Isso significará mais gente consumindo, sobretudo jovens, e os enormes problemas que as bebidas alcoólicas acarretam para a saúde dos usuários, para suas famílias e para a população (principalmente no trânsito). Mas nosso governo é opaco, insensível e absolutamente indiferente a esses problemas, tanto é que barganhou a redução de tributação por uma promessa de aumento de investimentos das indústrias cervejeiras. Essa é a ótica mesquinha de um governo petista -- que se dane a saúde pública, o que interessa é o aumento de investimentos; PT, saudações. A lista que a CervBrasil apresenta em seu comunicado de regozijo, como contrapartida à decisão do governo, é revoltante -- aumento de capacidade produtiva, renovação da frota de veículos, aquisição de equipamentos de refrigeração e mais recursos para o desenvolvimento de novos produtos e embalagens. Com o governo e conosco ficam os enormes gastos e traumas que o consumo do álcool acarreta.
Cinicamente, a CervBrasil diz ainda que a folga financeira ocasionada pelo relaxamento tributário será também usada para incentivo à capacitação profissional e estímulo aos programas sociais de conscientização do consumo responsável de cerveja. A CervBrasil nos considera certamente um bando de idiotas, que acham que a maciça propaganda de cerveja sobre os jovens contém alguma conscientização além da de consumo puro e simples! Os fabricantes acham que colocar pura e simplesmente a frase "se beber, não dirija" em fundo azul -- jamais usam o vermelho, que é o clássico sinal de perigo -- gera "conscientização de consumo responsável"! Sintomaticamente, a CervBrasil foi criada em 03 de maio deste ano por Ambev, Schincariol, Petrópolis e Heineken do Brasil (responsáveis por 99% do consumo nacional), exatamente quando o governo começou a ameaçar o aumento de impostos sobre o setor.
Todo mundo sabe, mas os "gênios" da tributação do governo Dilma (certamente com o fantástico Guido Mantega à frente) fingem ignorar, que aumento de preço é um inibidor do consumo de qualquer produto -- essa é uma lei fundamental da Economia, chamada "downward sloping demand curve", que estabelece que quando o preço de um produto sobe, a quantidade demandada desse produto cai. Como o preço da bebida alcoólica pode ser manipulado por meio de política tributária, este é um recurso largamente utilizado por governos -- não no Brasil, não num governo petista, obviamente --, para inibir o consumo desse tipo de bebida, juntamente com legislação mais restritiva quanto ao consumo, especialmente por jovens.
Em fevereiro de 2011, a OMS - Organização Mundial da Saúde publicou um relatório em que afirma que:
- o uso prejudicial do álcool resulta em 2,5 milhões de mortes por ano;
- 320.000 jovens na idade entre 15 e 29 anos morrem de causas relacionadas com o álcool, resultando em 9% de todas as mortes ocorridas nessa faixa etária;
- o álcool é o terceiro maior risco no mundo para a saúde -- é o principal fator de risco no Pacífico Ocidental e nas Américas, e o segundo maior na Europa;
- o álcool está associado com muitos e sérios temas sociais e de desenvolvimento, incluindo violência, negligência e abuso com crianças, e absenteísmo no trabalho.
Percentagens globais de DALYs [Disability-Adjusted Life Year = uma medida da carga geral por doença, expressa como o número de anos perdidos por má saúde, invalidez ou morte prematura] atribuídos a 19 principais fatores de risco por grupo de renda, incluindo o alcoolismo -- o 3° principal fator de risco -- High income = renda alta; - Middle income = renda média; - Low income = renda baixa -- (Fonte: OMS).
Meu caro amigo Ednardo passou-me a informação abaixo, disponível no site do Portal Financeiro ADVFN (http://newsletter.blogs.advfn.com/2012/10/01/ambev-otima-noticia/):
ResponderExcluir"AmBev: Ótima notícia
Os investidores da AmBev (AMBV4) receberam uma ótima notícia neste final de semana: o governo decidiu adiar para o ano que vem o aumento na carga tributária do setor de bebidas, previsto para entrar em vigor nesta segunda-feira. Para evitar o aumento nos tributos, o setor se comprometeu com maiores investimentos e segurar um aumento nos preços ao consumidor. Além de adiar o aumento de impostos, o governo decidiu reduzir as taxas e prolongar o prazo para o aumento da carga tributária, o que deve dar ainda mais fôlego ao setor".
É isso aí, os investidores e a Ambev estão se fartando às custas da saúde de milhões de brasileiros.
Abs.,
Vasco