terça-feira, 31 de maio de 2011

Governo americano se adapta à nova Tecnologia da Informação

Artigo interessante no The Washington Post de hoje mostra como o avanço vertiginoso da Tecnologia da Informação (TI) atinge o dia a dia do governo americano.

Em algum lugar dos EUa, talvez neste exato momento, um suspeito pode estar sob vigilância por vídeo. Está sendo vigiado em cada movimento, em cada passo, mas não em uma pequena TV -- isto é 2009. Em vez disso, um agente especial do Birô de Álcool, Fumo, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, em inglês) faz seu trabalho com um iPad. Isto não é um filme, é o governo federal 2.0, no qual a atualização de tecnologia não mais é feita a passos lentos. Até mesmo Obama, um devoto do Blackberry, já fez seu upgrade -- ele agora tem um iPad e é visto com ele p'ra cima e p'ra baixo.

Os vistosos produtos de consumo adotados nas empresas privadas -- substituindo Blackberrys por iPhones, Microsoft Outlook por Gmail, e ultimamente laptops por iPads -- estão agora invadindo o governo federal (o Departamento de Estado, o Exército, a NASA, etc). A Administração de Serviços Gerais está processando a transferência de 17.000 funcionários para o Gmail. Os interesses envolvidos são enormes. As mudanças podem prejudicar empresas há longo tempo ligadas à cultura de trabalho de Washington, mas autoridades dizem que essas mudanças farão com que os funcionários fiquem mais produtivos e, ao mesmo tempo, cortarão bilhões dos 80 bilhões de dólares gastos anualmente em tecnologia de informação.

"A demanda que vemos agora nos últimos 90 dias tem sido simplesmente extraordinária", disse Tim Hoechst, chefe de tecnologia da Agilex Technologies, que está ajudando as agências federais a integrar produtos da Apple nas equipes de trabalho.

Analistas e autoridades governamentais dizem que a demanda por essas tecnologias vem de duas direções. No topo, diretores de agências e funcionários seniors estão utilizando iPads, telefones Android ou email baseado na web em suas vidas particulares e estão perguntando aos administradores de TI porque não podem usá-los em seu trabalho. Mas o empurrão maior vem dos empregados nas linhas de frente, que veem o valor que essas tecnologias podem agregar ao seu trabalho, dando-lhes mais mobilidade e menos vínculo a um escritório.

"As pessoas têm acesso melhor à TI em suas casas do que em seu trabalho, e isto é particularmente verdadeiro no setor público", diz Vivek Kundra, diretor de informação do governo federal. "Se você olhar para um(a) garoto(a) médio de escola, ele(a) provavelmente tem em sua mochila uma tecnologia melhor do que a maioria de nós nas repartições do governo", acrescenta ele.
Chefe de Seção Paul Vanderplow, do Birô ATF, conecta um monitor a um iPad e observa o vídeo de uma prisão na sede nacional do Birô em Washington (Ricky Carioti/Washington Post).

Telefones celulares são considerados como possíveis agentes cancerígenos em respeitado painel internacional

Ressurgem os comentários sobre os possíveis efeitos cancerígenos dos telefones celulares -- em fevereiro deste ano fiz uma postagem sobre isso. Um respeitado painel de cientistas da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer realizado em Lyon, França, classificou, em comunicação emitida hoje, os telefones celulares como possíveis agentes cancerígenos, colocando-os na mesma categoria que o pesticida DDT, a exaustão de motores a gasolina e o café -- essa classificação foi feita depois de uma revisão de dezenas de trabalhos já publicados sobre o assunto. A referida agência é um braço da Organização Mundial de Saúde (OMS), e sua avaliação seguirá agora para a OMS e para agências nacionais de saúde para uma possível orientação sobre o uso de delulares.

A classificação de agentes como "possivelmente cancerígenos" não significa que eles automaticamente causam câncer, e alguns especialistas dizem que a orientação ou regulamentação não deve alterar os hábitos das pessoas no uso dos celulares. "Qualquer coisa é um possível cancerígeno", disse Donald Berry, um professor de bioestatística no Centro de Câncer M.D. Anderson, da Universidade do Texas, que não esteve envolvido na avaliação do grupo de câncer da OMS. "Isto não é algo que me preocupa, e de nenhum modo irá alterar o uso que faço do celular", disse ele falando de seu celular.

A mesma agência de pesquisa sobre câncer lista as bebidas alcoólicas como conhecidos cancerígenos e o trabalho em turnos noturnos como um provável cancerígeno. O risco de qualquer pessoa em relação ao câncer depende de muitos fatores, desde a sua constituição genética até o montante e a extensão de tempo de exposição ao (possivel ou conhecido) agente.

Depois de um evento de uma semana sobre o tipo de radiação eletromagnética encontrado em telefones celulares, microondas e radar, o painel de especialistas afirmou que havia evidência limitada de que o uso do celular estava ligado a dois tipos de tumores cerebrais e evidência inadequada para gerar conclusões sobre outros tipos de câncer.

"Encontramos alguns vestígios de evidência que nos dizem como  cânceres poderiam ocorrer, mas reconheceu-se a existência de soluções de continuidade e de incertezas", disse Jonathan Samet, da Universidade da Carolina do Sul, que presidiu o painel. "A decisão da OMS significa que há alguma evidência ligando telefones celulares a câncer, mas ela é muito fraca para permitir que daí se tirem fortes conclusões", disse Ed Young, chefe de informação de saúde no (Centro de) Pesquisa de Câncer do Reino Unido. "Se tal vínculo existe,  é improvável que seja dos grandes", acrescenta.

No ano passado, resultados de um grande estudo não encontraram um vínculo claro entre celulares e câncer, mas alguns especialistas que defendem essa vinculação argumentam que o estudo provocou sérias preocupações porque mostrou a sugestão de uma possível conexão entre o uso intensivo do celular e glioma, uma forma rara mas frequentemente fatal de câncer de cérebro. Entretanto, os números nesse subgrupo não foram suficientes para torná-lo um caso a ser estudado. O estudo foi considerado controvertido, porque começou com pessoas que já tinham tido câncer, perguntando-lhes com que frequência haviam usado seus celulares há mais de uma década atrás.

Em cerca de 30 outros estudos realizados na Europa, Nova Zelândia e EUA, pacientes com tumores cerebrais não declararam ter usado seus celulares mais frequentemente do que pessoas sem tais lesões.  Como os celulares são tão populares, pode ser impossível para os especialistas comparar usuários de celulares portadores de tumores cerebrais com pessoas que não usam esse aparelho -- de acordo com uma pesquisa feita no ano passado, é de 5 bilhões o número de assinantes de celulares ao redor do mundo, ou cerca de 75% da população do planeta.

Pelo que se depreende do exposto acima, a conclusão desse painel internacional de especialistas em Lyon é basicamente a mesma dos estudos liderados pela Dra. Nora Volkow, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, em 2009, citados em minha postagem de fevereiro deste ano referida no início da presente postagem: são necessárias mais pesquisas para avaliar efetivamente os efeitos do uso intensivo do celular sobre a saúde de seus usuários.

General egípcio defende "exames de virgindade"

O mundo árabe continua a nos surpreender a cada hora! A última agora vem do Egito, onde um general senior é tido como tendo admitido que mulheres presas em uma demonstração no início deste ano foram submetidas a "exames de virgindade" --  ele disse que isso foi necessário para proteger os soldados de acusações de estupro. "Não queríamos que elas dissessem que as tínhamos agredido sexualmente ou as estuprado, por isso queríamos provar que elas já não eram virgens", disse à CNN esse oficial não identificado -- "nenhuma delas era virgem", finalizou ele.

Oficiais militares egípcios haviam anteriormente negado que soldados haviam feito "exames de virgindade" em mulheres detidas durante um protesto que ocorreu na Praça Tahrir, cerca de um mês depois que Hosni Mubarak deixou o poder. As alegações surgiram inicialmente em um relatório da Anistia Internacional publicado logo após o protesto de 9 de março. Esse documento afirmou ainda que, além dos exames de virgindade, um grupo de mulheres havia sido surrado, examinado nu e ameaçado com denúncia de prostituição.

Outros comentários degradantes do general: "as jovens que detivemos não eram como as filhas de vocês ou as nossas", ele disse à CNN -- "eram garotas que tinham acampado em tendas com manifestantes homens na Praça Tahrir, e nessas tendas encontramos coquetéis Molotov e drogas".

A CNN entrevistou uma das mulheres citadas no relatório da Anistia Internacional, Salwa Hosseini, uma cabeleireira de 20 anos, depois que surgiram as primeiras alegações. "Eles queriam nos dar uma lição, fazer com que  nos sentíssemos como  não tendo dignidade", disse ela.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Lockheed Martin (EUA) sofre ataque de hackers

A gigantesca e estratégica Lockheed Martin, empresa global americana com 133.000 empregados em todo o mundo que fabrica equipamentos aeroespaciais, de defesa e de segurança de alta tecnologia, anunciou no sábado (28/5) que no dia 21/5 foi vítima de um ataque "importante" contra seu sistema computacional -- ela assegura ter repelido esse ataque. Em um comunicado ela afirma que "nenhuma informação pessoal de clientes ou empregados foi afetada", e confirma ter sido um ataque "importante e persistente", mas não deixa entrever se tem suspeitas de onde pode ter partido a agressão.

Esse ataque fez renascer o temor de uma "ciberguerra" contra os EUA pela via informática. Através da Lockheed os hackers podem se apoderar de detalhes importantes do sistema de defesa americano, pois ela produz os mísseis Trident, oa aviões-espiões P-3 Orion, os aviões de combate Raptor F-16 e F-22, e os aviões de transporte militar Hercules C-130. Segundo a mídia americana, a vulnerabilidade da Lockheed estaria ligada a um ataque "extremamente sofisticado" anunciado em março pela empresa de segurança informática RSA, que teria conseguido evitar com sucesso que hackers penetrassem em seus sistemas e recuperar informações que pudessem lhes permitir contornar as defesas de seus clientes. 

Embora,como dito acima, a Lockheed não tenha feito qualquer alusão à possível fonte do ataque que sofreu, há especulações sobre hackers chineses por causa da denúncia do Google de que o ataque que sofreu em janeiro de 2010 partiu da China, e da informação da empresa produtora de antivírus McAfee em fevereiro passado de que vários grupos petrolíferos estavam sob ataques informáticos vindos da China. No ano passado, uma comissão do Congresso americano acusou Pequim de gerar ataques "maciços" contra os sistemas computacionais do país. Em todos esses casos o governo chinês negou categoricamente qualquer envolvimento com essas ocorrências.

A paz no Oriente Médio, na visão do genial cartunista Clay Bennett, do jornal Chattanooga Times Free Press, do Tennessee

domingo, 29 de maio de 2011

Dilma Rousseff e um elefante numa loja de porcelana chinesa: qual a semelhança?

Dona Dilma Rousseff nem completou seis meses de governo e já meteu os pés pelas mãos com sua completa falta de experiência e embocadura para lidar com a política e os políticos, agindo com o cuidado e a sutileza de um elefante solto dentro de uma loja de porcelana chinesa. Na votação do Código Florestal levou uma senhora surra dos deputados de sua chamada "base", que se insurgiram contra sua prepotência, já há senadores também de sua "base" reclamando de desaforos ou grosserias que dela ouviram em reunião fechada, e está perdidona no imbróglio de seu homem-chave Antonio Palocci, a ponto de ter que pedir socorro ao seu ex-chefe, criador e patrono Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata. Quem já participou de reuniões com ela, como eu durante minhas atividades na Eletrobrás, conhece perfeitamente seu autoritarismo e sua absoluta grosseria com aqueles que de alguma maneira a contrariem.

A esse respeito, reproduzo a seguir a íntegra da excelente coluna de hoje (29/5) de Dora Kramer no Estado de S. Paulo.


Política e democracia

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
 
Dilma Rousseff seria a última pessoa autorizada a tratar a atividade política com menosprezo, produto que é da dedicação exclusiva de seu antecessor, mentor e agora também tutor, à política no exercício da Presidência da República. No entanto, a presidente repete neste aspecto Fernando Collor, que assumiu a chefia da Nação, em 1990, com ares imperiais e assim se manteve até que o Congresso lhe mostrasse com quantos paus se faz o equilíbrio entre Poderes.

O distanciamento a que se impõe a atual presidente é o mesmo imposto pelo ex. A motivação objetiva pode até ser diferente, mas há um dado subjetivo que os aproxima: ambos carecem de substância no ramo e chegaram à Presidência por razões alheias a uma trajetória pessoal consistente.

 Ele por uma obra de ficção publicitária muito bem engendrada, ela por unção do então presidente Luiz Inácio da Silva e sua inesgotável capacidade de mirar os fins sem se importar com os meios.

Dilma Rousseff está apenas no começo de seus quatro (ou oito) anos de mandato e já precisou da interferência externa para lidar com a evidência de que a fidelidade de uma base parlamentar ampla e diversificada como a que Lula lhe legou requer manutenção.

Não apenas com verbas e cargos. A coisa não é tão fácil assim. A presidente, seus auxiliares e quase a totalidade do País têm todo o direito de considerar que no Congresso só há vendilhões.


Ocorre que essa, além de ser uma visão distorcida da realidade, desconsidera o fato de que mesmo os vendilhões não necessariamente têm de si essa mesma impressão.

Dilma pode achar que aquela maioria está ali para servi-la ao custo da submissão à majestade detentora do poder de lhes distribuir benesses. Mas os parlamentares também acham que seus votos lhe conferem outros direitos.

Querem acesso ao poder, querem prestígio, querem ser levados em conta. Submetem-se, mas exigem em contrapartida não ser tratados como meros carimbadores das vontades do Palácio do Planalto.

Por mais que o comportamento da maioria leve os menos íntimos com o ofício a concluir que o peso da Presidência, ainda mais quando exercida com distanciamento e uma boa dose de atitude de intimidação, seja o suficiente.

Não é. Há sutilezas envolvidas no jogo bruto do poder. E até por ser violento requer alguma sofisticação estratégica. A isso se pode chamar genericamente de fazer política.

O primeiro dado é levar em consideração o outro. No caso, o Parlamento. O governo da presidente Dilma não o faz quando põe na articulação política um deputado de inépcia reconhecida, sinalizando que para ela a área é um pormenor. 

Concentra poder nas mãos de um só ministro que, por excesso de atribuições e soberba decorrente da posição, não faz a interlocução com o Congresso como deveria.

Ignora a política e acredita que mandando seus líderes transmitirem recados sobre o quanto está irritada com esta ou aquela conduta obterá automaticamente obediência.

Mesmo depois da intervenção de Lula, Dilma não dá mostras de boa vontade em aprender. Defendeu Palocci dizendo que a oposição "faz política" como se fosse atividade menor, quando é na política que se movem as democracias. Em toda e qualquer decisão ela está presente.

Por orientação de Lula, a presidente marcou encontros com parlamentares de sua base, mas já foi logo avisando ao PT que não sabe quando e se haveria novas reuniões.

Na votação do Código Florestal na Câmara supôs que bastasse baixar uma ordem para vê-la cumprida. A ameaça de demitir os ministros do PMDB foi ato de quem não entendeu da missa a metade.

Agora, quando o Senado se prepara para examinar alterações no rito das medidas provisórias simplesmente manda dizer que, com ela, "não tem acordo". 

Como, se a política é a arte de compor interesses? Algo que se aprende fazendo.

A respeito disso, o compositor Gutemberg Guarabyra faz um pertinente resumo: "Um verdadeiro presidente é formado, educado, aperfeiçoado no exercício da atividade política. Lula foi um verdadeiro presidente. FHC idem. Dilma está mais para interventora, delegada para assumir o governo provisoriamente".

Uberaba (MG), a terra dos dinossauros no Brasil

Além de ser a capital do zebu no país, e centro de renome internacional dessa raça -- o zebu é um gado bovino originário da Índia, que inclui diversas raças como o gir, o guzerate (ou guzerá), o sindi, o nelore, etc -- a minha querida cidade natal de Uberaba (MG) é considerada também a capital dos dinossauros, devido aos inúmeros fósseis desses animais encontrados em seu bairro de Peirópolis.

Em janeiro deste ano foi encontrada em Peirópolis, um bairro de Uberaba, uma parte do fêmur do Uberabatitan riberoi, o maior titanossauro do Brasil, e na semana de 27 de maio foi encontrada outra parte do fêmur desse gigantesco animal (que era herbívoro e devia medir 15 m ou mais de comprimento), que se estima tenha vivido há cerca de 70 milhões de anos. "Outras partes do fóssil já foram encontradas no mesmo nível de escavação. Já as fotos que revelam as novas descobertas deverão ser publicadas até terça-feira, dia 31", diz o paleontólogo Luiz Carlos Ribeiro Borges, diretor do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price localizado em Peirópolis. No mesmo local foram encontrados dentes de dinossauro carnívoro, fósseis de tartarugas e outros, o que parece indicar a existência de outro grupo de animais. As escavações começaram em 2005 e aos poucos vêm mostrando resultados positivos.

A réplica do Uberabatitan, que é um dos maiores fósseis já encontrados no mundo (ver fotos abaixo), é resultado de mais de três anos de escavações e 300 toneladas de pedras removidas. "Todo o trabalho, até a montagem da réplica, foi realizado exclusivamente pelo pessoal do nosso Centro Paleontológico. A descoberta consolidou Uberaba como a maior cidade brasileira em pesquisa paleontológica", diz Luiz Carlos. A descoberta do Uberatitan está descrita no volume 51, n˚ 4, págs. 881-901, de julho de 2008 da prestigiosa revista Palaentology, da editora Wiley.
Vista aérea de Peirópolis (foto de divulgação).
Detalhe da reprodução de dinossauro vista na foto aérea acima.
Visão posterior da reprodução de dinossauro vista na foto aérea acima.
Réplica do Uberatitan riberoi, montada e exposta no Centro Paleontológico localizado em Peirópolis, bairro de Uberaba.
Uma reprodução artística do que seria o Uberabatitan riberoi (Jornal de Uberaba).

Meio-irmão de Barack Obama começa a sair do anonimato

O que muito pouca gente, ou quase ninguém, sabia começa lentamente a aparecer na mídia: a existência de Mark Ndesandjo, um meio-irmão de Barack Obama filho do pai deste com uma terceira esposa americana, Ruth Nidesand, que administra o jardim de infância Maduri da alta sociedade de Nairobi (capital do Quênia). Segundo o The Times/The Sunday Times, Obama se refere a ele simplesmente como "irmão"  -- o pai de ambos morreu em um acidente de carro em 1982. Ao contrário de Obama, que vive nas manchetes, Mark (45 anos) leva uma vida mais reclusa em Shenzen (8.912.300 habitantes, em 2009), considerada por muitos a mais cosmopolita das cidades chinesas, onde ensina piano em um orfanato , é casado com uma chinesa de cerca de 20 anos e possui uma empresa na Internet, a Worldnexus Ltd, que ajuda empresas chinesas a exportar para os EUA. Há, no entanto, uma série de controvérsias até sobre a existência real e legal de sua empresa.

Mark Ndesandjo, que fala chinês fluentemente, teve uma educação de ponta nos EUA, graduando-se na Brown University, obtendo mestrado em Física em Stanford e o MBA em Emory. Em suas memórias de 1995, Dreams from my Father (Sonhos de meu pai), Obama traça um retrato desapontador de seu meio-irmão -- relatando um almoço tenso entre eles, Obama menciona que Mark disse: "Em um dado momento decidi não pensar em quem meu pai era. Ele estava morto para mim, mesmo quando ainda vivia. Sabia que ele era um bêbado e que não se preocupava com a mulher e as crianças. Isto basta" -- o pai de Mark e Obama teve oito filhos em quatro casamentos. Perguntado se havia sido corretamente retratado no livro de Obama, Mark não respondeu.

Duas décadas depois desse encontro, a extensa e complexa família de Obama deve receber atenção mais detalhada quando o período eleitoral entrar em seus meses finais, depois das convenções dos partidos Democrata e Republicano. "É estranho que pouco se tenha escrito sobre sua família", disse o colunista Roger Cohen do The New York Times em março passado -- "se for indicado, Obama terá sua família examinada detalhadamente", acrescenta ele.

O site israelense Ynet  diz que "enquanto o presidente dos EUA Barack Obama estava ocupado, orquestrando o assassinato do líder terrorista Osama Bin Laden, seu meio-irmão Mark Ndesandjo se reconectava com suas raízes judías em sua primeira viagem a Israel". A viagem de Mark à Terra Santa foi mantida em segredo, por medo de que ele pudesse ser vítima de tentatriva de vingança pela morte de Bin Laden. Um dos seus principais motivos nessa viagem foi encontrar-se com o Grande Rabino asquenaze de Israel, Yona Metzger, para receber uma bênção e uma carta para sua mãe. Antes do fim da visita, Metzger disse que pediu a Mark para fazer "um grande favor ao povo judeu": tentar convencer Obama a libertar Jonathan Pollard, que cumpre prisão perpétua nos EUA desde que foi preso por espionar para Israel em 1986. Mark aceitou fazer esse esforço.
Mark Ndesandjo, o meio-irmão de Barack Obama (Daily Telegraph).
A esposa de Mark Ndesandjo (News China).
Mark Ndesandjo lecionando piano em um orfanato de Shenzen, China (Thomas Crampton).
Uma visão noturna da cidade chinesa de Shenzen, onde vive o meio-irmão de Barack Obama, Mark Ndesandjo (Wikipedia).
O Grande Rabino asquenaze de Israel, Yona Metzger (Ynet).

Jornal argentino recebe prêmio "Liberdade de Imprensa" da Associação Nacional de Jornais, do Brasil

Justamente no momento em que nunca estiveram tão tensas as relações nossas com a Argentina, a Associação Nacional de Jornais (ANJ), do Brasil, acaba de contribuir conscientemente (e corretamente, a meu ver) para azedar um pouco mais esse ambiente conferindo ontem (27/5) o prêmio "Liberdade de Imprensa" ao jornal argentino Clarín, com sede em Buenos Aires -- acontece que esse jornal vem sofrendo enorme e sistemática pressão do governo de Cristina Kirchner, que tem cerceado por todas as maneiras possíveis sua liberdade de atuar, chegando inclusive a permitir, por omissão (sem nenhuma repressão policial), que piquetes de sindicalistas que apoiam o governo impedissem até a distribuição do jornal.

Em cerimônia solene, realizada no edifício do SupremoTribunal Federal em Brasília, a presidente da ANJ, Judith Brito, entregou o prêmio ao presidente do Grupo Clarín S.A. Héctor Magnetto e ao editor-geral do jornal, Ricardo Kirchbaum -- ela justificou a escolha lembrando que o Clarín simboliza os problemas que a imprensa argentina para exercer sua missão de fazer, da melhor forma, um jornalismo independente, de qualidade e não submisso a governos.

O lugar e a oportunidade da entrega não foram escolhidos por acaso, lembra o Clarín, pois o STF simboliza a "defesa do direito de ser informado"  como "um valor essencial" na construção de uma cultura democrática. O presidente do STF, Cezar Peluso, foi incisivo a esse respeito: "Não se deve subestimar a importância da liberdade de imprensa. Ela é um pilar institucional da democracia, tanto como a separação dos poderes e as eleições livres".

Héctor Magnetto disse que na Argentina, hoje, importam as conexões e influências políticas e jurídicas, “mas a história me ensinou que para fazer democracia é necessário ter justiça independente e imprensa livre, e esse prêmio de hoje tem a ver com esses requisito básico: a liberdade”. O editor-geral Ricardo Kirschbaum lembrou que receber o prêmio lhe deu orgulho, porque a indicação veio de jornalistas que vivenciaram a repressão promovida pelos regimes militares e lutaram pela liberdade de expressão, lembrando-se do Clarín neste momento.
 Héctor Magnetto, presidente do Grupo Clarín, recebe de Judith Brito, presidente da ANJ, e de Felipe Basile, o prêmio "Liberdade de Imprensa" tendo à sua esquerda na foto Ricardo Kirchbaum, editor-geral do jornal (Foto: Eraldo Peres).

sábado, 28 de maio de 2011

Zoológico de Niterói vai fechar, após 15 anos sem registro

Encerrou-se melancolicamente, com o seu fechamento, a briga do zoológico de Niterói (RJ) contra o Ibama. Funcionando há 15 anos sem registro, segundo o Ibama, o zoológico de Niterói, na região metropolitana do Rio, será fechado. Desde outubro, o Ibama está retirando os animais da unidade por determinação judicial. A Justiça determinou a retirada de todos os bichos, após concluir que o zoológico não cumpriu as determinações do Termo de Ajustamento de Conduta, o TAC, firmado com o Ibama em 2004.

Ele previa, entre outros itens, a construção de áreas para abrigar espécies que, para o Ibama, viviam em condições inadequadas. A decisão é contestada pela instituição judicialmente. "Nós cumprimos, sim, mas o Ibama nem sequer veio vistoriar e já saiu levando os animais", diz Giselda Candiotto, presidente da Zoonit (Fundação Zoológico de Niterói).

Pouco mais de cem animais já foram retirados. Entre eles está a leoa Elza, 10, levada ao zoológico de Brasília. Após a partida de Elza, Dengo, 11, seu companheiro há oito anos, entrou em depressão. Perdeu 8 kg desde fevereiro, mês da partida de Elza. "Ele nunca mais comeu direito", disse Giselda. O médico-veterinário Paulo Camacho, superintendente substituto do Ibama, discorda: "Ele não é monogâmico e não tem a percepção de estar ligado à fêmea. Esses valores não existem". Segundo ele, os animais já retirados do zoológico foram para as unidades de Brasília e Volta Redonda (RJ) e para um criadouro no Paraná.
 "Leão Dengo ficou deprimido depois que sua companheira foi embora", diz a presidente do Zoológico de Niterói (contestada pelo Ibama), que foi fechado (Rafael Andrade/Folhapress).

Seca causa sérios problemas na França

Quarenta e dois departamentos ("departamento" é uma divisão administratica do território francês) da França já estão afetados por restrições ao uso de água, segundo avaliação atualizada em 21 deste mês pelo Ministério da Ecologia do país.

A FNSEA (sigla em francês para Federação Nacional dos Sindicatos de Cultivadores Agrícolas), principal órgão sindical agrícola francês, requereu no dia 27 deste mês que o governo preste ajuda aos criadores, primeiras vítimas da seca que assola boa parte do país, descartando de imediato um novo "imposto da seca" como o decretado quando da canícula do verão de 1976. Segundo Xavier Beulin, presidente da Federação, "isto seria contraproducente" -- ele teme pela imagem dos agricultores, porque considera que "esse imposto foi mal compreendido, nos constrangemos com ele regularmente". No verão de 1976, Jacques Chirac, então Primeiro-Ministro, decidiu ajudar os agricultores, reembolsando-os através de um imposto em regime de excepcionalidade. O ministro da Agricultura, Bruno Le Maire, já disse que tal medida está fora de sua alçada, enquanto que a ministra da Ecologia, Nathalie Kosciusko-Morizet, disse no domingo passado considerar ainda "muito cedo" para se pensar nisso.

O presidente da FNSEA insiste na "urgência" de se prover os criadores de recursos financeiros para comprar alimentação para seus animais, carentes de pastagens pela falta de chuvas. A produção de forragem, que se faz agora como provisão para o inverno, caiu entre 50% e 60%, diz Xavier Beulin. "Os criadores não podem esperar até o 16 de outubro para cobrar por antecipação as ajudas europeias, como lhes foi prometido", diz esse líder sindical.
A seca assola boa parte da França (Audrey Garric).
Vista de uma parte seca do leito do rio Allier, perto de Brassac-les-Mines (Auvergne, centro da França) (Thierry Zocollan/AFP).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Voo AF447: a sombra de um erro de pilotagem

Ainda não há um relatório definitivo, conclusivo sobre o que causou a catástrofe do voo da Air France AF447 Rio-Paris, que decolou do Galeão às 22h29 do dia 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo (216 passageiros e 12 tripulantes), mas o prestigioso jornal francês Le Monde publica hoje uma reportagem com o título "Rio-Paris: a sombra de um erro de pilotagem" que afirma ter havido erro humano nesse voo.

Baseando-se em relatório preliminar datado de hoje (27/5) do BEA, órgão que investiga acidentes da aviação civil francesa, o jornal informa que durou quatro minutos e vinte e três segundos o drama que vitimou o A330-203 e seus ocupantes. O documento do BEA, que se limita a estabelecer os elementos factuais fornecidos pelas caixas pretas e não comenta as decisões da equipagem, sugere no entanto que esta, confrontada com indicações de velocidade erradas, cometeu um erro de pilotagem. O piloto teria perdido definitivamente o controle da aeronave ao "empiná-la" isto é, levantar o nariz do Airbus para tentar recuperá-lo.

Entre o brusco desligamento do piloto automático, provocado pela falha técnica das sondas Pitot -- por causa do gelo acumulado quando da passagem por dentro de uma massa de nuvens -- e a interrupção dos registros das caixas pretas tudo se desenrolou muito rapidamente. Os registros evidenciam que uma parte das sondas Pitot não funcionava mais, não fornecendo mais informações confiáveis. A incoerência entre as diversas velocidades indicadas durou um pouco menos de um minuto. Às 2h10 o alarme de perda do piloto automático e da auto-impulsão soou duas vezes na cabine de pilotagem -- "perdemos agora as velocidades", diz o piloto.

Como ele reagiu? De acordo ainda com o texto do BEA, "a altitude do avião aumentou progressivamente para acima de 10 graus, e ele toma uma trajetória ascendente". Às 2h10'51" o piloto "mantém sua ordem de empinar" ou seja, ele levanta o nariz do aparelho. Simultaneamente, ele chama por diversas vezes o comandante da aeronave, que repousava e não estava na cabine. -- Esta ausência do comandante nesse momento crítico tem sido alvo de críticas e especulações, chegando a provocar uma reação da associação dos pilotos da Air France em defesa desse comandante e dos demais pilotos do voo acidentado.

Segundo um especialista, não identificado pelo Le Monde, essa decisão de "empinar" o avião "é inexplicável -- teria sido preferível inclinar o avião, baixar seu nariz, a fim de voltar à horizontal e retomar a sustentação".

Às 2h11'40" o comandante retorna à cabine. Às 2h14'28", após uma descida que teria durado 3 minutos e 30 segundos, o avião se precipita no Oceano Atlântico a uma velocidade de 198 km/h. Ver aqui outros detalhes do comunicado do BEA. Ver também postagem anterior sobre esse voo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Conhecendo melhor a Foxconn, que promete "fabricar" iPads no Brasil

Um dos resultados mais alardeados pelo governo da recente viagem da presidente Dilma à China foi a promessa da empresa Foxconn de "fabricar" (o termo correto é "montar") iPads no Brasil a partir de novembro deste ano. É interessante observar que Dilma visitou a República Popular da China e a Foxconn é uma empresa da República da China, mais comumente conhecida como Formosa ou Taiwan, mas tem suas principais fábricas na China continental. Como frisei, o que a Foxconn fará na realidade no país será a montagem de iPads, o que eventualmente poderá nos trazer divisas de exportação para a América do Sul ou América Latina mas nos dará zero de tecnologia.

A Foxconn, que fabrica produtos para a Apple e outras empresas ocidentais, é considerada uma empresa de pouco se abrir para terceiros -- em 2010, ela atraiu uma publicidade indesejada por causa do suicídio de 13 de empregados de sua fábrica em Shenzen, na China. É conhecida por impor rígidas regras de disciplina aos seus empregados, e isto é considerado como uma das possíveis causas daqueles suicídios -- na época se falou de terríveis condições de trabalho em Shenzen.

A revista Spiegel Online visitou a fábrica da Foxconn em Chengdu, para verificar se as condições de trabalho haviam melhorado. "Somos proibidos de conversar enquanto trabalhamos", diz uma jovem de 19 anos que trabalha no controle de qualidade de caixas de iPad. Perguntada se se aborrecia com essas regras rígidas ela respondeu "Trabalho é trabalho, o resto é o resto", sacudindo os ombros. Ela disse temer os chefes de turma, "eles não nos respeitam" diz ela, acrescentando que colegas seus foram punidos por pequenos erros e obrigado a ficar de pé entre as linhas de produçao para serem vistos por todos, como se estivessem num pelourinho. "Ordem e obediência são regras dominantes aqui", diz ela.


Duas horas extras são obrigatórias cada dia, o que perfaz quase 20 horas extras por semana (trabalha-se de segunda a sábado) e quase 80 horas extras por mês. Essa carga horária é padrão na fábrica da Foxconn em Chengdu, embora a legislação trabalhista chinesa permita apenas 36 horas extras por mês. "A carga de horas extras da Foxconn frequentemente excede o limite legal em mais de 100%", diz Chan Sze Wan, de uma associação de operários, sem fins lucrativos, baseada em Hong Kong. Uma pesquisa realizada com 1.726 operários da empresa (que tem 937.000 empregados) assegura que a Foxconn se "esquece" de pagar essas horas extras, obriga seus empregados a trabalhar mais de oito horas diárias, e fornece atestados médicos falsos àqueles obrigados a trabalhar com substâncias perigosas. Essa pesquisa afirma também que mais de 16% dos empregados havia sofrido violência física por parte de agentes da empresa.



O complexo de fábricas da Foxconn em Shenzen é uma verdadeira cidade, com vários km² de área e cerca de 400 mil trabalhadores (!). No passado, eram proibidas as visitas a esse complexo, mas depois dos suicídios de 2010 as visitas agora são permitidas, numa tentativa para melhorar a imagem da empresa. As fachadas dos prédios mais altos são cobertas por telas, para impedir que operários pulem para se suicidar -- além disso, a empresa abriu um "centro de atendimento" em que há pessoas o tempo todo para auxiliar os empregados em seus problemas pessoais e de trabalho. Leia mais. Ver também aqui. No dia 06 deste mês o jornal inglês Daily Mail informou que a Foxconn está exigindo de seus novos empregados na China que assinem um termo em que se comprometem a não responsabilizar a companhia caso cometam suicídio -- leia aqui.

No Brasil, a Foxconn decidiu produzir iPads e iPhones em suas instalações em Jundiaí (SP), onde faz montagem de placa circuito impresso-componente smd e montagem/teste de produtos eletrônicos -- a ênfase em "montagem" no texto é minha, para realçar que esses chineses não nos estão transferindo tecnologia. A fábrica taiwanesa afirmou que poderá antecipar de novembro para julho a produção dos iPads e iPhones no país desde que haja contrapartidas do governo -- leia aqui.  -- O governo acaba de desonerar a fabricação de iPads no Brasil, vejam postagem anterior a respeito.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Campanha na Arábia Saudita para "espancar" mulheres que se atrevem a dirigir carros

O Reinado da Arábia Saudita contém as maiores reservas de petróleo do mundo, é o maior exportador mundial de petróleo, é o principal aliado dos EUA no Oriente Médio, é um dos maiores (se não o maior, a disputa com Israel deve ser brava) compradores de armas dos americanos e, para coroar a lista, tem um péssimo histórico em matéria de direitos humanos. O site francês L'Internaute publicou hoje, 25/5, mais uma história que confirma essa folha corrida saudita e o inaceitável tratamento que os árabes dão às mulheres.

Diz o site francês que foi lançada uma campanha na Arábia Saudita para incitar os homens a "espancar" as mulheres que "ousarem" (são meus os parênteses  nesta palavra) desafiar a proibição de dirigir, quando de uma manifestação prevista para o dia 17 de junho vindouro. Paralelamente, ativistas continuam a exigir a libertação de uma mulher, Manal al-Charif, que desafiou essa interdição, enquanto a imprensa reflete geralmente um ponto de vista favorável às mulheres.

A "campanha do iqal" -- o cordão grosso e duro que retém o barrete na cabeça dos homens na tradicional vestimenta masculina árabe -- que faz essa convocação para espancar as mulheres reuniu milhares de sauditas em uma página do Facebook. Aqui, alguns participantes se propõem a oferecer caixas inteiras do "iqal" aos jovens e colocá-las ao longo do percurso das mulheres que participarão da manifestação, incitando-os a espancá-las com esse cordão. Outros participantes se divertem com o fato do preço desse cordão ter subido, depois que os homens passaram a comprá-lo antes da manifestação de 17 de junho.

O famoso romancista saudita Abdo Kahl, lamentou, no diário Okaz, a proibição de mulheres ao volante. Um abaixo-assinado de intelectuais em favor de Manal Charif, presa no sábado depois de dirigir seu carro até Khobar, no leste do país, continua recolhendo assinaturas. Em meados de maio uma outra saudita, Najla Hariri, uma mãe de família, conseguiu durante quatro dias percorrer as ruas de Jeddah (oeste do país) ao volante de um carro sem ser presa.

De onde virão os próximos 10 trilhões de dólares do PIB mundial?

O PIB mundial nos últimos 12 meses foi de cerca de 65 trilhões de dólares. Segundo projeção do FMI, nos próximos 28 meses (por que este prazo, pergunto?!) ele engordará mais 10 trilhões de dólares (em dólares de hoje) -- mas onde esse montante será adicionado? Isto depende do tamanho da economia de um país, de sua taxa de crescimento e da valorização da sua taxa de câmbio real. O enfoque em qualquer desses aspectos, com exclusão dos demais, pode conduzir a um valor potencial de mercado equivocado, enganoso. Por exemplo, a economia da China em 2013 ainda será menor que a dos EUA, mas por estar crescendo tão rápido acrescentará 1,65 trilhões de dólares ao PIB mundial contra um acréscimo de 1,43 trilhões de dólares dos EUA. O Japão, uma economia em lento crescimento, contribuirá com 410 bilhões de dólares, menos do que a Rússia (US$ 698 bilhões) ou o Brasil (US$ 461 bilhões), mas por ser economicamente tão grande ainda contribuirá mais que a Índia (US$ 392 bilhões).
Previsão do PIB mundial -- As maiores fontes dos próximos US$ 10 trilhões do PIB mundial  (* a serem alcançados em setembro de 2013), em US$ trilhões (Fontes: FMI, The Economist).

Registre-se a posição de destaque do Brasil (clique na figura para ampliá-la).

Philips Morris x Uruguai: uma nova versão da luta entre Davi e Golias

Uma disputa legal internacional pode ter repercussões imprevisíveis sobre a luta mundial contra o tabagismo. Esta semana começam em Paris as audiências do processo aberto pela Philips Morris International (PMI) -- uma das maiores empresas fumageiras do mundo -- contra o Uruguai, um dos menores países da América Latina, reeditando o que seria uma nova luta entre Davi e Golias. A PMI acionou o Estado uruguaio, por considerar que suas políticas antitabagistas a prejudicam comercialmente.

A multinacional, com sede em Lausanne, Suiça, apresentou sua demanda no Centro Internacional para Solução de Disputas Relativas a Investimentos (ICSID, em inglês), vinculado ao Banco Mundial, porque assegura que o Uruguai viola um tratado de promoção e proteção de investimentos que firmou com a Suiça em 1998. É a primeira vez que uma empresa fumageira processa um Estado numa corte internacional.

Em comunicados anteriores, a filial da PMI no Uruguai manifestou suas críticas a algumas das medidas implementadas pelo Uruguai em sua luta contra o hábito de fumar, como a de proibir as versões "light" dos cigarros, o que a obrigou a retirar do mercado sete dos doze produtos que vendia no país. Outra disposição questionada pela PMI é a que obriga que 80% da superfície dos maços de cigarros mostrem imagens de advertência sobre os riscos de fumar. Uruguai é hoje um dos países do mundo com mais restrições contra o cigarro. Em 2006, o então presidente Tabaré Vázquez (2005-2010), um médico oncologista, proibiu fumar em ambientes fechados, tornando o Uruguai o primeiro país da América Latina e o quinto país do mundo a adotar essa medida.

Por que uma das principais multinacionais do planeta ameaça um país de 3 milhões de habitantes? "Se a PMI conseguir derrotar o Uruguai isto seria uma mensagem muito clara para o restante dos países, especialmente para os não desenvolvidos, para que não se metam nesse tipo de atitude", diz Eduardo Blanco, médico cardiologista, presidente do Centro de Pesquisa para a Epidemia do Tabaco e assessor do Ministério da Saúde do Uruguai.

Simon Clark, diretor do Forest, um grupo britânico que advoga pelos direitos dos fumantes, disse ao site BBC Mundo que as medidas adotadas pelo Uruguai discriminam os consumidores de cigarros. "O tabaco é um produto legal, e as pessoas deveriam poder fumar sem ser hostilizadas", diz ele.  "Quem fuma já sabe que isso é potencialmente danoso para sua saúde, esse tipo de iniciativa fomenta a discriminação contra os fumantes", acrescenta Simon Clark.  Acho repelentes, para dizer o mínimo, esse cinismo e esse enfoque hipócrita da indústria do tabaco e de seus defensores. No caso de uma eventual vitória da PMI, o que torço para que não aconteça, resta saber o que isso significaria para o Brasil e sua legislação restritiva ao fumo.

Pesquisadores vêem um padrão no aumento de tornados mortíferos

O impressionante ciclone de Joplin -- isoladamente, o mais mortífero tornado nos EUA desde que se começou o registro desses fenômenos em 1950 -- foi um raro fenômeno destrutivo conhecido como "multivórtice", abrigando dois ou mais ciclones dentro de um funil de vento mais largo. Ele matou pelo menos 116 pessoas -- há a expectativa de que esse número aumente -- , feriu mais 500 e destruiu pelo menos 2.000 construções diversas.

Somado ao recorde de 875 tornados que rasgaram os EUA em abril, esse desastre mais recente fez com que os especialistas indagassem por que 2011 tem causado tantas tempestades mortíferas. Enquanto os pesquisadores investigam detalhadamente as causas dessa estação quebradora de recordes quanto a esses fenômenos, uma coisa é certa: cada vez mais grandes ciclones estão soprando através de áreas densamente povoadas. "Temos tido mais F4s e F5s do que nos anos passados" diz Jack Hayes, diretor do Serviço Nacional do Tempo, referindo-se às duas mais destrutivas categorias de tornados. E em vez de atingir fazendas e campos, as tempestades atingiram cidades como Joplin, no Missouri, e Tuscaloosa, no Alabama.

Está surgindo um grupo de pesquisa que aponta, como parte da resposta  a essa pergunta, uma queda cíclica nas temperaturas do Oceano Pacífico -- conhecido como La Niña, o ciclo dura pelo menos cinco meses e se repete a cada três ou cinco anos. Este ano, La Niña está forçando um forte fluxo/corrente de ar para o leste e o sul dos EUA, alterando os ventos que aí prevalecem. Esse "rio" de ar frio na alta atmosfera empurra o ar mais quente e mais úmido do solo para cima, formando "supercélulas" de tempestades. Esse padrão de atividade provocou a "explosão" de mais de 300 tornados que varreram o país do Mississipi ao Tennessee em abril passado, matando pelo menos 365 pessopas dizem os especialistas. "La Niña é provavelmente parte dessa situação, mas não é sua única razão", diz o especialista Grady Dixon, da Universidade Estadual do Mississipi.

Especialistas em tornados previram uma devastadora estação para este ano, e muitos começaram a estudar se a mudança climática global está provocando tempestades mais frequentes e mais intensas que geram tornados -- este trabalho é ainda incipiente, não permitindo ainda que se tirem conclusões a partir dele.
Tempestades rasgaram áreas do Meio Oeste americano, com danos especialmente brutais em Joplin (Missouri) e Minneapolis (The Washington Post).
Tornado se aproxima da cidade de Tuscaloosa, no Alabama (Dusty Compton/AP).
O bairro tranquilo de Taylorsville, em Tuscaloosa (AL) e a aproximação do tornado (Don Kausler/AP).
Destruição em uma rua de Tuscaloosa, Alabama (Dusty Compton/AP).
A avenida McFarland completamente destruída em Tuscaloosa, Alabama (Dusty Compton/AP).
O Hospital St. John em Joplin, Missouri, depois da passagem do tornado (Mike Gullet/AP).

terça-feira, 24 de maio de 2011

Avião da TAM escapa de colisão perto de Brasília

Ontem a aviação civil brasileira quase viveu nova tragédia. Cinco anos depois do acidente com o avião da Gol, a história quase se repetiu na noite desta segunda-feira, desta vez em Brasília. O piloto de um jato da TAM que chegava à capital federal, vindo de São Paulo, foi obrigado a fazer uma manobra de emergência para evitar uma colisão com outro avião. A ameaça foi detectada pelo sistema de segurança do jato, um Airbus A319. A torre de controle do aeroporto de Brasília não percebeu que havia dois aviões na mesma rota.

O avião da TAM fazia o voo 3712, que partira do aeroporto de Congonhas pouco depois das 19 horas. Com capacidade para carregar 144 pessoas, a aeronave estava praticamente lotada. Faltando cerca de 15 minutos para o pouso em Brasília, os passageiros se assustaram com uma manobra brusca e com o barulho ensurdecedor provocado pela aceleração repentina das turbinas. O avião que se aproximava do A319 era de pequeno porte, segundo uma fonte da companhia aérea.

Depois do susto, o comandante usou o sistema de som do avião para explicar o ocorrido: a manobra, feita manualmente, livrara a aeronave de uma colisão. Funcionários da TAM disseram que, durante o momento crítico, o piloto fez o avião subir  1.500 pés (cerca de 450 metros), o suficiente para evitar o que poderia ser uma tragédia.
Avião da TAM após o pouso em Brasília: susto na chegada à capital federal (Veja).

Outro vulcão islandês entra em erupção

Praticamente um ano depois da erupção do Eyjafjallajokull, que transtornou a vida da Europa, um outro vulcão islandês, o Grimsvötn, entrou em erupção no fim de semana que passou e ameaça também fechar o espaço aéreo europeu.

Empresas como British Airways, Easyjet e KLM decidiram suspender suas atividades na Escócia, e alguns voos transatlânticos sofreram atrasos. A ameaça de mais interrupções aéreas fez com que o presidente dos EUA, Barack Obama, adiantasse em um dia sua ida de Dublin (Irlanda) a Londres, primeiras paradas de seu giro pela Europa nesta semana. O serviço meteorológico escocês previu que uma nuvem de fumaça vulcânica chegaria na noite desta segunda-feira ao país e a partes da Irlanda do Norte na manhã de terça-feira. Aparentemente, a Inglaterra não será afetada pelas cinzas. Ainda assim, os meteorologistas disseram que é difícil prever qual direção a nuvem de fumaça tomará nos próximos dias.
 Nuvem de fumaça sobre o vulcão Grimsvötn, na Islândia (Str/AFP).
Fazendeiros buscam juntar seus rebanhos sob uma nuvem de cinza do vulcão Grimsvötn (Vilhelm Gunnarsson/AFP).
O vulcão Grimsvötn (Jon Magnusson/Getty).
Foto da NASA da erupção do vulcão Grimsvötn (Nasa Modis/AFP).
A aldeia islandesa de Horgsland sob a fumaça vulcânica do Grimsvötn (Vilhelm Gunnarsson/AFP).
Foto de satélite, mostrando a nuvem de cinzas do vulcão Grimsvötn (AFP).
A nuvem de cinzas do Grimsvötn se eleva a 10 km de altura (STR/REUTERS).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Trinta mil ingleses, usuários do Twitter, podem ser processados legalmente por quebra de censura

O jornal inglês The Independent de hoje (23/5) reage fortemente contra uma ação legal que se esboça no Reino Unido contra um jornalista, dizendo que "a tentativa de impor superinjunções (legais) para censurar a mídia na era da internet atingiu novos níveis de absurdidade ontem".

Um jornal escocês tornou-se a primeira publicação britânica importante a identificar o jogador de futebol da Primeira Liga que está tentando evitar que se discuta no Twitter seu envolvimento com a ex-participante do Big Brother Imogen Thomas. Enquanto isso, foi mencionado que um juiz da Alta Corte teria solicitado ao Procurador-Geral, Dominic Grieve, que considerasse a abertura de processo criminal contra um jornalista não identificado por ter este quebrado uma restrição de privacidade com um tuíte sobre outro jogador de futebol. Essa iniciativa pode significar que, potencialmente, processos criminais possam ser apresentados contra 30.000 pessoas que tenham quebrado essa ou outra restrição semelhante, ao tuitar em dias recentes as identidades dos outros envolvidos.

O jornal escocês argumenta que fez a identificação por considerar que a tal restrição legal inglesa não é aplicável na Escócia. Essa identificação gerou uma enxurrada de 30.000 tuíters que identificaram nominalmente os dois futebolistas envolvidos no imbróglio.  Fontes próximas ao Procurador-Geral afirmam ser altamente improvável que ele tome qualquer ação legal contra qualquer pessoa que tenha infringido qualquer restrição no Twitter. A situação torna-se cada vez mais ridícula e a opinião é que se os advogados dos jogadores querem processar tuíters que o façam nas cortes civis.
Imogen Thomas deixando a Alta Corte após uma audiência sobre o caso da privacidade (Getty).

Votação em S. Francisco (EUA) inclui eliminação da circuncisão

Uma iniciativa para banir a circuncisão em homens menores de 18 anos -- com multas de até 1.000 dólares ou um ano de prisão -- foi incluída na quarta-feira 17 na votação que ocorrerá em novembro em São Francisco, Califórnia. Um grupo de pessoas que se autodenomina "inativistas" conseguiu colher 7.743 assinaturas (o mínimo necessário era 7.168) para incluir esse assunto na votação -- para eles, a circuncisão é um processo médico invasivo e uma contravenção, mesmo que feita por razões religiosas. As comunidades de judeus e muçulmanos, nas quais a circuncisão é uma tradição importante, argumentam que essa proibição violaria suas liberdades constitucionais.

Pode o governo impedir que um grupo religioso pratique um ritual religioso? Segundo o site Slate pode, e por uma razão suficientemente boa. A Primeira Emenda impede que o Congresso "proíba o livre exercício" de religião, e são inconstitucionais as leis que visem especificamente uma prática religiosa -- por exemplo, a proibição de badalar os sinos das igrejas. Mas, em certas circunstâncias, isso pode ocorrer se uma lei de redação ampla -- ou o que a Suprema Corte chama "lei neutra de aplicação geral" -- restringir liberdades religiosas. Para o exemplo dado dos sinos das igrejas, uma lei desse tipo poderia proibir a badalação de sinos, em igrejas ou em qualquer outro lugar, acima de um certo nível de decibéis.

O sistema federativo americano e seu arcabouço legal são complicados para um humilde mortal, como eu por exemplo, mas os interessados em se enfronhar um pouco mais nele tomando o caso de S. Francisco como referência poderão encontrar subsídios no já citado artigo do site Slate.

Mantendo o bom humor que caracteriza os moradores dessa ótima cidade americana, o jornal San Francisco Chronicle comenta que em novembro a cidade votará em "pensões (aposentadorias) e pênis"-- só S. Francisco!
Um ritual de circuncisão judeu (AP).
 O "inativista" Frank McGuinness, um opositor da circuncisão, desfila na Parada do Orgulho de 2009 (Noah Berger, especial para o Chronicle).

Doze empresas querem produzir tablets no Brasil, diz Mercadante

Segundo informação divulgada hoje pelo ministro da Ciência e da Tecnologia, Aloizio Mercadante, doze empresas já se inscreveram para produzir tablets no Brasil: Positivo, Envision, Motorola, Samsung, LG, Sanmina, Foxconn, Compalead, Semp Toshiba, Aiox, Itautec e MXT.

O interesse desses fabricantes é decorrente dos benefícios fiscais anunciados pelo governo para incentivar a produção desses equipamentos no País. A primeira promessa do governo foi formalizada hoje, por meio da publicação da Medida Provisória (MP) nº 534 na edição desta segunda-feira (23) do Diário Oficial da União.

A MP publicada hoje reduz de 9,25% para zero a alíquota de PIS/Cofins sobre tablets, o que tem um impacto direto de 31% no preço final. A medida é a primeira providência do governo na desoneração do segmento. Nos próximos dias, deve ser publicada a portaria interministerial que formalizará a inclusão da cadeia produtiva dos tablets no Processo Produtivo Básico (PPB), o que elevará o porcentual da redução do preço dos produtos para até 36%. Os tablets serão enquadrados como "microcomputador portátil, sem teclado físico, com tela sensível ao toque".

Havia dificuldade para classificar os tablets, que não são nem notebook, nem palmtop, nem smartphone. Agora, com a criação de um enquadramento específico, terão os mesmos benefícios de isenção de PIS e Cofins aplicados para fabricação de computadores, já inseridos na Lei do Bem.

Ao passar a fazer parte do PPB, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os tablets cairá de 15% para 3% em alguns Estados. A redução do ICMS, por ser um imposto estadual, ficará a cargo de cada Estado que aderiu ao PPB. Em São Paulo, por exemplo, a alíquota cai de 18% para 7%. Haverá ainda redução do Imposto de Importação (II), mas os porcentuais ainda não foram informados.

Para usufruir dos benefícios, os fabricantes terão de usar, inicialmente, 20% de componentes fabricados no Brasil. Até 2014, a ideia, segundo Mercadante, é que o patamar de conteúdo local seja aumentado para 80%. "A vantagem para os produtores, além dos incentivos, é contar com o terceiro maior mercado mundial de computadores. A Copa do Mundo e as Olimpíadas também deverão estimular o mercado, assim como a banda larga", disse. O acesso à internet será ampliado pelo Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

O ministro comparou o processo de produção de tablets no Brasil ao setor automobilístico. "Esperamos que aconteça com os tablets o que ocorreu no setor automobilístico: as montadoras trouxeram o resto", disse. A taiwanesa Foxconn, que produzirá iPhones e iPads no Brasil, segundo Mercadante, fará a integração vertical de toda a cadeia e, até o final de julho, deve iniciar a produção de tablets no País. A previsão de Mercadante é que até outubro entre em funcionamento uma fábrica de semicondutores no País.

Outra vantagem da produção local de tablets, destacou o ministro, é a redução do déficit da balança comercial na área de equipamentos de informática, que hoje está na casa dos US$ 11,5 bilhões. "A MP estimula a substituição de importações", disse Mercadante.

"Não faça bullying com a Boeing, Barack", diz a revista The Economist

Com o título desta postagem, a prestigiosa revista The Economist publicou no dia 19 um interessante artigo, em que mostra o estranho jeito da Junta (ou Conselho) Nacional de Relações de Trabalho (National Labour Relations Board - NLRB) lidar com as relações trabalhistas entre sindicatos e a Boeing -- a (o) NLRB é uma agência federal americana independente, criada pelo Congresso americano em 1935 para administrar o Ato Nacional de Relações de Trabalho, a lei básica que regula as relações entre os sindicatos e os empregadores no setor privado. A NLRB é um órgão autônomo, mas os membros de sua diretoria são indicados pelo presidente do país. Se alguém ler a história omitindo os nomes, vai jurar que se trata de coisa de país do Terceiro Mundo e não do país que é o bastião do capitalismo.

Se você faz reserva para um feriado e o voo é cancelado, você é bem capaz de escolher outra empresa aérea da próxima vez. As empresas aéreas sabem disso, e foi por essa  razão que Sir Richard Branson, patrão do Grupo Virgin, ficou tão furioso quando a Boeing deixou de entregar os aviões de que precisava para levar milhares de passageiros para climas ensolarados em um Natal. Ele culpou uma greve dos trabalhadores da Boeing no estado de Washington pelo ocorrido. "Se líderes sindicais e a diretoria da empresa não conseguem entender-se para evitar greves, então é o caso de não se voltar aqui novamente", ele disse a jornalistas. "Já estamos pensando se correremos o risco de fazer outra compra com a Boeing".

Ninguém discute o direito dos viajantes de trocar de empresa aérea, nem das empresas aéreas de trocar de fornecedores. Mas, coitado do fabricante (amercano) de aviões que tentar deslocar sua linha de produção de um estado empestado de greves para outro estado mais favorável a negócios -- pelo menos se a NLRB se meter no seu caminho. Sob o governo Obama, essa agência federal encarregada de policiar as relações entre empresas e empregados começou a interpretar velhas leis de um jeito novo e problemático.

O caso da Boeing é o seguinte: desde 1995 ela já sofreu três greves em suas fábricas sindicalizadas perto de Seattle. A mais longa, em 2008, durou dois meses, custou-lhe 2 bilhões de dólares e fez com que clientes como Sir Richard Branson afirmassem que aquilo era "absoluta e completamente espantoso". "Surpreendentemente" (as aspas são minhas), quando teve de decidir onde expandir sua produção a Boeing levou isso em conta e, em 2009, anunciou que faria na Carolina do Sul uma nova fábrica para produzir os Jumbos 787 "Dreamliner". Isso, o conselho geral da NLRB afirmou, era um ato ilegal de "retaliação" contra os grevistas em Washington, visando intimidá-los a não fazer greves no futuro. A solução que ela propôs à Boeing foi transferir para Washington a nova linha de produção. Fica-se então pensando, o que seria então do 1 bilhão de dólares já investido na nova fábrica e dos 1.000 empregados já contratados na Carolina do Sul? O caso será julgado no mês que vem.

domingo, 22 de maio de 2011

Rejeição de filhos do sexo feminino provoca milhões de abortos na Índia

O censo de 2011 na Índia mostra um sério declínio no número de meninas abaixo de 7 anos -- teme-se que oito milhões de fetos femininos foram abortados na última década. Reportagem da BBC News dá detalhes dessa tragédia. Ela conta, por exemplo, a história de Kulwant, que tem três filhas (24, 23 e 20 anos) e um rapaz de 16 anos. Entre o nascimento da terceira filha e o do filho ela engravidou três vezes, e em cada gravidez foi forçada a abortar por sua família porque os testes de ultrassom confirmavam que se tratava de uma menina. "Minha sogra me insultava por dar à luz apenas mulheres, e me dizia que seu filho se divorciaria de mim se eu não lhe desse um filho", disse Kulwant. Até o nascimento de seu filho ela foi vítima diária de espancamentos e abusos de seu marido, de sua sogra e de seu cunhado -- "uma vez tentaram me botar fogo", disse ela. "Eles estavam furiosos. Eles não queriam mulheres na família, queriam homens para poder receber gordos dotes", acrescentou ela. A Índia aboliu legalmente o regime de dotes em 1961, mas a prática se mantém desenfreada e os valores dos dotes crescem continuamente, afetando tanto os ricos quanto os pobres.

Histórias como a de Kulwant são comuns e se repetem em milhões de lares indianos, e têm piorado. Em 1961, para cada 1.000 garotos abaixo de 7 anos havia 976 meninas, hoje este número caiu para 914. Esta relação entre meninas e garotos é uma das piores do mundo, depois da China. Muitos fatores cooperam para isso: infanticídio, abuso e rejeição de crianças do sexo feminino. Mas há ativistas que dizem que o declínio é em grande parte devido à crescente disponibilidade de testes pré-natais de previsão de sexo, e já falam de genocídio. O governo foi forçado a admitir que não teve êxito em sua estratégia de acabar com o feticídio feminino.
Número decrescente de meninas entre 0 e 6 anos na Índia desde 1961 (Número de meninas entre 0 e 6 anos para cada 1.000 meninos). --- Relação geral entre mulheres e homens (para todas as idades).

O Primeiro-Ministro indiano Manmohan Singh descreveu o feticídio e o infanticídio femininos como "uma vergonha nacional", e convocou uma "cruzada" para salvar os bebês femininos. Sabu George, o mais conhecido ativista indiano nesse campo, diz que na realidade o governo tem mostrado pouca disposição para acabar com essa prática, e menciona que até 30 anos atrás a relação entre os números de pessoas dos dois sexos era "razoável". Aí, em 1974, o prestigioso Instituto de Ciências Médicas "All India", de Nova Delhi, surgiu com um estudo que dizia que os testes de determinação de sexo eram um benefício para as mulheres indianas. Ele dizia que elas não mais necessitavam ter um número interminável de crianças para ter o correto número de filhos, e encorajava a determinação e a eliminação de fetos femininos como um instrumento eficaz de controle populacional. Hoje, há 40.000 clínicas de ultrassom registradas no país, e muitas outras sem qualquer registro.

Em 1994, o Ato do Teste de Determinação Pré-Natal declarou ilegal o aborto seletivo de sexo. Em 2004, esse Ato recebeu emenda para incluir também como ilegal a escolha de sexo, mesmo no estágio pré-concepcional. "O que se precisa é de uma aplicação estrita da lei", diz Varsha Joshi, operador do censo em Nova Delhi. "Não vejo absolutamente nenhuma vontade por parte do governo em fazer isso"

Administração carcerária investiga a publicação de foto de DSK na prisão

Uma foto aparentemente exclusiva do jornal americano Daily News, publicada no dia 19, que mostra Dominique Strauss-Khan com péssima aparência, barbado e com uniforme carcerário (ver abaixo), provocou uma investigação das autoridades carcerárias de Nova Iorque, que querem saber sua origem -- se ela realmente é originária da prisão de Rikers Island e, em caso afirmativo, como saiu de lá. "Não posso confirmar se essa foto foi tomada na prisão. Não sei de onde veio, como o jornal a obteve e se não é forjada", declarou à Agência France Press um responsável pelos serviços carcerários de Nova Iorque.
"O chefão do FMI não está com sua melhor aparência nesta foto na sua cela de Rikers Island", diz o Daily News.

As previsões sobre o fim do mundo (IV)

Continuação da postagem anterior.
  • 2060: o fim do mundo segundo Isaac Newton -- O matemático, filósofo e astrônomo inglês Isaac Newton previu o fim do mundo em 2060. Documentos de trabalhos seus, datados do início dos anos 1700 e vendidos em leilão em Londres em 1936, foram encontrados no início dos anos 2000 na biblioteca nacional de Jerusalém, onde estavam guardados desde 1969 -- ele ficou célebre na História por sua teoria sobre a gravitação universal, divulgada em seus "Princípios" publicados em 1687. Curioso e místico, Newton fez também pesquisas na área da alquimia e escreveu obras teológicas. Sua previsão do fim do mundo teria sido calculada cientificamente, utilizando informações contidas na Bíblia, especialmente no Livro de Daniel no Velho Testamento, e as dimensões do antigo templo de Jerusalém. De acordo com estudos e cálculos eruditos, segundo ele, o mundo viveria até 1.260 anos depois da sagração de Carlos Magno em 800, o que dá matematicamente 2060.
  • Paco Rabanne e o 11 de agosto de 1999 -- Em 1999, o costureiro e adivinho Paco Rabanne (cujo nome real era Francisco Rabanne da Cuervo) anunciou o fim próximo do mundo em sua obra "1999, o fogo do céu", publicada em maio de 1999. Ele afirmava que às 11h22 do dia 11 de agosto de 1999 a nave espacial Mir se arrebentaria contra a Terra -- seus destroços destruiriam Paris e várias outras cidades. O ponto de impacto foi determinado de modo preciso: o Castelo de Vincennes, e a descrição do apocalipse incluía incêndios gigantescos e destroços com plutonio destruiriam a capital francesa e também várias cidades do sudoeste, como Auch, Condom, Mirande e Marmande. A data de 11 de agosto de 1999 não foi escolhida ao acaso -- ela corresponde a um eclipse total do sol. Este evento, raro e previsível, preocupava por se estar à véspera do ano 2000. O costureiro disse na época que se baseara em uma visão que tivera aos 17 anos, passeando pelos cais do Sena, de pessoas queimadas vivas andando sem rumo pelas ruas de Paris. Ele alegou ter achado a data precisa do fim do mundo anos mais tarde, graças a uma nova interpretação de profecias de Nostradamus segundo a qual uma grande catástrofe ocorreria naquele dia.
  • Outras previsões sobre o fim do mundo -- Seitas e malucos fizeram várias previsões sobre o fim do nosso mundo. Quando se aproximava o ano 2000, os maus presságios se multiplicaram devido ao medo pela mudança de século. Eis algumas datas anunciadas para o apocalipse: -- Testemunhas de Jeová: 1914, 1918, 1920, 1925 e 1975; -- Seita do Templo do Povo, de Jim Jones: 18 de novembro de 1978, com o suicídio coletivo de 974 crentes por medo de uma catástrofe nuclear iminente; -- A Fraternidade Branca Universal, um movimento esotérico: 14 e 23 de novembro de 1993; -- A Ordem do Templo Solar: 23 de dezembro de 1995, com o suicídio coletivo ou assassinato de 16 crentes, que deviam morrer para escapar do apocalipse; -- Seitas das Almas Perdidas da Porta do Paraíso: 26 de março e 1997, com o suicídio de 39 adeptos, para escapar da passagem do cometa Hale-Bopp; -- Seita japonesa Aum: julho de 1999 (essa seita é conhecida também por ter cometido um atentado com gás sarin no metrô de Tóquio em 20 de março de 1995).

As previsões sobre o fim do mundo (III)

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  • O Apocalipse de S. João na Bíblia --  O mais famoso relato do fim do mundo vem do apóstolo S. João no seu célebre texto "O Apocalipse", no Novo Testamento da Bíblia, onde descreve esse acontecimento como um grande cataclisma antes da volta de Jesus Cristo à Terra. Essa alegoria do triunfo do bem sobre as forças do mal é hoje associada ao fim do mundo, tornando-se até um sinônimo do último dia da humanidade. O relato de S. João, em 22 capítulos, conta o caos provocado por essa catástrofe. No capítulo 6, ele descreve "um grande tremor de terra e o sol se torna negro como um saco de crina (sic), a lua inteira parece como tingida de sangue, e as estrelas caem sobre a terra". Em nenhum momento o apóstolo fixa uma data para esses acontecimentos. A interpretação dos teólogos é que se trata mais de uma luta interior do que de um desastre que atingiria a humanidade. O medo do juízo final seria então simbólico, e serviria para dissuadir os homens de desobedecer a Deus. -- Depois do Apocalipse: A visão cristã do fim do mundo corresponde a um grande cataclisma, "porque é chegado o grande dia de sua cólera (de Deus)" (Apocalipse, capítulo 6). No entanto, frequentemente as pessoas se esquecem de que o Apocalipse de S. João termina bem. No capítulo 20, um anjo desce do céu, "agarra o dragão, a serpente antiga, que é o diabo e Satã, e o aprisiona por mil anos". Depois dos castigos, Deus salva a humanidade e Jesus volta para "um céu novo e uma nova Terra"  -- um bom argumento a ser apresentado aos fanáticos que veem o apocalipse chegar quando da ocorrência de grandes catástrofes naturais ou humanas e de guerras.

As previsões sobre o fim do mundo (II)

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  • As previsões de Nostradamus -- Desde o aparecimento de suas "Centúrias Astrológicas" em 1555, Nostradamus -- cujo nome verdadeiro era Michel de Nostredame -- tem sido um fascínio. O médico e astrônomo francês registrou em seus escritos numerosas previsões sobre o futuro do mundo. Várias pessoas acreditam ter lido neles o anúncio de grandes catástrofes, como os atentados de 11 de setembro de 2001, ou ainda de grandes fatos históricos como a queda do Muro de Berlim em 1989 ou a chegada da esquerda ao poder na França em 1981. Na trigésima-quinta quadra de sua primeira centúria, por exemplo, ele descreve o deaparecimento de um homem poderoso -- analistas decifraram isto como sendo o ferimento mortal no olho do rei Henrique II em um torneio em 1559. Eventos como o advento de Hitler e o surgimento de Bin Laden são tidos como previstos por Nostradamus -- observadores consideram que esses grandes eventos estão explícitos ou fantasiados nas previsões do astrônomo. Alguns evocam até um grande dilúvio, um cataclisma mundial semelhante ao Apocalipse. A partir dos anos 1520 essa ideia se expandiu pela Europa, por conta de mudanças e de crescentes inquietudes políticas, tecnológicas e sociais. Os escritos de Nostradamus têm servido de apoio para justificar um fim do mundo próximo. Como astrônomo, Nostradamus teria utilizado ao mesmo tempo a observação dos planetas em órbita em torno do sol e cálculos matemáticos com sucessões de ciclos. A conjunção de planetas e o fim de um ciclo anunciariam então um evento maior. Segundo analistas, as profecias de Nostradamus terminam em 3.797 DC -- muitos veem esse ano como a data de um possível fim do mundo.