quarta-feira, 7 de setembro de 2011

BBVA e Santander, entre os bancos europeus que melhor blindam suas receitas na crise

Em mais de uma postagem, tenho manifestado preocupação com a situação do Santander na presente crise que aflige a Europa e, particularmente, a Espanha, por causa da forte presença desse banco espanhol no Brasil principalmente depois que adquiriu o Banco Real.

A recuperação do setor bancário europeu estancou, como resultado da crise (da dívida) soberana que afeta a zona do euro e da consequente desconfiança que voltou a dificultar o acesso aos mercados de financiamento, bloqueando a recuperação do crédito, em um círculo vicioso difícil de romper. Esta é a conclusão de um relatório em que os analistas da Standard & Poor's (S&P) examinam a situação das principais instituições financeiras europeias qualificadas/classificadas por ela. De cinquenta bancos analisados, os dois grandes espanhóis, o Santander e o BBVA, ocupam respectivamente o nono e o undécimo lugar entre os que melhor têm sabido se proteger em um momento de crise. O ranking mede que parte das receitas operacionais das entidades chega finalmente à receita bruta, não é perdida para cobrir ativos deteriorados.

"A capacidade financeira dos bancos europeus para se autoadministrarem em um ambiente de mercados difícil difere muito entre as diferentes entidades. Alguns grupos possuem uma capacidade importante para absorver a deterioração de seus resultados, enquanto outros têm um 'colchãog mais limitado, e muitos estão ainda lutando para cobrir as perdas do período da crise", afirma a agência. 

A S&P destaca que entre os bancos com mais "colchão" estão sobretudo os bancos nórdicos como o Svenska Handelsbanken, e o DnB NOR ou Nordea Bank, além das entidades com forte presença em países em via de desenvolvimento (ela cita o Standard Chartered, o HSBC, e o Santander). Ela inclui também as caixas de poupança e as cooperativas dos países menos golpeados pela crise da dívida, como Alemanha, França e Holanda.

Principais riscos - Segundo Scott Bugie, o analista da S&P que assina o relatório da agência, a recuperação do sistema bancário dependerá de três fatores: "a volta à normalidade no mercado da dívida soberana, a melhora da confiança nos mercados de financiamento atacadista, e a capacidade da Europa em evitar uma segunda recessão".

Em 2010 e na primeira metade de 2011, os bancos europeus melhoraram seus resultados com relação ao pior momento da crise financeira, graças sobretudo à redução das provisões para deterioração do crédito e à melhora dos resultados na banca de investimentos. Ainda assim, a partir do segundo trimestre deste ano, a situação dos mercados voltou a tirar fôlego da atividade de investimento, gerando assim uma baixa para as contas dos bancos.

Além disso, a S&P adverte que, se finalmente a Europa cair em uma segunda recessão, os níveis de calote voltarão a subir até atingir valores superiores aos que alcançaram na crise financeira, já que muitos clientes que recorreram a refinanciamentos não poderão honrar seus compromissos. Nesse cenário, a S&P tem em perspectiva negativa mais da metade dos bancos ranqueados entre os 50 principais bancos europeus classificados por ela. "As perspectivas para os bancos europeus continuam fracas para o resto de 2011 e para 2012, apesar da melhora de seus perfis financeiros". E, apesar da melhora de solvência registrada pela maioria das instituições, será necessário melhorar a capital ratio [relação percentual entre o capital de um banco e o que ele empresta, uma medida importante para avaliar se ele é passível de falir] delas, para aumentar a confiança dos investidores.



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