[No mês passado fiz postagem sobre perspectivas fantásticas que se apresentavam para a indústria automobilística do país, com o anúncios de várias novas fábricas no país -- parece que, mais cedo do que se pensava ou esperava, esses planos começaram a fazer água. É o que nos conta reportagem de hoje de Tatiana Vaz no site Exame.com, que reproduzo resumidamente abaixo.]
São 6 as montadoras que desistiram de investir em uma fábrica no Brasil, mas que podem repensar a decisão em breve -- BMW, JAC, Land Rover, CN Auto, GM e PSA Peugeot Citröen.
BMW
A BMW afirmou hoje que decidirá se vale a pena construir ou não uma fábrica no Brasil nas próximas três ou quatro semanas. Seria a conclusão de meses de incertezas da montadora sobre o assunto.
No final do ano passado, a euforia tomou conta do mercado de automóveis
no país depois que a BMW anunciou que pensava abrir uma fábrica no país.
Em janeiro, uma fonte no Brasil chegou até a afirmar que a montadora
estava nos estágios finais de escolha do local de sua primeira fábrica
na América Latina, com uma decisão esperada para fevereiro. Mas a decisão do governo de aumentar o IPI sobre os carros importados, fez com a empresa desanimasse de montar sua primeira fábrica
no Brasil. "Não iremos para o Brasil para termos prejuízo", disse
diretor de produção da BMW, Frank-Peter Arndt, a jornalistas durante
reunião anual do grupo, em março.
JAC
Outra montadora que havia decidido abrir uma fábrica no país e mudou de ideia (por enquanto) foi a JAC Motors. Em novembro do ano passado, a empresa divulgou seus planos de construir uma fábrica no polo de Camaçari, na Bahia.
O investimento seria de 900 milhões de reais e a unidade poderia
fabricar até 100.000 veículos por ano, em dois turnos de trabalho que
empregarão 3.500 pessoas.
Os planos foram por água abaixo meses depois, quando o governo tomou
algumas medidas de proteção à indústria nacional de automóveis. Entre
elas, a de aumentar em 30% o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) para carros fabricados no exterior e exigências de que uma boa
parte dos conteúdos desses carros fosse feito no país. “O que encareceria o produto brasileiro e o tornaria menos competitivo”, defendeu a empresa. Como resultado, as obras da fábrica da JAC permanecem paradas a espera
de uma revisão das exigências do governo em relação ao assunto, segundo
informações da própria empresa.
Land Rover
No início de junho, a Jaguar Land Rover, divisão de carros de luxo da indiana Tata Motors, suspendeu seu plano de investir em uma fábrica no Brasil por acreditar que “falta clareza em termos de políticas” para automóveis no país.
A Land Rover havia anunciado o interesse em construir sua primeira fábrica brasileira em janeiro deste ano, dentro de sua estratégia de expandir sua atuação em mercados emergentes.
CN Auto
O aumento do IPI de carros importados também interrompeu o plano da quarta maior fabricante chinesa,
a Great Wall, de começar a fabricar no Brasil. “O aumento do imposto
inviabilizou temporariamente as negociações”, disse a EXAME.com Ricardo
Strunz, diretor-geral da importadora CN Auto, que comandava as
negociações. A Great Wall há anos tem o interesse de ingressar no mercado
brasileiro, principalmente agora com a grande aceitação de outras
chinesas como Chery e JAC. A CN Auto também é a importadora oficial das
minivans Topic, da Jinbei, e Towner, da Hafei Motor. Além de naufragar
as negociações com a Great Wall, o aumento do IPI também impactará a
empresa.
[Essa CN Auto está envolvida até o pescoço em uma negociata envolvendo a AMB (Asia Motors do Brasil) e a importação dos utilitários Towner, um calote de mais de R$ 2 bilhões que a Receita Federal busca recuperar da AMB.]
GM e PSA Peugeot Citröen
Em maio, uma notícia publicada na revista Veja afirmava que as montadoras General Motors e PSA Peugeot Citröen pretendiam investir
em uma fábrica conjunta no país. A unidade seria construída em Minas
Gerais ou Rio de Janeiro a produziria quatro modelos de automóveis, dois
de cada montadora. O plano durou pouco mais de um mês. Em junho, as duas desistiram do
investimento conjunto – e desta vez o motivo não foi aumento de IPI para
importados, mas os reflexos negativos nas finanças das empresas
causados pela crise econômica na Europa.
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