O investimento da Foxconn no Brasil na produção de telas de cristal líquido (LCD) para tablets e smartphones corre sério risco de ficar só na promessa, quase um ano e meio depois de anunciado como parceria estratégica. A empresa chinesa enviou carta ao governo brasileiro há cerca de dois meses condicionando a instalação da fábrica no país à concessão de uma reserva de mercado. Durante no mínimo cinco anos, só ela poderia produzir e vender esse tipo de display no Brasil [pedido indecente].
A exigência foi considerada uma "loucura" por técnicos do governo brasileiro, que vão aconselhar o Palácio do Planalto a não aceitá-la por considerarem a condição um retrocesso em relação à política industrial. Além disso, a área técnica afirma que as recentes notícias vindas da China, envolvendo conflitos em fábricas da Foxconn naquele país, podem desestimular as negociações com a empresa [o histórico do relacionamento da Foxconn com seus empregados é péssimo -- ver aqui e notícia da Folha de 24/9].
Assessores presidenciais ouvidos pela Folha disseram, porém, serem favoráveis à continuidade das negociações, por se tratar de investimento de altíssima tecnologia dominado por poucos países no mundo [essa história de transferência de tecnologia da Foxconn para o país continua extremamente nebulosa e com baixíssimo nível de garantia; basta ver que, passado um ano e meio desde o início das negociações para essa tal "fabricação" de iPads no Brasil, os entendimentos continuam num atoleiro -- e, até agora, a Foxconn no Brasil no essencial só faz montagens, não fabrica xongas]. Atualmente, esse tipo de tela é fabricado pela Foxconn e pela sul-coreana Samsung. O Japão detém a tecnologia, mas não consegue competir com os produtos da China.
Além da reserva de mercado, outra condição imposta pelo empresário Terry Gou, dono da Foxconn, desagradou o governo. A empresa taiwanesa disse que não pretende fazer nenhum aporte de capital em dinheiro, como reivindicava o Palácio do Planalto, e que entrará apenas com sua tecnologia de LED. A Foxconn, que fabrica produtos da Apple, descartou inclusive atender a outro pedido do governo, de adotar no país sua tecnologia de última geração na fabricação de telas de cristal líquido [pelo visto, nossa ex-guerrilheira e seu escudeiro Mercadante comeram gato por lebre ...].
A taiwanesa fabrica telas iluminada por "minilâmpadas" LEDS (diodos emissores de luz). A tecnologia mais avançada, O LED [Light Emitting Diode -- sigla inglesa para Diodo Emissor de Luz], usa compostos orgânicos que se autoiluminam, permitindo telas mais finas e flexíveis.
A instalação de uma fábrica de telas de LCD no Brasil foi anunciada em abril do ano passado durante visita da presidente Dilma à China. Na época, foi divulgado que a Foxconn investiria US$ 12 bilhões no país, sendo US$ 4 bilhões para a unidade de telas, que ficaria em Minas. Seriam sócios o BNDES, que entraria com 30%, e Eike Batista, com US$ 500 milhões. Na avaliação de técnicos, a Foxconn vai priorizar suas fábricas de montagem de aparelhos eletrônicos.
Raio-X da Foxconn no Brasil e no mundo (clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte: Editoria de Arte/Folhapress).
Nenhum comentário:
Postar um comentário