Para a presidente brasileira, a avaliação sobre o resultado da reunião de dois dias em Cannes depende das expectativas prévias de cada um. "Pode ser um copo meio cheio ou meio vazio", disse. Para Dilma, "os países da zona do euro deram um passo no combate à crise". "Mas não acredito que uma reunião pudesse resolver todos os problemas do mundo", disse.
Os líderes das maiores economias do mundo, reunidos no balneário francês, se comprometeram a elevar o capital do FMI (Fundo Monetário Internacional) disponível para ajudar países em dificuldades financeiras. Eles não chegaram a um acordo, porém, sobre o montante desse aporte ao FMI, o que mantém as dúvidas sobre a capacidade de socorrer países grandes como a Itália ou a Espanha em caso de necessidade. Também não houve avanços em outros pontos da agenda colocada pela França, presidente de turno do grupo, como o do estabelecimento de uma taxa global sobre operações financeiras para sustentar investimentos em programas sociais.
A cúpula em Cannes foi ofuscada pelo agravamento da crise das dívidas europeias, após o anúncio grego, feito na segunda-feira, de um referendo sobre o plano de resgate ao país anunciado na semana passada em Bruxelas. O anúncio grego levou pânico aos mercados financeiros na véspera do início da cúpula e acabou mobilizando os debates em Cannes, frustrando os planos do governo francês, que pretendia chegar ao encontro com a crise ao menos parcialmente resolvida após o acordo de Bruxelas. O governo grego, que na noite desta sexta-feira ainda enfrentará um voto de confiança no Parlamento, acabou desistindo do referendo após um ultimato dado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e pelo FMI.
Em outro desenvolvimento durante a cúpula, a Itália, país cuja saúde financeira também vinha sendo colocada em dúvida pelos mercados financeiros, aceitou ser objeto de um monitoramento periódico do FMI sobre as medidas para sanar suas contas e conter seu deficit público.
Antes da cúpula, representantes europeus manifestaram a intenção de convencer os grandes países emergentes, como a China ou o Brasil, a contribuírem financeiramente com o aumento do capital do Fundo de Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), de ajuda aos países em dificuldades, anunciado na reunião da semana passada em Bruxelas. Ao final da reunião, no entanto, não houve nenhum compromisso formal quanto à contribuição.
Segundo Dilma, o Brasil e os demais países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) concordam em ajudar a Europa somente por meio do FMI, não diretamente ao fundo europeu. "Não temos a menor intenção de fazer qualquer contribuição direta ao FEEF. Se nem os europeus têm, por que nós teríamos?", questionou a presidente brasileira. "Faremos pelo FMI, que dá garantias. Porque o dinheiro das reservas brasileiras foi conseguido com suor, não pode ser usado de qualquer maneira", afirmou.
Em sua avaliação, o ponto mais importante do encontro teria sido o de manter a visão, que já vem desde as cúpulas anteriores do G20, de que é necessário um plano de ação para estimular o emprego e o crescimento para conseguir vencer a crise. "Acredito que foi uma reunião que teve o mérito de colocar na ordem do dia a força do G20 para a colocação de políticas para o combate à crise, para dar sustentação ao conjunto do sistema", afirmou Dilma.
No comunicado final da cúpula, os líderes do G20 reconhecem que "desde nosso último encontro, a recuperação global se enfraqueceu, particularmente nos países avançados, deixando o desemprego em níveis inaceitáveis". O texto reafirma o compromisso do grupo de trabalhar em conjunto com decisões "para revigorar o crescimento econômico, criar empregos, garantir estabilidade financeira, promover inclusão social e fazer com que a globalização sirva às necessidades das pessoas".
Para presidente, reunião do G-20 foi "sucesso relativo" - (Foto: AFP).
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