quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Especialistas da AVG dizem que as ameaças virtuais estão cada vez mais de olho no mundo móvel

[O artigo abaixo é de André Machado, e foi publicado no Globo de ontem.]

Existem atualmente no mundo mais de 200 milhões de vírus de todos os tipos, e embora a maioria absoluta seja voltada para o mundo dos desktops, smartphones e tablets estão cada vez mais na mira dos hackers. Só para o sistema Android, da Google, já são contabilizadas mais de um milhão de ameaças. A estimativa é de Pavel Krcma, diretor do Laboratório de Vírus da fabricante de antivírus tcheca AVG, que está lançando na Grande Maçã nesta quarta-feira a versão 2013 de seu software de segurança, inclusive com versão para o próprio Android.

"Recebemos mais de 100 mil amostras de códigos maliciosos por dia" – diz Krcma. "Até algum tempo atrás, as ameaças eram mais separadas, como cavalos de troia especializados em roubar informações. Hoje os criminosos digitais se concentram em criar kits de códigos do mal que são capazes de fazer todo tipo de operação e os revendem a outros hackers na internet". O especialista diz ainda que o malware no Android está ainda num estágio inicial, comparado aos vírus de PCs dos anos 90, mas o uso das redes sociais permite o envio de posts falsos que espalham links com malware rapidamente pelos perfis dos usuários, atraindo-os a armadilhas de phishing.

"O comportamento do usuário no Android é mais livre do que no sistema iOS, usado em iPhones e iPads. Esse usuário pode baixar apps e pacotes de diferentes origens. Por isso há tantas versões falsas do Angry Birds usadas para espalhar mensagens com links maliciosos", diz Krcma. "Já no iOS, a Apple procura reforçar que a App Store e o iTunes são as fontes corretas para uso, e o sistema é mais fechado".

A origem da maioria dos vírus para desktop está em países como China, Rússia, Coreias e EUA. No Brasil, os cavalos de troia voltados para o internet banking são os campeões, uma vez que a prática de fazer transações on-line no país vem se tornando mais popular. Já em outros mercados, como no sudeste asiático, a grande onda é roubar credenciais de jogadores de games multiplayer on-line.

Windows 8 é um prato cheio

De acordo com o diretor de Tecnologia da AVG, Yuval Ben-Ytzhak, a mobilidade é um prato cheio para os hackers principalmente porque nossos números de cartão de crédito já estão gravados nos aparelhos, permitindo o furto mais rápido das informações financeiras.  "E agora, quando vier o Windows 8 conectado com o Windows Phone, e usando a mesma interface de programação, os códigos do mal poderão trafegar entre as duas plataformas", diz Ben-Itzhak. [Ver postagem anterior sobre os novos smartphones da Nokia.]

Alguns fatores comportamentais contribuem para esse quadro potencialmente sombrio. Um deles é o acesso cada vez mais precoce de crianças ao mundo da internet.  "Com 10 a 13 anos de idade, elas já têm que tomar decisões ao se cadastrar em sites, decisões que caberiam a um adulto. Não por acaso, 60% dos pais só nos Estados Unidos espionam seus filhos nas redes sociais", afirma Tony Anscombe, evangelista sênior de segurança da AVG. "A própria vida conectada sem fio dentro de casa pode nos expor a perigos. Na minha casa há uma rede interna e meu filho passeia pelos cômodos com seu tablet, mantendo a conexão internet. Só a geladeira ainda não está conectada à rede, e eu agradeço por isso".

Outro fator é a falta de clareza dos termos de privacidade dos diversos serviços on-line, que normalmente apresentam linguagem complexa e confundem os internautas. A chefe de Políticas de Segurança da empresa, Siobhan MacDermott, diz que se o usuário médio fosse tentar ler os termos dos serviços que costuma usar na rede e acompanhar suas atualizações, levaria pelo menos sete anos para terminar. Ou seja, uma tarefa inexequível. "Por isso advogamos que os serviços passem a adotar ícones que assegurem a internautas que suas informações não serão (ou serão em parte) passadas a terceiros, por exemplo", explica.

Para MacDermott, é o internauta que deve tomar as principais decisões sobre como vai usar sua privacidade, e não empresas nem governos. O ambiente móvel mudou a maneira como nossas credenciais digitais são invadidas no dia a dia. Para Omri Sigelman, vice-presidente de Produtos e Marketing de Soluções Móveis da AVG, antigamente, quando éramos hackeados no PC, ele começava a travar ou ficar lento, e nós já sabíamos de algum modo que um vírus estava presente.

Com 50% dos usuários de smartphones baixando apps e mais de 30% jogando games e entrando em redes sociais, o hacker age diferente: quer ser seu “amigo”, oferecer-lhe um joguinho para se divertir e, sub-repticiamente, roubar seus dados financeiros. Pode-se imaginar o quadro quando sabemos que de 2011 para cá houve um aumento de 315% nos downloads de aplicativos em smartphones e tablets.


Windows 8 com versão móvel será o novo alvo dos hackers. Vírus construídos sobre o mesmo código para computadores e celulares poderão trafegar entre as plataformas - (Foto: AP).

[Esse artigo sobre a fragilidade do Windows 8 em termos de segurança, promovido por uma empresa de segurança cibernética (a AVG), publicado logo em seguida ao lançamento da nova linha de smartphones da Nokia usando exatamente esse sistema da Microsoft, me soa nitidamente como parte de uma guerra já não mais de bastidores entre o Android (Google) e o Windows 8 (Microsoft), se bem que o Windows às vezes é chamado de "queijo suiço" -- cheio de furos.]














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