serviços de banda larga e o próprio governo
americano já indica que o interesse das empresas dos EUA será superior
ao do leilão das faixas de 450 MHz e 2.5 GHz, usadas para 4G. "A faixa
700 MHz é considerada muito mais atrativa para a indústria americana
porque o mercado tanto para serviços quanto para equipamentos para essa
banda é muito maior que para as faixas licenciadas em 2012", diz o
informe.
Segundo a Casa Branca, os leilões do 4G no Brasil arrecadaram US$ 2,9
bilhões. "Já o leilão da faixa de 700 MHz poderá trazer cerca de US$ 40
bilhões", indicou. "Ainda que não tenha ocorrido um anúncio formal
ainda, existe a preocupação de que o Brasil vai tentar incluir uma mesma
exigência de conteúdo nacional para empresas que queiram fazer suas
ofertas para a faixa de 700 MHz".
Em 2012, o governo americano atacou o Brasil por exigir que empresas
apresentassem propostas com compromisso de produzir peças e tecnologia
no País, além de software e sistemas de rede. Segundo os americanos, a
Anatel exigiu que o operador garantisse que a tecnologia instalada nos
próximos dez anos tivesse 70% de peças nacionais. "Além dos efeitos discriminatórios dessa política, existe a
possibilidade de que essas exigências tenham deprimido os preços obtidos
pelo Brasil no leilão", indicou. "O Escritório de Comércio dos EUA já
levantou essa preocupação com o Brasil, tanto de forma bilateral quanto
na OMC".
Protecionismo. As críticas americanas fazem parte de
uma ofensiva de Washington à política comercial brasileira. No início
desta semana, outro informe da Casa Branca atacou as barreiras
brasileiras no setor do petróleo, denunciou uma explosão dos subsídios à
agricultura, a proteção ao setor de tecnologia e a manipulação de
tarifas de importação. Durante décadas, o Brasil tem acusado os EUA de subsidiar de forma
desleal sua agricultura, afetando as exportações nacionais. Agora, é a
vez de os americanos apontarem o dedo para o País. De R$ 156 bilhões em
financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) à economia brasileira em 2012, R$ 18 bilhões teriam ido para a
agricultura, 74% mais do que em 2011.
A administração de Barack Obama fez uma ampla acusação ao Brasil por
práticas protecionistas, além de usar impostos e taxas de juros para
"proteger as indústrias domésticas e administrar preços". Com a crise nos países ricos, as empresas americanas não escondem que
sua estratégia é buscar negócios nos mercados emergentes. Mas a
constatação é que as condições para entrar no mercado brasileiro são
cada vez mais restritas. Segundo a Casa Branca, desde 2010 o Brasil vem
adotando leis que dão "preferência a empresas que produzem no País". [E daí? Esses americanos são uns humoristas. E o "Buy American" deles, como é que funciona? No caso deles é patriotismo, no nosso é protecionismo?!...]
Amigo VASCO:
ResponderExcluirEssa luta tecnológica começa lá pelo final dos anos 70, quando havia um protecionismo bastante exacerbado de defesa do chamado conteúdo nacional naquilo que se adquiria.
A área de eletrônica/telecomunicações sofreu muito com as políticas praticadas principalmente pela SEI - Secretaria Especial de Informática - que mantinha rígido controle sobre a importação de partes/peças/componentes necessários à manutenção e produção de produtos nacionais. Nessa época surge o tal PERCENTUAL de conteúdo nacional, sem que fosse especificado onde se aplicaria esse percentual, se em PESO, se em partes/peças que já produzíamos, ou em PREÇO/VALOR dessas partes.
Não tem segredo: nós não produzimos os componentes/software que esses novos equipamentos incorporam. E isso se deve unicamente a um fator: somos capazes de produzi-los, sem dúvidas, mas não temos ESCALA de produção que nos permita ter produtos competitivos.
Não tem saída: ou compramos deles ou ficamos sem os benefícios dessa tecnologia.
Abraços - LEVY