A economia brasileira cresceu 0,8% no segundo trimestre de 2011 em
relação aos três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice, inferior ao crescimento registrado no trimestre passado
(1,3%), sugere que a atividade econômica continua a desacelerar, em
resposta às medidas adotadas pelo governo para controlar a inflação.
O PIB do segundo trimestre, que em valores correntes somou R$ 1,02
trilhão, foi 3,1% maior que o do mesmo período do ano passado e foi
puxado principalmente pelo setor de serviços, segundo o IBGE. No acumulado dos seis primeiros meses de 2011, o crescimento da economia
brasileira foi de 3,6% (em relação ao mesmo período em 2010) e, no
acumulado de 12 meses, o incremento foi de 4,7%.
O resultado do último trimestre foi semelhante ao previsto no fim de
agosto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele disse que esperava
um crescimento de 0,8% no PIB em relação ao primeiro trimestre,
encerrando o ano com um crescimento próximo a 4,5% - abaixo dos 7,5% de
2010. Segundo análise da semana passada da Serasa Experian, o PIB do segundo
trimestre confirma a trajetória de desaceleração do ritmo de crescimento
da economia brasileira e reflete as medidas de aperto fiscal e
monetário adotadas pelo governo a partir do fim de 2010, para combater a
alta da inflação.
Na última quarta-feira, o Banco Central interrompeu um ciclo de alta na
taxa básica de juros, a Selic, iniciado em janeiro. No período, a Selic –
que serve de referência aos juros cobrados pelos bancos e tem impacto
nos níveis de investimento e consumo, afetando a inflação – passou de
10,75% a 12,5%.
Na última reunião, citando preocupações com a piora da economia
global e seus possíveis efeitos no Brasil, o Banco Central baixou a taxa
para 12%, surpreendendo analistas, que esperavam a manutenção da taxa. A decisão foi tomada após o governo anunciar que ampliaria de R$ 81
bilhões para R$ 91 bilhões a economia feita em 2011 para pagar a dívida
pública, afirmando que a medida ajudaria a conter a inflação e, por
extensão, facilitaria a queda dos juros nos próximos meses.
Para Cláudio Salvadori Dedecca, professor de economia da Unicamp, o
governo tem dado sinais de que "vai colocar seus instrumentos para
conseguir um crescimento entre 3,7% e 4%" do PIB neste ano. "O governo precisa muito disso, para gerar a receita esperada para executar seus programas". Ele avalia que o Banco Central tomou uma decisão sensata ao baixar os
juros, se antecipando às expectativas de piora na economia brasileira em
virtude da crise internacional.
Já o professor e economia da PUC-SP Antonio Carlos Alves dos Santos diz
que o governo aposta em um "caminho arriscado" ao baixar os juros, ainda
que a medida possa ajudá-lo a atingir uma taxa de crescimento mais
alta, de até 4%. "Não tenho a menor dúvida de que o Banco Central cedeu a pressões
políticas. É verdade que existe uma crise mundial, mas o nível da
inflação nos serviços ainda é elevado", afirma. "O governo está apostando em crescimento com um pouquinho de inflação, o que é preocupante".
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