sábado, 8 de setembro de 2012

Destino da zona do euro está nas mãos de corte alemã?

A Corte Constitucional da Alemanha tem o destino da zona do euro em suas mãos, quando decide na semana que vem (dia 12) se o crucial fundo de resgate financeiro do euro pode ser ativado.  Uma decisão negativa, considerada improvável por especialistas legais, pode tumultuar o bloco monetário de 17 nações, incitando pânico nos mercados de títulos por aumentar as dúvidas sobre mais resgates de países endividados do sul.

No entanto, se a corte der sinal verde para o mecanismo permanente de resgate da zona do euro --o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês)-- e para o pacto de disciplina orçamentário mais rigoroso em 12 de setembro, isso pode ajudar a limitar o poder de Berlim para continuar com a integração europeia.

A corte, sediada em Karlsruhe ao oeste da Alemanha, uma das instituições mais confiáveis do país, não deve deixar a chanceler Angela Merkel completamente sem dificuldades. Poucos especialistas esperam que os juízes rejeitem o ESM e o pacto fiscal, ao menos por causa do impacto devastador que isso teria nos mercados financeiros.  "Se eles fossem nos surpreender tirando a participação da Alemanha, eu acho que seria melhor fazer um banho de sangue nos mercados", afirmou o economista-chefe do UniCredit global, Erik Nielsen.

Mas os sábios podem muito bem exigir mais consulta parlamentar antes de a Alemanha concordar com mais integração europeia, ou sinalizar que o processo foi o mais longe quanto pode ser permitido sem reescrever a Lei Básica da Alemanha. "Eu não acho que a corte irá bloquear o ESM ou o pacto fiscal, portanto, a integração europeia não chegará ao fim em 12 de setembro", afirmou um professor de União Europeia e lei constitucional na Universidade alemão de Bielefeld.  "Mas é improvável que haja apenas um parágrafo dizendo 'sem problemas, apenas vão em frente'. Como no passado, será nebuloso, aberto a interpretações e todos os partidos envolvidos irão dizer 'Nós ganhamos'", disse o professor à Reuters [agência de notícias].

O ESM deveria ter sucedido o fundo de resgate temporário da zona do euro, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês), a partir de julho e levantar 700 bilhões de euros para prevenir uma propagação ainda maior da crise da dívida da zona do euro.

[Essa votação pela Corte Constitucional alemã ficou, parece-me, esvaziada com o anúncio ontem pelo Banco Central Europeu (BCE) da compra ilimitada de títulos dos países que se encontram em dificuldades na zona do euro, e pela declaração da chanceler alemã Angela Merkel, que considera que o BCE (Banco Central Europeu) "atua no âmbito de seu mandato", declarou nesta sexta-feira seu porta-voz, Steffen Seibert, indagado sobre os anúncios feitos na véspera pela instituição financeira europeia. "O BCE intervém de forma independente no âmbito de seu mandato", assegurou Seibert em coletiva de imprensa, num momento em que a imprensa alemã se mostrava muito critica em relação ao novo plano de compra da dívida dos Estados anunciado pelo BCE, ao qual se opõe o banco central alemão. 

O BCE anunciou na quinta-feira compras ilimitadas de bônus da dívida soberana com vencimentos entre um e três anos de países da zona euro que fizerem essa solicitação, sob estritas condições, para enfrentar uma crise que paralisa a região e preocupa o mundo todo.]





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