terça-feira, 8 de novembro de 2011

Matisse, o desenhista

Para Henri Matisse (1869-1954), seus desenhos eram obras de arte inteiramente à parte, do mesmo modo que suas telas. O museu municipal de sua cidade nativa na França, Le Cateau-Cambrésis, no norte do país, reúne pela primeira o grosso de sua obra de desenhos, desde os primeiros esboços e retratos do começo do século até seus desenhos mais monumentais, em um percurso marcado pela busca minimalista da perfeição. A mostra mostra um total de 137 obras, das quais umas 90 nunca haviam dido mostradas ao público.

"O desenho com pincel e tinta é uma prática que o acompanhou ao longo de toda sua carreira, que evoluiu com o tempo, e que é essencial para Matisse", explica Patrice Deparpe, conservador-adjunto do centro de Cateau-Cambrésis. "Representa a forma de expressar-se no espaço com um mínimo de material, buscando a pureza e a perfeição, é uma técnica que revolucionou a arte ocidental".

Matisse começa a desenhar nas ruas de Paris em princípios de 1900, com seu amigo o pintor Albert Marquet, aprendendo a captar o movimento, e a partir de 1946 se concentra nos desenhos com papel e tinta chinesa [nanquim?]. Começa assim com seus retratos, como o de uma de suas modelos favoritas, Lydia Delectorsarkaya, aos quais se segue uma longa série de desenhos de uma extrema simplicidade, nos quais bastava "um sinal para evocar o rosto",  como explicava o próprio artista.

Aos rostos, que evoluem sob a influência da descoberta da arte esquimó referente às máscaras, se somam rapidamente as naturezas mortas e as paisagens, que pouco a pouco vão culminando também com um estilo muito apurado. Nesse afã perfeccionista, e buscando o rigor do gesto, Matisse estuda detidamente a caligrafia chinesa, que produz minuciosamente. 

A partir de 1948, seus desenhos alcançam dimensõers monumentais, com os realizados para a capela dominicana de São Rosário de Vence, no sudeste da França, onde se ocupou de todos os detalhes decorativos, incluindo o gigantesco retrato de São Domingo e a cena do Caminho da Cruz de Jesus Cristo. "Esses desenhos têm que sair bem do nosso coração", explicou Matisse a Picasso com referência a esse trabalho.  

Ele então se concentra em desenhos grandes, como a impressionante série de acrobatas, na qual Matisse transmite a sensação de movimento com apenas um traço do pincel. Outra de suas obras de mestre que se pode ver na mostra é a série de árvores, trabalhos preparatórios para os que desenhou em tamanho natural eque cobrem majestosamente a sala de refeições de seu editor, André Tériade, em Saint-Fean Cap Ferra, na Costa Azul. "Quando se desenha uma árvore não se pode esquecer de que tem raízes, ainda que não sejam desenhadas", escreveu Matisse.

Além de recordar a disposição de Matisse para o desenho, sua dedidação exclusiva a essa arte em seus últimos anos, e sua busca contínua pelo perfeccionismo, a exposição que está aberta ao público até o 19 de fevereiro de 2012 dedica a última sala a artistas contemporâneos, nos quais se buscam os ecos do trabalho de Matisse.

Desenhos em busca da perfeição
(Fotos do Museu Municipal de Le Cateau-Cambrésis, França)


Fevereiro

Rosto (pincel e tinta chinesa)

Começos


Acrobatas



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