quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Especialista em gelo e em Ártico prevê colapso final do gelo do mar em quatro anos

[As polêmicas sobre a real existência e os culpados das mudanças climáticas me soam cada vez mais ridículas e irresponsáveis -- enquanto figuras tidas como sumidades (oops, esta palavra em português é traiçoeira -- de repente, se refere mais a "sumiço" intelectual do que a outra coisa ...) ficam discutindo o sexo dos anjos, o cidadão mundano normal sente na carne que o clima no mínimo pirou. Ontem, só para citar um exemplo, em pleno inverno, a temperatura máxima no Rio chegou a 41,2°C! No Estado do Rio, neste inverno, há pelo menos 2 meses não chove p'ra valer. Como não acredito em mau humor de Deus, Supremo Arquiteto do Universo ou Alá, nem tampouco de S. Pedro, tenho como garantido que nós habitantes deste planeta maravilhoso incorporamos os espíritos dos camicases japoneses e embarcamos na missão de destruí-lo. A reportagem que traduzo a seguir, publicada no jornal inglês The Guardian em 17/9, é mais um testemunho disso.O que estiver entre colchetes e em itálico é de minha responsabilidade.]

Um dos principais especialistas mundiais em gelo prognosticou para dentro de quatro anos o colapso final do gelo do oceano Ártico em meses de verão. No que chamou de "desastre global" agora ocorrendo nas latitudes do norte, com a área do mar que congela e derrete a cada ano reduzindo-se à extensão mais baixa já registrada,  o Prof. Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, apela para que "urgentemente" sejam pensadas ideias novas para reduzir as temperaturas globais.

Em um email para o The Guardian, ele diz: "Mudança climática não é mais algo que possamos almejar abordar no período de uma década, mas que exige medidas urgentes não apenas para reduzir as emissões de CO₂ mas também nos demanda examinar urgentemente outras maneiras de reduzir o ritmo do aquecimento global, como por exemplo as ideias de geoengenharia que têm sido propostas. Tais ideias incluem refletir os raios solares de volta para o espaço, tornar as nuvens mais brancas e semear o oceano com minerais para que ele absorva mais CO₂ [isso parece até coisa do Prof. Pardal (o da Disney, não o da UFF) ...].

Wadhams passou muitos anos coletando dados sobre espessura de gelo fornecidos por submarinos que navegavam submersos no oceano Ártico. Ele previu a iminente quebra do gelo oceânico nos meses de verão de 2007, quando a anterior extensão mais baixa de 4,17 milhões de km² foi verificada. Neste ano de 2012, essa área encolheu inesperadamente um adicional de 500.000 km², atingindo menos de 3,5 milhões de km². "Venho há muitos anos prevendo o colapso do gelo do mar em meses de verão. A causa principal disso é simplesmente o aquecimento global: como o clima aqueceu, tem havido menos formação de gelo no inverno e mais derretimento de gelo no verão".

"No início isso não foi notado; os limites do gelo de verão encolhiam lentamente, a uma velocidade que sugeria que o gelo poderia durar outros 50 anos ou algo assim. Mas, o derretimento de verão acabou por ultrapassar a formação de gelo do inverno de tal modo, que toda a lâmina de gelo derrete ou se parte durante os meses de verão. Previ que esse colapso ocorreria em 2015/2016, quando então o verão ártico (de agosto a setembro) ficaria sem gelo.  O colapso final nessa direção está acontecendo agora e, provavelmente, terminará em torno daquelas datas".

Wadhams diz que as implicações disso são "terríveis". "Do lado positivo, estão o aumento das possibilidades de transporte no Ártico e o maior acesso aos recursos offshore de petróleo e gás da região [com seus inerentes impactos ambientais, que o professor surpreendentemente não menciona e que, no caso do petróleo, podem ser catastróficos -- vide BP e Golfo do México]. O principal efeito negativo é uma aceleração do aquecimento global".

"Quando o gelo se retira no verão, o oceano se aquece (para 7°C em 2011) e isso aquece também o fundo/leito do mar. As plataformas continentais do Ártico são compostas de permafrost [solo ou subsolo permanentemente congelado] offshore, sedimento congelado remanescente da última idade do gelo. Com o aquecimento da água [e do leito do mar] o permafrost derrete e libera enormes quantidades de metano armazenado sob ele -- o metano é um gás de efeito estufa muito poderoso e assim esse processo dará um grande impulso ao aquecimento global", diz o professor [risco idêntico existe na Antártica].

16 de setembro de 2012 -- A quantidade de gelo oceânico de verão no Ártico hoje e, em linha amarela, sua extensão média de 1979 a 2000 para o mesmo dia exposto - (Foto: AP).


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