Mais do que flexibilizar o desligamento dos sinais de TV analógica,
o novo plano do governo para extinguir a transmissão no antigo sistema não terá mais prazo para ser concluído. O
Valor teve
acesso ao novo cronograma de transição tecnológica que está sendo
elaborado pelo Ministério das Comunicações. Por esse trabalho, a última
transmissão analógica poderá ocorrer após 2020. O secretário de
Comunicação Eletrônica do ministério, Genildo Lins, reconhece que os
prazos definidos ainda no governo Lula não eram viáveis. A ideia agora é
não cair no mesmo erro ao estabelecer uma data para conclusão de todo
processo.
"A partir de agora abre-se mão de um cronograma com data final. Não dá
para pensar que o Brasil tem a mesma realidade em todas as cidades",
afirmou Genildo Lins. Segundo ele, falta acertar os últimos detalhes do
plano de desligamento dos canais analógicos com o ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, para apresentar à presidente Dilma
Rousseff.
Lins explicou que em países do tamanho do Brasil as transições de
sistemas são geralmente mais complicadas. "Temos que lembrar que os EUA
ainda não desligaram [o sistema analógico]. Eles não dizem isso, mas lá
existe transmissão analógica de baixa potência até hoje. E ainda tem os
radiodifusores que quiseram permanecer com o analógico", disse. Ele
ressaltou que o setor de radiodifusão americano é menor que o
brasileiro. Enquanto a maior parte da população americana prefere a TV a
cabo, no Brasil, a TV aberta está em 98% dos lares.
De acordo com o estudo do Ministério das Comunicações, o desligamento do
sinal analógico ocorrerá em caráter experimental em 2013, nas duas
cidades escolhidas para testes. Parte da população dessas localidades
deve ter renda suficiente para ter acesso ao aparelho televisor com
receptor digital integrado ou ao conversor de sinal digital para as
antigas TVs analógicas.
Durante a Copa do Mundo, em 2014, será evitado o desligamento do sinal,
para não haver problemas durante as transmissões do evento. Na ocasião,
serão amadurecidas as primeiras experiências relativas à migração
tecnológica. Mas, já está praticamente acertado que o sinal analógico de
São Paulo será desligado em 2015. Pela complexidade técnica, a capital
paulista exigirá mais atenção dos técnicos envolvidos com a execução do
plano. Finalmente em 2016, prazo previsto anteriormente para o "apagão
analógico" em todo o país, a chave do antigo sistema será virada somente
num grupo de 800 a 1.000 municípios.
Para o governo, embora a migração tecnológica não seja completa em 2016,
as cidades escolhidas para receber o sinal digital reúnem 70% da
população, incluídas as capitais dos Estados e as maiores cidades do
interior. Os números serão usados para mostrar que não haverá frustração
com a decisão de adiar, por tempo indefinido, o fim das transmissões
analógicas. Em 2017, no entanto, restarão 4,5 mil municípios sem concluir a migração
de sistema. São cidades que representam 30% da população e que não
terão uma data limite para concluir a migração para a nova tecnologia de
TV aberta.
Lins afirmou que está praticamente definido que Santa Cruz do Sul (RS)
será uma das cidades escolhidas para ter o sistema analógico desligado
em 2013. Mas ainda falta consultar o governo local. O secretário disse
que o poder aquisitivo [mais elevado] da população tende a diminuir a
necessidade da política de massificação de conversores de sinal digital
para TV analógica. Além disso, as transmissões de TV partem praticamente
do mesmo lugar. "São variáveis que precisamos definir para fazer o
teste, porque se não der certo, religaremos o sinal analógico", afirmou. Santa Cruz do Sul é o município de menor porte que entrará na fase de
experiência do desligamento do sinal analógico. O outro, com 200 mil a
300 mil habitantes, ainda não foi definido pelos técnicos do ministério.
"Nessa etapa, vamos saber exatamente quais são as necessidades e as
linhas de ação que precisaremos tomar em cada um dos casos de
desligamento no país", afirmou o secretário.
Deverá ser feito também um levantamento prévio para avaliar como será
oferecida a assistência técnica para as pessoas com dificuldade de
ligar as antenas. Será avaliado se haverá necessidade de se montar uma
estrutura de atendimento (call center) ou distribuir os conversores de
sinal para a população de baixa renda. Concluídos os testes, será desligada a chave do sistema analógico na
cidade de São Paulo. A região é caracterizada pelo alto nível de
congestionamento de sinal provocado, basicamente, pelo número de
emissoras transmitindo canais simultaneamente e pela intensa
concentração urbana marcada por edifícios que atrapalham a propagação
dos sinais. Não foi à toa que o local foi escolhido para colocar à prova
o sistema japonês, escolhido pelo governo brasileiro e adaptado
posteriormente com tecnologia desenvolvida no país.
Dificuldades como essas poderão levar o Ministério das Comunicações a
propor mudança no decreto da TV digital (5.820/2006). "Vamos permitir a
digitalização no próprio canal. Hoje, existe a obrigatoriedade de
transmitir o sinal analógico e digital em dois canais distintos, mas em
São Paulo, por exemplo, não têm canal para todo mundo. Por isso, vamos
tirar essa obrigatoriedade", disse Lins. Há 13 estações de TV que vão se
digitalizar no próprio canal. "Elas vão funcionar no analógico até, no
máximo, março de 2015", afirmou.
Embora as emissoras não tenham que gastar dobrado para manter
simultaneamente dois sistemas, o secretário considera que elas deverão
acelerar a transição para não perder audiência. "Quem fizer a
digitalização agora ganhará no futuro, porque quem está em casa com o
controle na mão não para no canal analógico, por mais que a programação
seja boa", disse Lins. Uma geradora de programação de São Paulo teria
lhe informado que gasta R$ 1,5 milhão por mês com o consumo de energia
para manter a produção analógica, fora o gasto com equipamentos e
pessoal, tudo em duplicidade.
Genildo Lins, secretário do Ministério das Comunicações: prazos definidos durante o governo Lula não eram viáveis
Amigo VASCO:
ResponderExcluirVou ser bastante "econômico" em meu comentário,pois não venho acompanhando o assunto como gostaria.
O problema não é simples. Difere BASTANTE do processo de introdução da TV EM CORES no Brasil, lá pelo início dos anos 70.
Naquela época, foi preservada a COMPATIBILIDADE entre aparelhos PRETO-E-BRANCO e os COLORIDOS. Não foi necessário acrescentar novas faixas de frequencia específicas para a transmisão de imagens coloridas.
Agora é diferente, e a POPULAÇÃO não está suficientemente esclarecida sobre o assunto.
A principal diferença não está só na emissora, mas também, e principalmente, no RECEPTOR desses novos sinais. O consumidor acredita que, ao adquirir um novo aparelho com telas variando entre 32 e 50 polegadas, vai lhe garantir acesso à imagens de qualidade dita HD. Nada mais enganoso.
Para se conhecer mais sobre esse novo avanço tecnológico, indico o site www.dtv.org.br .
Abraços - LEVY