[Durante os governos de Lula, o Nosso Pinóquio Acrobata - NPA, as relações Brasil-Venezuela extrapolaram o que de comum e normal acontece entre países que se prezam, para virar simplesmente uma projeção de uma ação entre amiguinhos. O NPA, com sua visão míope e distorcida de democracia, tomou-se de amores pelo bizarro e esdrúxulo Hugo Chávez, resolveu paparicá-lo e defendê-lo a qualquer custo, e irresponsavelmente envolveu o Brasil e a Petrobras nessa aventura. Um dos piores efeitos estratégicos, econômicos e financeiros dessa leviandade é a "parceria" -- leia-se submissão -- da Petrobras com a estatal petrolífera venezuelana, a PDVSA, para a construção da refinaria Abreu e Lima (ou Refinaria do Nordeste - Renest), em Pernambuco.
O artigo abaixo, de autoria de José Casado, publicado no Globo de hoje, revela mais detalhes de mais um gigantesco prejuízo imposto à Petrobras e ao país pela imprudência, insensatez, irreflexão, leviandade e negligência do NPA. Como o texto abaixo evidencia, mesmo que Dª Dilma quisesse -- o que muito dificilmente aconteceria, por conta de sua fidelidade extra-humana ao NPA e sua comprovada incompetência como gestora (vide o PAC) -- aquela refinaria está irremediavelmente dependente do bufão Hugo Chávez. Isso e outras cositas más explicam, sem justificar, porque o Brasil violou o tratado do Mercosul para isolar e agredir o Paraguai e, assim, permitir a entrada da Venezuela nesse mercado comum. O que estiver entre colchetes e em itálico no texto abaixo é de minha responsabilidade.]
Como o Brasil ficou refém de uma decisão de Hugo Chávez
José Casado - O Globo (22/9/2012)
Dentro
de duas semanas a Venezuela decide quem vai comandar o país a partir de
2013. E o governo Dilma Rousseff descobrirá, então, com quem terá de
negociar o impasse em torno de interesses do Brasil, cujo valor somado
em contratos supera US$ 40 bilhões - metade num único empreendimento
binacional no setor de petróleo.
Há
dias discute-se em Brasília a conveniência de Dilma receber o candidato
da oposição, Henrique Capriles. Aos lamentos de Chávez, o governo tem
contraposto a interferência aberta de Lula e do PT em apoio ao
presidente venezuelano.
Há
muito tempo a relação entre Lula e Chávez ultrapassou os limites das
afinidades pessoais e políticas, avançando para a fronteira dos
negócios. Por exemplo: numa rápida visita a Caracas, no ano passado,
Lula conseguiu de Chávez algo que até então parecia quase impossível a
empreiteiros brasileiros: o desbloqueio de US$ 700 milhões em pagamentos
pendentes.
Juntos,
em 2005, eles construíram uma fantasia em torno de um empreendimento
estratégico para o Brasil - a construção da primeira refinaria de
petróleo da Petrobras depois de três décadas. Ela é essencial ao país,
cujo consumo de derivados tem previsão de crescimento à média de 4% ao
ano até 2020. Na luta pela reeleição, Lula usou a Petrobras para
expandir sua base eleitoral no Nordeste. Anunciou a construção de três
refinarias - em Pernambuco, no Ceará e no Maranhão. Saiu da eleição com
77% dos votos válidos nordestinos (20 milhões de eleitores
garantiram-lhe 33% da votação nacional, algo sem precedentes). Chávez,
no seu devaneio por reconhecimento como líder continental, usou a
estatal PDVSA para se associar a Lula no projeto pernambucano.
Das
três refinarias, só a de Pernambuco saiu do papel. Começou como um
negócio de US$ 2 bilhões, o custo foi multiplicado por dez, a sócia
venezuelana (a estatal PDVSA) hesita até hoje e o resultado é um buraco
de mais de US$ 21 bilhões nas contas da Petrobras, segundo a estatal
brasileira.
Nos
últimos dias, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster,
tentou explicar no Congresso o impasse. “Nós temos um erro básico”,
disse a presidente da Petrobras no Senado [louvem-se a coragem e a franqueza dessa executiva ao explicitar publicamente que há um erro nessa barafunda]. “Esse
projeto”, continuou ela, “foi concebido para ser um projeto de dois
‘trens’ (no jargão do setor, duas linhas de produção): um de refino
dedicado à PDVSA, com óleo mais pesado da PDVSA; um ‘trem’ dedicado ao
refino do óleo mais leve da Petrobras. Esse projeto só faz sentido sendo
um projeto binacional, Brasil-Venezuela".
Ela
contou que perdeu a conta dos prazos dados ao governo Chávez para
assinatura do contrato. Há registro de pelo menos dez, desde 2005. “O
último prazo que eu negociei”, disse, “foi um prazo que vai até
novembro.” E se o impasse persistir? “Se chegar novembro, e eles não
apresentarem as garantias vou discutir um novo prazo”, respondeu. “Não
quero que eles digam: ‘não, não vou’. Quero que eles digam: ‘sim, eu
vou’. Eles precisam vir porque essa refinaria foi projetada pela
Petrobras e pela PDVSA. Ela tem um custo por trabalhar com dois óleos. A
PDVSA precisa vir para ser sócia, porque essa refinaria foi projetada
para dois petróleos. Esse petróleo único é que vai otimizar todo o
refino" [o relato da presidente da Petrobras retrata bem o tipo de parceiro desconfiável e inconveniente que o NPA nos arranjou e Dª Dilma colocou no Mercosul].
Reconhecida
a sinceridade da presidente da Petrobras, restou à plateia de
parlamentares uma certeza: o Brasil ficou refém da Venezuela.
Há
um buraco de US$ 21 bilhões nas contas da Petrobras e predominam
incertezas sobre o mercado brasileiro de derivados de petróleo, cujo
futuro depende da Venezuela.
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