Entre todos os membros do Brics, grupo que reúne as maiores economias
emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o
PIB brasileiro só não cresceu menos, no segundo trimestre deste ano, do que da África do Sul. No período, segundo cálculo da Consultoria Tendências com base no
resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta sexta-feira
pelo IBGE, o crescimento anualizado do Brasil alcançou 3,2% - 0,2 ponto
percentual acima do registrado pela África do Sul (país incorporado ao
grupo dos Brics em abril).
O maior crescimento no grupo verificou-se na China, de 9,5%, acompanhada por Índia, 7,7% e Rússia, 3,4%.
Mais afetados pela crise econômica global, a zona do euro cresceu 1,7%, e os Estados Unidos, 1,6%, no período.
Ainda que tenham crescido mais que o Brasil, China, Índia e Rússia
também experimentaram uma desaceleração do crescimento no segundo
trimestre. Contudo, a desaceleração brasileira, de 1 ponto percentual em comparação
com o crescimento anualizado do PIB no primeiro trimestre, foi superior
à de todos os outros países.
Para o economista Raphael Martello, da Tendências, mesmo que enfrentem
uma desaceleração conjunta, os membros dos Brics vivem histórias
diferentes. Ele explica que a China e a Índia tradicionalmente têm taxas mais
elevadas de crescimento e que o consumo e os investimentos internos
nesses países tendem a mantê-las altas, apesar de medidas de aperto
fiscal para controlar a inflação.
Já Rússia e África do Sul são mais vulneráveis a variações nos preços
de energia e commodities, pois são grandes exportadoras desses
recursos, e têm crescido a taxas menores.
Segundo Martello, no Brasil, a desaceleração no segundo trimestre
refletiu os efeitos da política monetária apertada desde o início do
ano. Na última quarta-feira, o Banco Central começou a afrouxar o aperto ao
interromper um ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic, iniciado
em janeiro. No período, a Selic – que serve de referência aos juros cobrados
pelos bancos e tem impacto nos níveis de investimento e consumo,
afetando a inflação – passou de 10,75% a 12,5%.
Na última reunião, porém, citando preocupações com a piora da economia
global e seus possíveis efeitos no Brasil, o Banco Central baixou a taxa
para 12%, surpreendendo analistas, que esperavam a manutenção da taxa. A decisão foi tomada após o governo anunciar que ampliaria de R$ 81
bilhões para R$ 91 bilhões a economia feita em 2011 para pagar a dívida
pública, afirmando que a medida ajudaria a conter a inflação e, por
extensão, facilitaria a queda dos juros nos próximos meses.
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