Em matéria de safadeza, imoralidade, pilantragem, molecagem, amoralidade, e o que mais couber nesse tom, o Congresso brasileiro é definitivamente um poço sem fundo, um caso à parte, uma fonte inesgotável. Vejam abaixo a última tentativa dos arautos da baixaria e da venalidade insuperável. Poderia ser inacreditável, mas não partindo de quem partiu.
Lideranças de partidos de oposição e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiram nesta sexta-feira, 4, com indignação à proposta de pôr em pauta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara projeto de lei que anistia os parlamentares cassados no escândalo do mensalão.
Diante da polêmica, o presidente da CCJ, deputado João Paulo Cunha
(PT-SP), voltou atrás e retirou a proposta da pauta de votação da
comissão.
"Ele (projeto) é esdrúxulo e não deveria constar da pauta", afirmou o
presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), que é
integrante da CCJ e classificou o projeto de anistia como "absurdo". O
projeto de lei, que entrou quase camuflado na pauta da CCJ (apensado a
outro projeto), como revelou nesta sexta-feira o jornal O Estado de S. Paulo,
beneficia os ex-deputados José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson
(PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE). Os três foram cassados e são réus no
processo do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o mensalão. [É muito estranho que ninguém tenha se lembrado do próprio João Paulo Cunha, que também é réu do processo do mensalão, que é assim duplamente imoral nessa iniciativa].
Em nota divulgada pelo PPS, Freire disse que "a Câmara já não consegue
punir aqueles que atentam contra a ética, os corruptos, e agora, pior:
quer anistiar os que, num determinado momento, a Câmara cumpriu com seu
dever e cassou, caso concreto de José Dirceu". "Isto é uma atitude de
quem não tem nenhum compromisso com a democracia e tenta desmoralizar
ainda mais as instituições republicanas", avaliou.
O líder do DEM no Senado chamou de "vergonhosa" a tentativa de anistia.
"É coisa de cara de pau, supera tudo o que podia se esperar em matéria
de agressão à sociedade", disse. Demóstenes dá como certo que, se o
projeto for aprovado na Câmara, "certamente será sepultado no Senado".
Para o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ) a artimanha de tentar votar o
projeto de anistia aos mensaleiros é "indecorosa" e "inaceitável". "É
comum no Legislativo tentar dar uma de `joão sem braço'' e tentar passar
um projeto sem que ninguém perceba", disse Alencar. Ele aproveitou para
criticar a demora do Supremo em julgar os processos dos acusados de
participar do esquema do mensalão. "Até o julgamento definitivo pelo
Supremo, não duvido que se tente aprovar alguma coisa", observou.
Mais cauteloso, o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), preferiu
não comentar a proposta de pôr em votação o projeto de anistia dos
mensaleiros. "Para mim o assunto está superado porque o João Paulo Cunha
retirou a proposta da pauta", argumentou o tucano. [Este é um tucano típico, não sai de cima do muro -- é um desfibrado moral].
OAB. Por sua vez, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, classificou nesta sexta como casuístico
o projeto. "Fica parecendo uma legislação em causa própria", afirmou.
"E dentro da pior forma de legislar, que é o casuísmo para se anistiar
ou se perdoar politicamente quem o próprio Congresso já julgou e afastou
e está sendo ainda objeto de apuração no Supremo", disse.
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