Estima-se que exista no mundo mais de 1 milhão de produtores de vinho, que produzem cerca de 2,9 bilhões de caixas (12 garrafas = 9 litros), sendo que destes são consumidos 2,6 bilhões. Este excedente é considerado normal, parte dele é estoque e outra é destinada aos subprodutos ou para destilação. Em 2004, a produção alcançou seu maior pico em 20 anos, chegando a 3,3 bilhões de caixas, e declinou em 2010 para 2,9 bilhões.
A maior área de vinhedos ainda é da Espanha, com quase 1,1 milhões de hectares, seguida da França com 825 mil e pela Itália com 798 mil. Estes três países apresentaram uma grande redução da área plantada desde 2005, incentivados por um programa da União Europeia para acabar com o excedente de produção e destinar esta área para produção de outras culturas. Chile, Austrália, África do sul e Estados Unidos mantiveram praticamente estáticas suas áreas de produção. Argentina e Brasil tiveram um pequeno incremento da área plantada. A produção de vinho teve uma grande redução de 2009 para 2010. Itália (-6%), França (-3%), Espanha (-3%), Alemanha (-21%), Estados Unidos (-11%), Chile (-12%), África do Sul (-8%). Apenas Argentina, entre os grandes países produtores, teve um aumento significativo (+34%).
Imagem 1: Produção x consumo (Fonte: Morgan Stanley Research) - Clique na imagem para ampliá-la.
A proporção área de
vinhedos x volume de vinho produzido não é direta. Isto porque a
produtividade por hectare varia de país a país ou porque parte da área é
destinada a outra finalidade que não o vinho, como uvas passas, uva in
natura, suco, etc. A Itália lidera com um volume de produção em 2010 de
500 milhões de caixas, seguida pela França e Espanha. Vale observar a
crítica situação da Espanha. Ela possui a maior área em vinhedos, porém,
é a terceira em produção de vinho. O problema dos espanhóis é a baixa
produtividade por hectare, o que a torna pouca competitiva. Isto se
deve, sobretudo, ao clima seco, que faz com que eles tenham que plantar
as videiras muito distantes umas das outras para que não haja competição
entre as plantas por água. Impressiona a China, já a 5ª em área
plantada e a 6ª no volume de vinho produzido, ficando na frente de
Austrália, Chile e África do Sul.
Consumo e mercado:
Globalmente, houve um
decréscimo na produção entre 2007 a 2009 e uma pequena retomada em 2010.
Estados Unidos, China e Inglaterra apresentaram um crescimento contínuo
de 2000 para 2010, enquanto que os Países tradicionais Europeus e a
Argentina apresentaram uma queda considerável. O Brasil aparece
timidamente nas estatísticas, mas acredita-se que em alguns anos estará
entre os grandes países consumidores em termos de volume. O consumo per
capita ainda é maior nos Países Europeus, sendo liderado pela França com
48 litros, seguido de Portugal e Itália com 40 litros cada.
Oferta e demanda de
vinhos se encontram em equilíbrio. De um modo geral, o declínio do
consumo e da produção dos países tradicionais continua, mas é compensado
pelo ligeiro aumento de consumo de países como a Rússia, a China e a
Inglaterra. No longo prazo, a área de vinhedos que foi arrancada na
Europa nos últimos anos será compensada pelo plantio de novos vinhedos
nos países vinícolas emergentes.
Desde a década de 80 até
2010 o volume de vinhos importados consumidos tem crescido
consideravelmente em todos os países. Isto se deve ao forte processo de
globalização deste período, que ampliou as trocas comerciais entre os
países e favoreceu a exportação dos vinhos. Em 1981, 15% de todo volume
produzido era exportado. Em 2010, 35% do volume total é enviado ao
mercado externo. A Itália lidera o ranking de exportadores, seguida de
Espanha, França, Austrália e Chile. Já no lado da importação, a Alemanha
segue em primeiro no índice, com Inglaterra, Estados Unidos, Rússia e
França logo atrás.
Imagem 2 - Exportação x Principais Exportadores (Fonte: Morgan Stanley Research) - Clique na imagem para ampliá-la.
O estudo deixa claro
como, nos últimos 30 anos, a participação no comércio global de
exportação mudou muito e continua mudando. No início da década de 80,
80% do volume exportado pertencia a estes cinco países líderes. Hoje
estes países correspondem a menos de 60% e cedem espaço aos países do
hemisfério sul e países em ascensão. É um panorama em mutação. Está
havendo uma inversão de produção e de consumo do continente europeu para
os países do “novo mundo vitícola”.
Os dados são
extremamente interessantes e completos, e nos permitem olhar para o
mercado de vinhos mundial de forma mais precisa e atual. Seria
impossível resumir tudo num único texto, então esta foi uma primeira
oportunidade de apresentar os pontos mais relevantes. Nos próximos
artigos, analisaremos o que tais informações significam de verdade, qual
é o papel de cada país e continente neste moderno mundo do vinho e,
acima de tudo, o que tudo isso significa para você, consumidor.
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