A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ajudou a sustentar as vendas da indústria automobilística em 2012, levou milhares de consumidores às revendas, mas pouco contribuiu para deixar os carros mais baratos. Levantamento da consultoria Oikonomia, especializada no mercado automotivo, revela que o preço médio dos carros subiu 10% entre 2009 e 2011. Em 2012, mesmo com o corte de até sete pontos percentuais no IPI, os preços recuaram só 1,5%. E, entre dezembro e fevereiro, houve altas de até 3,5%. [Eis aí governo e consumidor feitos de otários pela indústria automobilística.]
"A indústria aumentou continuamente os preços dos carros entre 2009 e 2011, ao ponto de os preços derrubarem as vendas. E, então, se cortou o IPI. Os preços até caíram em 2012, mas pouco. O crédito mais farto, barato e com prazos maiores é que faria a diferença", diz Raphael Galante, da Oikonomia.
Considerando os preços médios dos modelos de uma mesma marca nos últimos meses, a consultoria identificou altas expressivas: o preço médio dos modelos da Volkswagen vendidos em fevereiro chegou a R$ 39.075, 3,3% a mais que em dezembro. No caso da General Motors, o preço passou de R$ 40.928 para R$ 42.362, salto de 3,5%.
Mesmo com a prorrogação do IPI e o mercado esboçando uma reação em março -- quando foram licenciados 268,3 mil automóveis e comerciais leves, 20,6% mais que em fevereiro, segundo dados divulgados ontem pela Fenabrave, que reúne as concessionárias --, especialistas e dirigentes do setor reconhecem que o efeito do IPI mais baixo nas vendas é positivo, mas baixo.
Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, aplaudiu a medida e disse que permitirá avanço de 3% nas vendas este ano. Mesmo com as vendas acumuladas do primeiro trimestre 2% acimadas de igual período de 2012, apesar do IPI menor, a Anfavea, que reúne as montadoras, aposta num crescimento de até 4,5%. Para Cledorvino Belini, presidente da entidade, se a alíquota do IPI não fosse mantida, dificilmente a meta seria atingida [em outras palavras, o governo precisa manter o IPI baixo para a indústria vender o que programa, danem-se os outros parâmetros como margem de lucro, segurança dos veículos, etc].
Para o presidente do Sindipeças (entidade que reúne os fabricantes de autopeças), Paulo Butori, o imposto menor trará "um leve aumento" nas vendas, pois ainda há muita restrição ao crédito no setor. Prazos mais longos e entradas menores, porém, virão somente à medida que o calote (em 6%) diminuir, observa Vadner Papa, da Consult Motors.
O publicitário Ricardo Nascimento Lopes, que pesquisava preços ontem em uma revenda da Renault em São Paulo, acredita que as montadoras são pouco transparentes no repasse do IPI menor. "Para as montadoras, que precisam vender mais, é vantajoso. Para nós, consumidores, não sabemos se o desconto é do mesmo tamanho da redução do imposto". [Traduzindo em miúdos, o nível de transparência da indústria automobilística é baixíssimo e o governo, apesar de premiá-la regiamente com a redução do IPI, nada lhe cobra em contrapartida.
A figura abaixo, tirada do site da Oikonomia Consultoria Automotiva, mostra o crescimento médio em vendas da indústria automotiva marca a marca no primeiro semestre dos últimos seis anos (clique na imagem para ampliá-la):
Crescimento médio em vendas da indústria automobilística brasileira, por marca, no primeiro semestre dos últimos seis anos - (Fonte: Oikonomia Consultoria Automotiva).
A análise da Oikonomia mostra que, ao
verificarmos as vendas dos últimos seis anos, nota-se que o mercado
automotivo vem apresentando crescimento médio de 8,1% [um senhor crescimento!]. As montadoras
veteranas possuem crescimento médio de 5%, mostrando que as demais
marcas ganharam share, ao longo deste tempo, principalmente em cima
delas. A Peugeot, é a única marca que registra queda média em suas
vendas de 1,1%.]
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