quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Foxconn exige reserva de mercado e fábrica de telas pode não sair

[Desde que Dª Dilma esteve na China no ano passado, junto com seu apagado ministro da Ciência e Tecnologia da época, Aloizio Mercadante (hoje seu ministro da Educação e apagadíssimo, como sempre), o governou alardeou maravilhas sobre um acordo com a empresa taiwanesa Foxconn para a fabricação de iPads no Brasil, com investimentos de US$ 12 bilhões, que estariam à venda já no Natal de 2011 -- nada disso aconteceu, e o governo ficou mudo e quedo, dando uma de songamonga. Desde então, tenho feito repetidas postagens sobre o engodo dessas promessas e o estranho e suspeito currículo da Foxconn -- em 14/7/2012,  em 01/01/2012, em 13/11/2011,  em 03/9/2011, em 26/5/2011, etc.  Hoje, a Folha de S. Paulo publica nova notícia sobre exigências adicionais da Foxconn -- desta vez, uma absurda reserva de mercado -- que pode fazer gorar a fabricação de telas no país por essa empresa. Vejam a reportagem, a seguir.]

O investimento da Foxconn no Brasil na produção de telas de cristal líquido (LCD) para tablets e smartphones corre sério risco de ficar só na promessa, quase um ano e meio depois de anunciado como parceria estratégica. A empresa chinesa enviou carta ao governo brasileiro há cerca de dois meses condicionando a instalação da fábrica no país à concessão de uma reserva de mercado. Durante no mínimo cinco anos, só ela poderia produzir e vender esse tipo de display no Brasil [pedido indecente].

A exigência foi considerada uma "loucura" por técnicos do governo brasileiro, que vão aconselhar o Palácio do Planalto a não aceitá-la por considerarem a condição um retrocesso em relação à política industrial.  Além disso, a área técnica afirma que as recentes notícias vindas da China, envolvendo conflitos em fábricas da Foxconn naquele país, podem desestimular as negociações com a empresa [o histórico do relacionamento da Foxconn com seus empregados é péssimo -- ver aqui e notícia da Folha de 24/9].

Assessores presidenciais ouvidos pela Folha disseram, porém, serem favoráveis à continuidade das negociações, por se tratar de investimento de altíssima tecnologia dominado por poucos países no mundo [essa história de transferência de tecnologia da Foxconn para o país continua extremamente nebulosa e com baixíssimo nível de garantia; basta ver que, passado um ano e meio desde o início das negociações para essa tal "fabricação" de iPads no Brasil, os entendimentos continuam num atoleiro -- e, até agora, a Foxconn no Brasil no essencial só faz montagens, não fabrica xongas]. Atualmente, esse tipo de tela é fabricado pela Foxconn e pela sul-coreana Samsung. O Japão detém a tecnologia, mas não consegue competir com os produtos da China.

Além da reserva de mercado, outra condição imposta pelo empresário Terry Gou, dono da Foxconn, desagradou o governo. A empresa taiwanesa disse que não pretende fazer nenhum aporte de capital em dinheiro, como reivindicava o Palácio do Planalto, e que entrará apenas com sua tecnologia de LED.  A Foxconn, que fabrica produtos da Apple, descartou inclusive atender a outro pedido do governo, de adotar no país sua tecnologia de última geração na fabricação de telas de cristal líquido [pelo visto, nossa ex-guerrilheira e seu escudeiro Mercadante comeram gato por lebre ...]

A taiwanesa fabrica telas iluminada por "minilâmpadas" LEDS (diodos emissores de luz). A tecnologia mais avançada, O LED [Light Emitting Diode -- sigla inglesa para Diodo Emissor de Luz], usa compostos orgânicos que se autoiluminam, permitindo telas mais finas e flexíveis. 

A instalação de uma fábrica de telas de LCD no Brasil foi anunciada em abril do ano passado durante visita da presidente Dilma à China. Na época, foi divulgado que a Foxconn investiria US$ 12 bilhões no país, sendo US$ 4 bilhões para a unidade de telas, que ficaria em Minas. Seriam sócios o BNDES, que entraria com 30%, e Eike Batista, com US$ 500 milhões. Na avaliação de técnicos, a Foxconn vai priorizar suas fábricas de montagem de aparelhos eletrônicos.

 Raio-X da Foxconn no Brasil e no mundo (clique na imagem para ampliá-la) - (Fonte: Editoria de Arte/Folhapress).

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