segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Escola pública ou privada: o confronto na França (4)

Mudança de escola: frequentemente nefasta

Transfira um aluno do ensino público para o privado, e veja sua chance de concluir o segundo grau com êxito cair em 41,5%. Surpreendente? Nem tanto: "deixa-se o ensino público frequentemente como consequência de dificuldades escolares, enquanto que se migra do privado para o público mais por estratégia, principalmente para entrar no primeiro ano do secundário em uma estabelecimento que tenha um curso preparatório para as chamadas 'Grandes Ecoles' [estabelecimentos de ensino superior fora do estrutura principal do sistema universitário francês, que fazem a admissão de alunos com base principalmente em um ranking nacional através de exames competitivos escritos e orais], explica Aude Vanhoffelen, em seu estudo sobre o painel 1995. Assim, passar do público para o privado é geralmente o percurso de alunos com dificuldades, os que fazem o caminho inverso têm em média 71,3% de concluir com êxito o secundário (contra a média de 62,8% para esse mesmo painel).

Quanto aos alunos que migram com frequência, isto é os alunos que passam de uma escola para outra mais de uma vez entre o início do ginásio (segundo grau) e o fim do terceiro grau, suas chances de concluir o terceiro grau são de longe inferiores à média -- 53,4% de chances para quem fica "zapeando" saindo de uma escola pública, e 42,7% para quem faz isso saindo de uma escola privada. Para Aude Vanhoffelen, isso se explica por "dificuldades de adaptação importantes".

As escolas em que o privado tem êxito

Bem acima dos estabelecimentos privados judeus ou protestantes, as escolas privadas católicas recebem a maior parte dos alunos dos estabelecimentos privados sob contrato com o Estado (acima de 97%, como já dito). Isso ocorre tanto na chamada região metropolitana da França, com no ultramar.

Informações adicionais

Nem todos os estabelecimentos privados de ensino são vinculados ao Estado da mesma maneira. Uns o fazem por um contrato simples, outros através de um contrato de associação. "Para que um estabelecimento possa ligar-se ao Estado por um contrato simples, é preciso cumprir certas exigências: as classes devem estar funcionando há pelo menos 5 anos, e suas instalações devem satisfazer os requisitos de salubridade. O ensino das matérias básicas deve ser organizado tomando como referência os programas e os horários do ensino público. Esse tipo não pode envolver senão escolas primárias ou especializadas.

Se o estabelecimento privado está sob contrato de associação com o Estado, isto significa que o ensino é ministrado nas mesmas condições que em um estabelecimento público. Se o estabelecimento está "fora de contrato", isto quer dizer que o Estado exerce um controle menos extenso sobre ele, baseando-se essencialmente na instrução obrigatória, no respeito à ordem pública e aos bons costume, e na obrigação escolar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário