domingo, 2 de setembro de 2012

Se a China já incomoda hoje a economia mundial, a partir de 2016 vai ser ainda pior

A China continua infernizando a vida dos países mundo afora, com suas exportações a preços impossíveis de serem superados. Os chineses são concorrentes a meu ver bastante -- para não dizer completamente -- desleais, porque os custos de suas cadeias produtivas são fortemente subsidiados, dos insumos (energia, por exemplo) aos salários, com um rígido controle estatal. A China é um caso único de socialismo de mercado altamente exitoso.

Em dezembro próximo, a China completará 11 anos como membro da Organização Mundial de Comércio (OMC) mas, ainda não é reconhecida mundialmente como uma economia de mercado. Aliás, pela definição clássica de "economia de mercado" (também denominada de "economia livre" ou "mercado livre") a China não poderia atingir esse status em horizonte visível ["economia de mercado é aquela em que as empresas não são controladas pelo Estado, e decidem por si mesmas o que produzir e vender, com base no que consideram como lucro factível ao fazê-lo" -- Longman Business English Dictionary, 2007, pág. 172; -- ou ainda, é uma economia em que os preços de bens e serviços são definidos por oferta e demanda.] -- Aliás, por essa definição, poucos países a rigor poderiam ser enquadrados a rigor como economias de mercado (inclusive o Brasil, com a ingerência cada vez maior do Estado na nossa economia), mas no caso da China isso é gritante.

De acordo com as regras estabelecidas por ocasião da entrada da China na OMC em 2001, todos os países serão obrigados a reconhecer a China como economia de mercado em 2016. Ou seja, queiram ou não, a partir desse ano todos os países terão que adotar os preços chineses em processos antidumping na OMC -- é fácil concluir que será muito mais difícil sobretaxar os produtos chineses, tendo em vista que os preços chineses são formados com viés político e não técnico.

Em 2004, Lula (o Nosso Pinóquio Acrobata - NPA), em um de seus delírios ou devaneios costumeiros, em que negociava os interesses do país como se estivesse negociando o preço de uma de suas bebidas prediletas, prometeu ao presidente chinês Hu Jintao (quando da visita deste a Brasília) que o Brasil reconheceria a China como economia de mercado.  Evidentemente, os grandes beneficiários dessa jogada seriam os chineses, que nos vendem produtos de maior valor agregado dos que as commodities que lhes exportamos. Nessa ocasião foi assinado um Memorando de Entendimento entre o Brasil e a China sobre Comércio e Investimentos (2004), que prevê, entre outros pontos, a venda à China de aeronaves da Embraer, o aumento de investimentos chineses no Brasil e o reconhecimento da China como economia de mercado. No velho estilo do nosso presidencialismo soberano e absoluto, a indústria brasileira não foi consultada nem avisada previamente disso.

Como qualquer pessoa minimamente familiarizada com o estilo chinês -- exceto os petistas e os obtusos e mal-intencionados, o que dá na mesma -- é fácil perceber que o atrativo desse Memorando interessava exclusivamente aos chineses (o reconhecimento de seu país como economia de mercado), pois para realizar investimentos em um país com tantos recursos naturais de seu interesse como o Brasil a China não precisa de documento protocolar nenhum. Como era de se esperar (menos para petistas, obtusos e mal-intencionados), os chineses não abriram o mercado para a Embraer, mesmo esta se associando a uma empresa chinesa por exigência de Pequim.

Por um desses mistérios diplomáticos e petistas, o Memorando de Entendimento não vingou -- consta que, como a China não cumpriu o que prometera, o Brasil se fez de morto; se isto for verdade, aplaudo de pé e dou a mão à palmatória -- e, em abril de 2011, por ocasião de sua visita à China a presidente Dilma teria sido cobrada pelo presidente chinês quanto ao reconhecimento como sendo de mercado da economia de seu país. Não encontrei registro do que se passou depois disso.

A mais recente (e reiterada) reclamação contra a invasão chinesa de nosso mercado vem do nosso setor têxtil, através de sua entidade de classe, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

Para a Abit, o principal problema do setor é a concorrência com o produto da China. Segundo um levantamento feito por ela, as importações de roupas chinesas cresceram 40% nos seis primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2011. De acordo com o presidente da Abit, Aguinaldo Diniz Filho, a China oferece 27 subsídios para a produção têxtil. “O nosso maior ativo é o nosso mercado interno. Estamos sendo ingênuos e o entregando para fora".

Esse cenário tem inibido novos investimentos por parte dos empresários do setor, segundo Diniz, que também é presidente da fabricante têxtil Cedro Cachoeira , de Minas Gerais. “O empresário é racional, não vai investir num ambiente desfavorável para o seu produto”, disse. Para mudar esse comportamento, Diniz afirmou que é preciso uma drástica diminuição do custo de produção no Brasil. Segundo ele, são necessárias reformas tributária, trabalhista, melhoria da infraestrutura e barateamento de transporte e energia.

O presidente da Abit prevê uma melhora do desempenho do setor têxtil no segundo semestre, em função da sazonalidade e da maturação de medidas como desoneração da folha de pagamento, queda dos juros e câmbio em um patamar “um pouco mais confortável”, avalia o executivo. No segundo trimestre deste ano, houve queda de 5,3% no PIB da indústria de transformação em relação ao primeiro. Os dados foram divulgados na manhã de 31/8 pelo IBGE.

Aguardemos para ver de que setor de nossa economia virá o próximo coro de choro e ranger de dentes contra a invasão chinesa.

Um comentário:

  1. Amigo VASCO:
    Acho que já postei, algum tempo atrás, comentário sobre a CHINA. Vamos ver se consigo expressar mais algum.
    Começando pel definição de "economia de mercado". Acho que ninguém perguntou para a CHINA da época se tal definição atendia aos seus interesses.
    Os GRANDES continuaram a "dominar" esse tal mercado como se nada os ameaçassem. Não foi bem assim. Necessitando alimentar pouco mais de UM BILHÃO de pessoas, parece que a CHINA encontrou o caminho. Abriu seus potos às "nações amigas", dando abrigo às fábricas que não lhe eram nativas, sem deixar de praticar a politica de controle estatal típica de seu regime, quase uma simbiose ebtre o COMUNISMO e o CAPITALISMO.
    Todos reclamam, mas não deixam de se mudar para a CHINA, com a finalidade de produzir seus produtos a preços bastante baixos. Prova disso é que os produtos atuais que envolvem alta tecnolocia (tablets, computadores, etc.)são MADE IN CHINA.
    Aqui por nossas bandas, até livros (didáticos ou não) são lá produzidos e vendidos como se tivessem sido aqui impressos. E NINGUÉM fala NADA!!!
    É melhor começar a aprenter a falar CHINÊS!!!!
    Não há salvação a VISTA.

    Abraços - LEVY

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