Atualmente, os carros da JAC, que começam com preço de cerca de R$ 39.000 e vêm com 6 anos de garantia, estão superando em vendas modelos mais conhecidos no maior mercado de carros do continente. "A imagem brasileira dos produtos chineses está mudando muito rapidamente", diz Sérgio Habib, de 52 anos, um empresário brasileiro que importava Jaguars e Aston Martins e agora é dono de concessionárias JAC -- "estamos ajudando nisso com os carros da JAC", acrescenta ele.
No mundo todo, a China está usando seus poderes de persuasão -- por meio de seus produtos, sua economia possante, um serviço diplomático crescentemente sofisticado, e o apelo de sua cultura -- para convencer consumidores e tornar mais fácil para as empresas chinesas entrar em mercados vitais e garantir-lhes matérias-primas. Analistas chamam isso de "poder suave" (soft power), e ele é exercido de maneira diferente na Ásia, onde a China está tentando acalmar seus vizinhos tensos com seu poderio militar, e nos EUA, onde as preocupações estão geralmente focadas no autoritarismo e nas práticas comerciais desleais dos chineses.
Diferentemente do que ocorre nos EUA e em muitos países da Europa, a maioria dos brasileiros tem uma visão favorável da China, de acordo com um relatório do Centro de Pesquisas Pew sobre atitudes dos brasileiros emitido no ano passado. "Em um lugar como o Brasil, e com certeza em outros países da América Latina, onde a história da China não é tão longa ou antiga, você tem mais oportunidades de deixar uma boa impressão", disse Joshua Kurlantzick, autor do livro Charm Offensive: How China's Soft Power is Transforming the World (Ofensiva de Charme: Como o Poder Suave da China está transformando o Mundo, em tradução livre).
Ainda assim, a China está cada vez mais enfrentando desafios à medida que aumenta sua presença no Brasil. Empresários brasileiros têm levantado questionamentos em relação à moeda chinesa subvalorizada e a à margem de financiamento disponível para a indústria chinesa, que está se movendo para instalar fábricas no Brasil que dividirão o mercado.
Autoridades chinesas observam que os interesses e os riscos são altos para seu país, que ultrapassou os EUA em 2009 para tornar-se o maior parceiro comercial do Brasil. As exportações chinesas para o Brasil chegaram quase a 29 bilhões de dólares no ano passado, 19 vezes o que a China exportava para o país há dez anos atrás. A China vê potencial para crescer mais no Brasil, cuja classe média em expansão alcançou 95 milhões de consumidores, muitos deles munidos de crédito barato.
Em uma entrevista, Zhu Qingqiao, conselheiro comercial da embaixada chinesa em Brasília, descreveu o Brasil como um parceiro e detalhou como a China importa uma ampla gama de produtos brasileiros, de soja a frutas e aviões. Ele falou também dos campos marítimos de petróleo e da vasta área agrícola no centro do país, ambos vitais para a economia rapidamente crescente da China. "As economias dos dois países são complementares, há um grande potencial de cooperação", disse ele.
Desde que um relatório de 2001 do Goldman Sachs sobre potências econômicas emergentes agrupou o Brasil e a China, junto com Rússia e Índia, líderes em Beijing e Brasília têm feito um grande esforço para realçar as semelhanças entre seus países.
Em um esforço para garantir uma relação comercial sólida com a potência econômica emergente, e facilitar a entrada de empresas chinesas em mercados vitais da América Latina, a China está exportando carros para o Brasil (Foto: The Washington Post).
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