quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pausa no blog

Estarei ausente de hoje até o dia 12/10, inclusive, e o blog ficará em "recesso" nesse período. Grato a todos e um abraço.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

BNDES acelera desembolsos para obras na América Latina

O banco estatal brasileiro BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento aumentará em 26,6% em base anual seus desembolsos na América Latina, chegando até 870 milhões de dólares em 2011, disse hoje um executivo do banco, consolidando-se assim como o "cheque em branco" das construtoras brasileiras na região.

Com uma carteira de crédito três vezes maior que a do Banco Mundial [o destaque é meu], o BNDES tem financiado a participação de empresas brasileiras em obras de infraestrutura desde o metrô de Caracas até gasodutos na Argentina, e hidroelétricas no Peru e na República Dominicana. "Podemos falar de uma tendência crescente no número de projetos e de operações de apoio à exportação, e também de uma diversificação dos destinos", disse à agência noticiosa Reuters a superintendente de Comércio Exteriordo BNDES, Luciane Machado. "No ano passado, o valor dos desembolsos (em projetos de infraestrutura na América Latina) foi de 687 milhões de dólares, este ano estamos projetando 870 milhões e no ano que vem, com base no crescimento da carteira, esperamos estar na ordem de 1 bilhão de dólares", acrescentou ela em uma entrevista telefônica a partir dos escritórios do banco no Rio de Janeiro.

Convertido em uma ferramenta de política externa do governo brasileiro, o BNDES financia exportações de bens e serviços com taxas preferenciais no entorno de 7 por cento. Os desembolsos do banco na América Latina têm crescido de maneira sustentada na última década, com taxas de dois e até de três dígitos. Mas, o BNDES tem sido criticado por emprestar dinheiro a taxas que alguns consideram subsidiadas, e que oferecem vantagens competitivas a construtoras brasileiras como Odebrecht, OAS ou Camargo Corrêa. Luciane Machado diz que essa é uma acusação sem fundamento.

"Rechaçamos peremptoriamente a acusação de que operamos com taxas subsidiadas. Trabalhamos com taxas internacionais de referência, e o único que queremos fazer é dar aos nossos exportadores as mesmas condições de taxas de juros que as dos nossos competidores, para participar em licitações", disse ela.

Luciane Machado disse que as operações internacionais do BNDES não serão afetadas pela decisão de reduzir os níveis de operação no Brasil, que busca atrair capital privado inibido pelas condições preferenciais de financiamento oferecidas pelo banco estatal. "No exterior participamos com uma porcentagem das exportações brasileiras, nosso nível de participação no projeto todo é muito menor, da ordem de 80 ou 70 por cento. Se aplicássemos alguma redução talvez comprometêssemos a viabilidade do projeto", disse ela.

A carteira do BNDES para projetos de infraestrutura na América Latina ronda os 17,2 bilhões de dólares, 60 por cento dos quais ainda não aprovados.  A executiva disse que o banco prevê "desembolsos expressivos" nos próximos anos na Argentina, onde o BNDES está financiando projetos de geração hidroelétrica e de expansão de gasodutos. Na Venezuela, o BNDES está envolvido atualmente na construção de um estaleiro da empresa petrolífera estatal PDVSA, e em uma usina siderúrgica. No Peru, um país novo na carteira do banco, o BNDES prepara o financiamento da hidroelétrica de Chaglla e de uma usina de dessalinização ligada a uma mina de fosfato de Bayóvar, esta última envolvendo a mineradora brasileira Vale.

O BNDES financia ainda a construção de estradas faraônicas desde o oeste do Brasil até portos do Peru e do Chile no Pacífico, abrindo uma porta para a China para as exportações brasileiras. Luciane Machado disse que o banco estuda ainda novos projetos na Nicarágua e na Costa Rica. "Crescemos, mas considerando o conjunto de oportunidades que a América Latina tem oferecido, nossa participação ainda é muito pequena", disse ela.



Projeto da Vale em Sergipe esbarra em petróleo da Petrobras

Petrobras e Vale ainda não chegaram a um acordo sobre o projeto de potássio Carnalitas no Sergipe porque negociam como tornar compatível a exploração de petróleo e de potássio existentes na mesma localidade, afirmou o diretor de Operações da Vale Fertilizantes, Marcelo Fenelon, nesta terça-feira. A Petrobras, segundo ele, talvez tenha que abrir mão de explorar uma parte das reservas que integram o campo de Carmópolis, o segundo maior produtor de petróleo em terra do país.

O acordo entre Vale e Petrobras não tem previsão para ser celebrado, disse o executivo a jornalistas após palestrar no 14o Congresso Brasileiro de Mineração, em Belo Horizonte. "Está sendo discutida a convivência da lavra de petróleo com a lavra de potássio. Convivência ou prioridade", disse o executivo ao ser indagado sobre o que falta para que um acordo entre Vale e Petrobras seja realizado.

A Vale já tem um contrato de arrendamento com a Petrobras pelo qual produz potássio na região a partir da mina de Taquari-Vassouras. O objetivo da Vale é ampliar a produção de potássio em mais de três vezes a partir da exploração de outras minas que ficam na área da Petrobras, onde a estatal possui direitos minerários. Para tanto, as duas empresas precisam realizar um contrato de arrendamento ou de venda dos direitos minerários da Petrobras para a Vale. "As soluções estão na mesa; são várias as possibilidades. A Vale e a Petrobras estão em entendimento", acrescentou o executivo.

Segundo uma fonte ligada ao processo, o método de exploração de potássio que a Vale pretende usar na região, de dissolução da rocha de carnalita, pode deteriorar a estrutura que mantém os depósitos de petróleo. O executivo da Vale Fertilizantes, porém, não confirma a informação.

Outra informação da fonte, que prefere não ser identificada, é de que a extração de petróleo e potássio não pode ser realizada ao mesmo tempo por causa de possíveis explosões provocadas pelos hidrocarbonetos. O campo de Carmópolis produz cerca de 22 mil barris por dia e só perde para o campo de Urucu, que extrai 44 mil barris por dia.

A Vale já explora a mina de potássio arrendada da Petrobras em Sergipe desde 1991 e produz cloreto de potássio a partir dos sais de silvinita, num volume de cerca de 700 mil toneladas anuais. Com um acordo com a Petrobras, a produção em Sergipe poderá mais que triplicar, segundo disse o presidente da Vale, Murilo Ferreira, em recente entrevista à Reuters.

O projeto de exploração de carnalita, um tipo de sal de potássio, a uma profundidade de 1,2 mil metros, tem capacidade prevista de 2,2 milhões de toneladas anuais. Atualmente, o país importa cerca de 90 por cento das suas necessidades de potássio, insumo de fertilizante, produto altamente demandado no Brasil, uma potência agrícola.

A Vale estuda ainda desenvolver um novo projeto de fertilizantes na Argentina, segundo o diretor de operações de sua subsidiária. O projeto, batizado de Salar de Antofalla, na província de Catamarca, fica localizado em uma região vulcânica rica em diversos minerais, entre os quais insumos para fertilizantes, mas o executivo não especificou qual ao falar com jornalistas. "É um projeto ainda embrionário", afirmou.

Fenelon afirmou ainda que a Vale Fertilizantes possui projetos suficientes para passar de 14° lugar para 5° no ranking dos maiores produtores de potássio do mundo. Os projetos têm previsão de entrada em operação de até aproximadamente 2020 e demandam investimentos de 15 bilhões de dólares, informou ele. Entre os vários projetos em desenvolvimento pela Vale na área de fertilizantes estão Rio Colorado e Neuquén, ambos na Argentina, além de Kronau, no Canadá. Os três projetos são para a produção de silvinita. Além disso, a empresa desenvolve projetos de fosfato, entre os quais Bayovar, no Peru.

A meta de produção de fertilizantes a partir da rocha fosfática é de 7,6 milhões de toneladas neste ano, que, segundo o diretor da empresa, deverá ser cumprida. Já produção de potássio deve ficar em 625 mil toneladas, um pouco abaixo da meta de 760 mil toneladas prevista inicialmente.



Filhotes de pandas gigantes dividem berço em centro de pesquisa

Filhotinhos de pandas gigantes dividiram um berço no Centro de Pesquisa de Pandas em Chengdu, na China. Os doze filhotes não pareciam se incomodar em ficarem amontoados na hora da soneca.

Fundado em 1987, o centro abriga 83 pandas gigantes. 

Doze filhotes de pandas dividem um berço na hora da soneca (Foto:  China Daily/Reuters).

Mozilla lança Firefox 7.0

O texto abaixo, escrito por Leonardo Luís, é do blog "Blog de Tec" e foi publicado hoje no jornal A Folha de S. Paulo.

A Mozilla lançou hoje o Firefox 7. No post sobre a novidade em seu blog, a empresa dá destaque para o fato de a nova versão de seu navegador reduzir significativamente o uso de memória. Isso, segundo a Mozilla, ficará evidente na abertura de novas abas e quando o usuário clicar em itens do menu e de botões de sites. A empresa diz que a velocidade mais alta em comparação com a antiga versão será notada especialmente quando várias abas estiverem abertas e em sessões de navegação de período prolongado. Além disso, diz que novas ferramentas do navegador devem facilitar a vida de desenvolvedores e que jogos e animações em HTML5 ficam mais rápidos nele.

Baixe a nova versão do Firefox aqui.

Café pode prevenir depressão em mulheres, diz estudo

Uma pesquisa indica que mulheres que bebem duas ou mais xícaras de café por dia são menos propensas a sofrer de depressão. Ainda que as razões desse efeito não estejam claras, os autores acreditam que a cafeína pode alterar a química do cérebro. O estudo mostrou ainda que café descafeinado não teria o mesmo efeito.

Os resultados da pesquisa foram divulgados na publicação especializada Archives of Internal Medicine e provêm de um estudo realizado entre mais de 50 mil enfermeiras. Uma equipe de especialistas do Harvard Medical School acompanhou a saúde do grupo de mulheres pesquisado ao longo de uma década, entre 1996 até 2006, e fez uso de questionários para registrar o consumo de café por parte delas. Entre as pesquisadas, apenas 2.600 deram sinais de depressão ao longo deste período. E, destas, a maior parte consumia pouco café ou não tomava a bebida.

Comparadas com as mulheres que bebiam apenas um copo de café por semana ou até menos, aquelas que consumiam duas a três xícaras por dia tinham 15% a menos de chance de sofrer depressão. Aquelas que bebiam quatro ou mais xícaras por dia tinham 20% de chance a menos de ter depressão.

Brasil sobe em ranking de tecnologia da informação, mas escassez de talentos preocupa

O Brasil avançou no setor de tecnologia da informação, mas poderia ter crescido mais não fossem entraves como burocracia e deficit de especialistas, segundo um ranking realizado pela Economist Intelligence Unit, o braço de pesquisa e análises da revista The Economist.

Investimento em pesquisas e em infraestrutura ajudaram o país a galgar uma posição em relação a 2009, ocupando agora a 39ª posição no índice, feito pela Economist Inteligence Unit para a organização Business Software Alliance (BSA). No ranking, que mede principalmente a competitividade no setor, o Brasil está imediatamente atrás da China e muito à frente de outros países da América Latina, com exceção do Chile, que é o líder regional. "O crescimento da pontuação brasileira na categoria 'pesquisa e desenvolvimento' foi a maior responsável tanto pela evolução na pontuação geral do Brasil, como em sua posição no ranking", disse à BBC Brasil o diretor da BSA no Brasil, Frank Caramuru.

O país ocupa agora o primeiro lugar entre os países da América Latina neste quesito, que tem peso maior na pontuação e avalia investimentos públicos e privados, além do número de patentes e valor recebido por royalties em relação ao número de habitantes. Segundo Caramuru, a nota brasileira saltou de 1,6 na primeira edição do estudo em 2007 para 21,2 na edição deste ano.

Alguns itens da categoria "capital humano" também ajudaram a impulsionar a posição brasileira. O número de formandos nas áreas de ciências e engenharia aumentaram, levando o país a ocupar o 8º lugar nessa classificação. No entanto, o Brasil permaneceu estagnado no que diz respeito à qualidade de habilidades tecnológicas, gerando temores sobre a escassez de profissionais de tecnologia da informação (TI) qualificados para atender a demanda.

Para Caramuru, já se pode falar em uma crise de talento no mercado brasileiro de TI. "A avaliação aponta para a necessidade de um aprimoramento do currículo dos cursos de ciências da computação, bem como de um estímulo à essa opção de carreira entre estudantes", disse. "Hoje estima-se que existam 90 mil vagas não preenchidas neste setor no Brasil, e uma projeção da FGV avalia que, em 2014, esse déficit pode chegar a 800 mil".

Progressos na "infraestrutura na tecnologia da informação" também trouxeram mais avanços que retrocessos para o cenário brasileiro. Entre os aspectos positivos está a ampliação da telefonia celular, cujo índice de penetração já ultrapassa os 100%. Por outro lado, a morosidade na expansão da banda larga no país é citada como aspecto negativo, já que dificulta a absorção de serviços de TI. Mas na hora de apontar culpados, o levantamento aponta o dedo principalmente para a burocracia brasileira, que freia a inovação e a implantação de TI no país. Para Caramuru, a estrutura regulatória do país é um grande entrave. "Restrições para contratar e demitir são um empecilho especial para o setor de tecnologia e inovação, em que o mercado sofre mudanças constantes e no qual a agilidade de gestão é crucial para se manter a competitividade".

Barreiras como essas precisam ser vencidas rapidamente pelo Brasil, se o país quiser competir realmente com os países dos Brics. Segundo o estudo, embora a Índia e a China estejam hoje no meio da lista de classificação (34ª e 38ª respectivamente), ambos ganharam terreno no ranking e tudo indica que devem subir mais posições nos próximos anos. "Os Brics possuem vantagens de mão-de-obra menos custosas em relação a países desenvolvidos", afirma Caramuru. "China e Índia, em relação ao Brasil, deram saltos maiores no ranking devido à quantidade de alunos matriculados em cursos de ciência e engenharia, bem como uma formação mais sólida em TI. Ambos os países estão no top 10 global no quesito capital humano".

Entre muitos números e opiniões de especialistas da área, o ranking deixa pistas do que pode ser feito para avançar novas posições nos setores de tecnologia da informação. Para o diretor da BSA, estimular a opção de estudantes pela área é fundamental. "Na Índia, dois terços dos estudantes universitários estão matriculados em cursos de ciências exatas e engenharia. No Brasil são apenas 14%".

A análise também mostra que formar estudantes com habilidades ou aptidões em TI é importante, mas já não é suficiente. "Uma grade complementar voltada aos negócios é essencial para esses profissionais prosperarem e contribuírem de forma mais significativa com suas empresas."

Monumento a Washington fechado por tempo indeterminado devido a danos causados por terremoto

O Serviço Nacional de Parques informou nesta segunda-feira que o Monumento a Washington será indefinidamente, e que o terremoto de magnitude 5,8 em agosto causou mais danos ao monumento do que o se informou anteriormente. Funcionários disseram que um "campo de detritos" foi encontrado na base do monumento, formado em grande parte de argamassa que se soltou durante o terremoto, e peças maiores, de pedra, caíram soltas dentro do monumento.

O serviço responsável pelo parque colocou um vídeo no seu site, filmado durante o terremoto por uma câmara de segurança dentro do deck de observação próximo do topo do monumento. Ele mostra escombros caindo do teto, a estrutura inteira sacudindo violentamente, e visitantes horrorizados caindo e correndo em busca de lugar seguro.

O sistema do elevador foi danificado, e está operando apenas até o nível de 250 pés (cerca de 76 m) da altura total de 555 pés (pouco mais de 169 m), o Serviço do Parque informou, acrescentando que se acredita que seu mecanismo tenha sido danificado por seus contrapesos durante o terremoto. Um especialista em montanhismo e escaladas com cordas do Parque Nacional Denali, do Alasca, Brandom Latham, foi trazido para assessorar engenheiros para fazer rapel nas laterais do monumento para inspeções mais detalhadas.

Funcionários do Parque em Washington disseram que estão tentando determinar exatamente quanto o monumento foi danificado interna e externamente, e quanto reparo será necessário.

Veja o vídeo feito pela câmara de segurança do monumento durante o terremoto.

View inside Washington Monument during quake

 O Monumento a Washington (Foto: Wikipedia).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Livro descreve alastramento do crime cibernético e descreve perfil de hackers

Escrito como uma empolgante história de suspense, o novo livro do jornalista britânico Misha Glenny revela ao leitor o mundo obscuro do crime cibernético.

Glenny, filho de um acadêmico russo, é autor do bestseller McMafia, que descreve o alastramento do crime transnacional após a desintegração da União Soviética. No novo trabalho, intitulado Dark Market: CyberThieves, cyberCops and You, Glenny, ex-repórter da BBC, faz um passeio pelo universo paralelo habitado por hackers, encontrando toda sorte de personagens bizarros no percurso. Em entrevista à Radio 4 da BBC, Glenny explicou que o título se baseia no nome de um conhecido website, o darkmarket.com. "Até ser fechado, no final de 2008, o darkmarket.com era o principal site em língua inglesa onde criminosos do mundo inteiro compravam milhares de cartões de crédito clonados, vários tipos de vírus e cursos sobre como cometer crimes cibernéticos", disse Glenny.

O livro descreve, entre outros episódios na história do cybercrime, a primeira Conferência Internacional Mundial de Carders (carder é o termo inglês para pessoa que comete fraudes com cartões de crédito), realizado em Odessa, na Ucrânia, em maio de 2002. Cerca de 400 criminosos cibernéticos de todo o mundo se reuniram na cidade - apropriadamente escolhida por ser, nas palavras de Glenny, "o reino dos ladrões na antiga União Soviética" - para um evento exclusivo, somente para convidados. "Eu fui atrás de alguns desses personagens", contou Glenny."Eles vêm do mundo inteiro, têm níveis sociais distintos e pertencem a etnias variadas, mas têm algumas características em comum. A grande maioria, 95%, é do sexo masculino. Eles têm pouca habilidade em se comunicar e aprendem a prática do hacking quando têm 13, 14 ou 15 anos, antes de desenvolverem conceitos morais. O mundo virtual oferece a eles uma maneira de mostrarem seu talento sem precisarem se relacionar com pessoas".

 O livro descreve como os ladrões cibernéticos se integram às máfias locais, seja na Ucrânia, na América do Sul ou no Mediterrâneo, mas explica que seus crimes não estão limitados a regiões geográficas específicas. Isso torna a máfia russa, hoje em dia, tão presente na Grã-Bretanha como na Rússia. Um crime é ordenado em Odessa, na Ucrânia, mas acontece em Idaho (Estados Unidos) e o dinheiro é embolsado em Dubai (Emirados Árabes) ou na Ucrânia", disse Glenny. "Ou seja, um crime que envolve metade do planeta acontece em um período de 10 minutos e a vítima só fica sabendo muito tempo depois. Ou, em alguns casos, nunca".

Hoje, o crime na rede movimenta vastas quantias em todo o mundo. Entre suas grandes vítimas estão seguradoras e bancos - mas poucos falam sobre o assunto, disse Glenny. "Os bancos estão preocupados. Não querem que se torne público que são regularmente atacados, porque se isso chega ao domínio público, a reputação dessas empresas é prejudicada".

O escritor disse, no entanto, que os ladrões cibernéticos estão agora investindo em um novo campo: "Um dos campos onde o crime cibernético cresce mais é o da espionagem industrial, competição industrial. Mas não ficamos sabendo sobre o assunto porque as empresas estão muito assustadas e não querem falar sobre o assunto".

No esforço de desvendar os mistérios do crime cibernético, Misha Glenny conheceu e, admite, se encantou com alguns dos integrantes dessa comunidade particular de ladrões. "Alguns são muito divertidos. Eu tenho simpatia em especial por um hacker que trabalhava para a inteligência militar soviética", disse. "Ele combina habilidade técnica com consciência política, algo muito raro nesse grupo. Tenho simpatia por eles. Muitos dos meninos mais novos que se envolvem com o crime cibernético têm dificuldade em se relacionar socialmente e isso é a única coisa que dá a eles a oportunidade de se afirmar, de sentir que têm algum valor no mundo".

Glenny reconhece, no entanto, que muitos estão sendo manipulados. "Infelizmente, eles são manipulados para se envolver no crime". E diz que os riscos associados ao cybercrime estão crescendo exponencialmente. "Chegamos a um ponto em que governos perceberam que precisam fazer algo sobre segurança, porque tudo está interligado", explicou. "Quando um país está sendo atacado, ele não sabe se o ataque é crime cibernético, espionagem industrial ou um outro Estado querendo atacar a infra estrutura nacional crítica – suprimento de energia ou de água - de um país".

Um bom exemplo disso ocorreu em 2007, quando um ataque cibernético causou grandes sustos e transtornos na Estônia. Bancos, departamentos do governo e a mídia nacional tiveram seus sites inundados por spam, fazendo com que ficassem fora do ar por um longo tempo. Os autores do ataque nunca foram encontrados, embora haja suspeitas de que ele tenha partido da Rússia. No outro extremo do crime cibernético está a guerra cibernética. No ano passado, foi criado um vírus chamado Stuxnet, que atacou as instalações nucleares do Irã. Ou seja, um Estado ou outro colocou no mundo um vírus que pode causar danos profundos à infraestrutura de um país e isso deu início a uma corrida de armamentos no mundo cibernético", disse Glenny. “Hoje, existe um quinto domínio militar, paralelo à terra, água, ar e espaço. É o primeiro criado inteiramente pelo homem e tem um comando inteiramente cibernético".

O livro Dark Market: CyberThieves, cyberCops and You estará disponível em algumas livrarias brasileiras a partir de outrubro.




A zona do euro quer reforçar seu fundo de apoio à Grécia

No início de uma semana crucial para a Grécia, a zona do euro tenta descartar o fantasma do contágio da dívida e de uma falta de pagamento (défaut): os europeus pensam seriamente sobre reforçar o fundo de apoio europeu (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, FESF em francês), enquanto Atenas promete sempre mais rigor, a qualquer preço.

A Comissão Europeia decidiu hoje a favor de um reforço dos recursos e meios do FESF, além daqueles aprovados em julho. "Refletimos sobre a possibilidade de dotar o FESF de um poder de alavancagem mais importante, para lhe dar mais força", disse o encarregado de assuntos econômicos da Comissão, Olli Rehn, em uma entrevista ao jornal alemão Die Welt (O Mundo) publicada hoje. O assunto não é unanimidade entre os governos, que darão a palavra final. Assim, a reação da Holanda não se fez esperar. No contrapé dessa reflexão europeia, o primeiro-ministro Mark Rutte afirmou que não havia "planos" em seu país prevendo solicitar um aumento de dotação do FESF. Nem na Finlândia, ouviu-se em seguida.

Mais cedo, no início dos trabalhos, a Rússia se disse pronta a adquirir as obrigações do FESF e a alocar ao FMI (Fundo Monetário Internacional) recursos suplementares para suporte aos países da zona do euro. O ministro das Finaças russo, Alexeï Koudrine, comentou que essa disponibilidade de dinheiro russo era muito vantajosa para as duas instituições.

Criado na primavera de 2010 para prestar ajuda aos países em dificuldade na zona do euro, o FESF já viu seu escopo ampliado e suas atribuições expandidas em julho passado. A partir daí, ele tem em particular a possibilidade de recomprar no mercado secundário a dívida pública dos países em dificuldades, ou de ajudar os bancos. Estas últimas medidas, tomadas pelos dirigentes europeus, estão em via de serem aprovadas pelos países da zona do euro.

Mas, a crise da dívida que sacode a região agravou-se ainda mais desde o outono, exigindo um FESF ainda mais sólido. Entre as ideias sugeridas consta, por exemplo, a concessão de empréstimos do FESF aos investidores que comprassem a dívida dos países em dificuldades. Em sua entrevista ao Die Welt, Rehn não entrou em detalhes, a poucos dias do voto sobre o acordo de julho pelos deputados alemães, no qual a Alemanha é o maior contribuinte no plano de ajuda europeia.

O excesso de dívida, tanto em nível doméstico quanto para os bancos e os países, permanece como o problema central do sistema financeiro atual, lembra a diretora do FMI, Christine Lagarde, em manifestação publicada no portal Project Syndicate. Problema central que afeta particularmente os países avançados, e mexe com a economia mundial "em uma nova fase, das mais perigosas", não hesitou ela em acrescentar. Para evitar isso, Lagarde preconiza uma ação coletiva, baseando-se entre outros fundamentos em "planos plausíveis de estabilização e de redução da dívida pública a médio prazo". Sem esquecer, para não atrasar ou impedir a recuperação, medidas tais como o estímulo à poupança ou uma ajuda aos proprietários. [O texto em francês é vago quanto à palavra "proprietários", mas quero crer que se refira a proprietários  de imóveis residenciais].

A Grécia fará ainda mais parte dos países "sob pressão dos mercados e que não têm alternativa", ao invés daqueles que "dispõem da vantagem da liberdade de planejar esse tipo de medidas , segundo Christine Lagarde. Esse país, que aguarda nesta semana seus "sócios" capitalizadores, prometeu reduzir seu déficit orçamentário "a qualquer custo". - "O que é importante para nós é interromper o círculo vicioso. Falo agora na minha condição de ex-ministro da defesa: é absolutamente necessário ganhar esta guerra", enfatizou ontem o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizélos, diante da assembleia anual do instituto internacional de finanças, uma associação de 450 bancos ao redor do mundo.

Depois de uma visita abortadano início de setembro, por causa dos atrasos gregos, a Comissão europeia, o Banco Central Europeu, e o FMI reúnem-se nesta semana em Atenas para realizar uma auditoria fiscal para verificar se o país consegue escapar de um défaut do que deve. O que está em jogo é o desbloqueio em outubro -- vital para a Grécia -- da sexta parcela de oito bilhões de euros do empréstimo concedido em maio de 2010 pela zona do euro e pelo FMI. Entretanto, a Grécia deverá sem dúvida esperar ainda pelo desenrolar de uma reunião do eurogrupo em 3 de outubro, antes que uma decisão seja tomada sobre o desbloqueio da próxima parcela do plano de ajuda.


domingo, 25 de setembro de 2011

Show de sapateado p'ra ninguém botar defeito

Para encerrar bem o domingo ...

Lord Of The Dance River Dance Battle

Israel projeta construir ilhas artificiais para dessalinizar água em pleno oceano

Israel terá que investir 200 bilhões de novos shekels (cerca de 54 bilhões de dólares) nas próximas quatro décadas no desenvolvimento de instalações para abastecimento de água, mas estará também em condições de fazer isso sem aumentar o custo da água para o consumidor, de acordo com o detalhado plano para desenvolvimento de suprimento de água recentemente pelo Conselho Nacional de Água.

O plano propõe também a criação de usinas ou centrais de dessalinização de água do mar em ilhas artificiais construídas  para esse fim longe da costa, no oceano, por causa da dificuldade em encontrar terra disponível para isso nas praias. Com base nesse plano, a expansão da disponibilidade de água em Israel se fará prioritariamente por essas usinas de dessalinização. Isso possibilitará retirar menos água de fontes naturais, permitindo que elas sejam recuperadas em níveis mais altos. O foco na dessalinização reduz também os riscos apresentados por uma depência maior de fontes naturais, como o Lago Kineret, por exemplo.

A quantidade de água alocada para a agricultura não diminuirá, mas ela se baseará porém em água de esgoto purificada e água não potável retirada de cisternas. O plano propõe seguir adiante com os objetivos fixados pelo governo, alcançando 750 metros cúbicos de água dessalinizada em uma década, o dobro da capacidade atual. A começar da próxima década, será necessário dobrar novamente a capacidade de dessalinização -- em 2050. 

Os cáculos no plano mostram que Israel exigirá um adicional de 1,5 bilhões de metros cúbicos de água nos próximos anos, além do que lhe é disponível. Um terço será usado para suprir a Jordânia e a Autoridade Palestina.

Os autores do plano, membros do departamento de planejamento do órgão responsável pela água, avaliam que o consumo por pessoa por ano não atingirá 110 metros cúbicos, como estimativas anteriores afirmavam.  Espera-se que ele fique em 95 metros cúbicos, apesar do esperado aumento nos padrões de vida. As principais razões para isso são uma eficiência maior no uso da água, assim como a utilização de água de esgoto purificada em jardins públicos.

Os autores do plano afirmam que há um atraso na construção de instalações para a purificação de água que foi poluída, ou que se tornou salgada. Esse atraso, dizem eles, está sendo causado pelo ministério do Meio Ambiente, que emite autorizações para a remoção do sal que é coletado durante o processo de purificação, e em seguida é jogado no mar. "Como consequência, dezenas de tais projetos não estão progredindo, e a recuperação de fontes de água natural está sendo prejudicada", afirma o plano.

Uma alta fonte do ministério do Meio Ambiente negou enfaticamente essas alegações. Ele disse que o órgão responsável pela água não fez uso de nenhum dos locais destinados a jogar sal no mar. Ela disse que o ministério concordou em levar em consideração o depósito de sal em qualquer lugar onde houvesse poços poluídos, mas o Conselho Nacional de Água não solicitou que o ministério fizesse isso. A fonte afirmou também estar previsto que o Conselho apresentasse planos nos quais estivesse detalhada a quantidade de água que deveriam limpar, mas tais planos não foram apresentado ao ministério do Meio Ambiente.
A usina de dessalinização de Hadera, em Israel, controlada pela empresa IDE Technologies Ltd (Foto: Eyal Toueg).

Protecionismo na Argentina

A prestigiosa revista inglesa The Economist publica a primeira de duas reportagens sobre o protecionismo na América do Sul -- a primeira aborda o caso da Argentina, a segunda terá como foco o Brasil. Segundo a revista, as duas maiores economias da América do Sul estão impondo severas restrições comerciais.

Em anos recentes, Blackberrys tornaram-se um componente essencial na "caixa de ferramentas" dos profissionais jovens em Buenos Aires. Mas, se você não conseguiu comprar um antes do inverno do hemisfério sul você pode estar abandonado pela sorte. "Temos dificuldades para conseguí-los", diz um um vendedor em uma loja de celulares da Claro no elegante bairro da Recoleta.  "Não os temos há meses", é a resposta em uma loja da Personal em Palermo. A Movistar anuncia o modelo 8520 em sua home page, mas na realidade o telefone está esgotado.

No extremo sul da América do Sul, os Blackberrys inexistentes estão quase prontos para serem produzidos. No dia 3 de outubro a Brightstar, um fabricante multinacional, começará a importação de kits de peças dos telefones para a sua fábrica na Terra do Fogo, base usual de navios de cruzeiro rumo à Antárdida. Uns 300 operários enfrentarão o frígido nevoeiro austral para montar os aparelhos. 

Fabricar Blackberrys ao sul do Estreito de Magalhães custará de imediato 23 milhões de dólares, mais um custo de US$ 4.500,00 a US$ 5.000,00 por operário, algo como 15 vezes os custos na Ásia. Mas o governo vende o projeto como um triunfo de sua política comercial. Ele ajudará a cortar a fatia estrangeira no mercado argentino de celularers de 96% em 2009, para um previsão de 20% no final de 2011. "Temos um mercado doméstico com demanda crescente. O objetivo é suprí-lo com  mão de obra e produção locais", disse Débora Giorgi, ministra da Indústria, quando o acordo foi fechado.

Fabricantes argentinos vêm se expandindo em ritmo crescente desde a crise de 2001. Na maior parte desse período, um peso barato garantiu sua competitividade. Mas, desde 2005 a inflação tem assumido valores de dois dígitos. Com a redução do superávit comercial, a presidente Cristina Kirchner tem reforçado sua política industrial. De acordo com o Global Trade Alert, uma base de dados sobre restrições no comércio internacional, a Argentina impõe hoje mais restrições consideradas "danosas" do que qualquer outro país, exceto a Rússia.

Mesmo antes de Néstor Kirchner, o falecido marido de Cristina, tornar-se presidente em 2003 a Argentina já taxava as exportações agrícolas. Essa política fiscal visava aumentar a receita do Estado. Mas os Kirchners, mais tarde, justificaram essa política como sendo uma maneira de desencorajar a exportação de commodities a favor da indústrailização. Em 2008, Cristina provocou protestos ao tentar aumentar impostos sobre a soja, o principal produto de exportação da Argentina, e perdeu uma votação no Congresso.  Desde então, o país tem restringido as exportações de milho e trigo, deixando fazendeiros com um estoque estimado de 4 milhões de toneladas de milho que não podem nem vender no país, nem exportar. As exportações de carne têm sido também limitadas pelo governo, o que fez com que criadores deixassem de criar gado e levou a uma queda na produção de couro e no consumo de carne. Muitas empresas de couro, como a italiana Italcuer, deixaram o país.

No lado importador, a Argentina não pode aumentar unilateralmente suas tarifas alfandegárias porque pertence à união aduaneira do Mercosul. Mas ela tem recorrido a armas informais. Seu principal método é o "licenciamento não-automático",  uma estratégia aceita pela OMC (Organização Mundial do Comércio), que admite que um país retarde suas importações por 60 dias. A Argentina não tem esboçado nenhuma intenção de honrar este espaço de tempo. Em janeiro, aumentou de 400 para 600 o número de produtos que requerem licença. Foi uma limitação na importação de telefones que levou a Research in Motion a contratar a Brightstar a fazer Blackberrys na Argentina (incentivos fiscais levaram então a fábrica a instalar-se na Terra do Fogo). Entre outros produtos afetados estão brinquedos, ingredientes farmacêuticos, pneus, couro, e maquinaria agrícola. Em 15/9 a Argentina bloqueou as importações de livros, e mais de 1 milhão deles se acumulou nas fronteiras. As importações de motocicletas Harley-Davidson estão congelas até 2012.  [Esse esdrúxulo bloqueio da importação de livros num país do alto padrão cultural da Argentina é inexplicável e ridículo].

Às empresas que se recusam (ou não podem) deslocar sua produção para a Argentina, o governo oferece outra opção: fazer acordo para exportar produtos em quantidades iguais às suas importações. Em janeiro, funcionários da alfândega suspenderam a autorização para a Nordenwagen importar Porsches -- seus carros mofaram no porto por três meses até que a empresa sucumbisse a um acordo. Como os donos da Nordenwagen são os mesmos da vinícola Pulenta Estate, eles concordaram em lançar uma nova linha de vinhos de exportação para supermercados, acabando com o déficit comercial da empresa.

Plageando o Brasil, o próximo alvo do protecionismo argentino será provavelmente a compra de terras. Em abril, o governo propôs uma lei, rejeitada pelo Congresso, limitando em 20% do território o total de terras em poder de estrangeiros, e proibindo que qualquer pessoa possa adquirir mais que 1.000 hectares (2.471 acres).

É difícil mensurar o saldo dessas medidas. Desde 2005, as importações têm crescido mais que as exportações, mas esse gap poderia ser maior sem as restrições comerciais. A ministra da Indústria diz que a Argentina substituiu US$ 5 bilhões por ano desde 2009 (1,4% do PIB). Os consumidores locais arcam com a maior parte do custo disso, embora algo caia sobre os contribuintes, agora que o governo está oferecendo empréstimos a exportadores com taxas de juros reais negativas. Marcelo Elizondo, diretor da escola de comércio da UCES - Universidade de Ciências Empresariais e Sociais em Buenos Aires, diz que as intervenções estatais têm afetado apenas levemente a balança comercial. "Mas, são restritivas", diz ele. "São uma mensagem de caráter geral para qualquer um que queira importar, que isto será caro e complicado e que é melhor não produzir aqui". 

sábado, 24 de setembro de 2011

Alta do dólar pega indústria no contrapé

O dólar mudou de tendência no Brasil e parece que está deixando todo mundo, governo e empresários, meio zonzos e sem saber o que fazer e para onde a situação caminha. Quando o dólar estava baixo, indústria e empresários reclamavam diariamente -- agora o dólar subiu, e a grita é outra, tem gente (governo & empresários) que foi pega de calças curtas ...

A indústria está sempre reclamando do real forte, que prejudica a competitividade, reduz a utilização de insumos locais e desestimula investimentos. Mas quando a tão esperada desvalorização parece ter chegado, a notícia não é tão boa assim. A brusca variação do dólar - que saiu de R$ 1,59 no fim de agosto para R$ 1,84 na sexta-feira, alta de 15,5%, e bateu R$ 1,91 na quinta - pegou as empresas no contrapé.

O setor privado não esperava mais por esse movimento e não criou mecanismos de defesa contra o câmbio valorizado. Nos últimos anos, as companhias se endividaram em dólar e desenvolveram uma extensa rede de fornecedores no exterior. Em setores como eletrônicos, bens de capital e até autopeças, o problema pode ter se tornado crônico, porque ocorreu um desmonte das cadeias produtivas locais.

Se a reviravolta do mercado de câmbio não for um ponto fora da curva como na crise de 2008, as empresas vão sofrer com a alta dos insumos importados e das despesas financeiras em dólar. Companhias relatam que os custos já estão subindo à medida que faturam os insumos nos portos. Até agora, optaram por absorver a alta dos custos com redução do lucro, mas, se o real ficar acima de R$ 1,80, os reajustes serão incontornáveis, com consequências para a inflação. "Vamos suportar com redução de margem, mas será inevitável algum repasse, que varia muito conforme a mercadoria", diz Benjamin Sicsú, vice-presidente de novos negócios da Samsung. "Com alta de 15% a 20% nos custos em 40 dias, não tem matemática que resolva", completa. Domingos Dragone, diretor comercial da Black & Decker, conta que o mercado está agitado, mas não é sensato reajustar preço enquanto a direção do câmbio está indefinida.

"O que choca é a sensação de que seguimos sujeitos a chuvas e trovoadas no câmbio."Para Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), "a indústria brasileira se tornou estruturalmente dependente de insumos importados, num processo que começou na década de 90, mas se intensificou nos últimos sete anos". A participação dos importados no consumo de bens industriais saiu de 10,5% em 2003 para 20,4% em 2010. Com essa mudança, variações bruscas do câmbio desorganizam os negócios.

Na semana passada, a Assistecwaff, que fabrica máquinas para a indústria alimentícia e importa insumos, negociava uma encomenda de R$ 4 milhões. Maurício Alvarenga, diretor comercial, não sabia como agir. "Não sei como estará a cotação do dólar daqui a seis meses, que é o tempo necessário para construir a máquina. É um tiro no escuro." No setor de máquinas, a fatia dos importados saltou de 28,7% em 2003 para 47,2%em 2010.

A fabricante de autopeças Mecano importa barras de aço da Itália. Ricardo Galvanese, coordenador de comércio exterior, conta que a importação foi negociada com o euro a R$ 2,20, mas a divisa pulou para R$ 2,50 semana passada. "Se o real seguir em queda, dificilmente vamos repassar para as montadoras. O prejuízo será nosso".

Dívidas. Outra maneira de aliviar o peso do real forte foi se endividar em dólar. A dívida externa do setor privado saltou de R$ 160,5 bilhões em 2007 para R$ 346,9 bilhões em agosto deste ano, segundo o Banco Central. Nos últimos dias, empresas correram para fazer "hedge" (proteção) no mercado financeiro, evidenciando sua vulnerabilidade. "Os custos de mão de obra e energia já vinham altos. Com a virada do câmbio, as margens de lucro das empresas estreitaram ainda mais", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial (Iedi).

 O economista David Kupfer diz que a queda do real impacta imediatamente nos custos, mas o problema pode ser amenizado por exportações mais rentáveis. Ele afirma que as empresas brasileiras desenvolveram flexibilidade para fazer o caminho contrário e buscar fornecedores locais, mas o processo dura cerca de um ano. "Por isso, é importante que a desvalorização não seja rápida demais para evitar o impacto inflacionário."


Morte de um ícone? Blackberry perde espaço e ações despencam.

A RIM, fabricante do BlackBerry, está perdendo mercado muito mais rápido do que o esperado diante das rivais Apple e Google, em meio a preocupações crescentes quanto ao seu fluxo de caixa e capacidade para cumprir suas projeções. Ontem (16/9), as ações da companhia canadense desabaram 19% nos Estados Unidos. No dia anterior, a empresa havia anunciado forte queda no lucro trimestral, revelado números ruins sobre o trimestre em curso e informado que deve ficar perto do extremo mais baixo de sua projeção anual, que já havia sido reduzida.

"A perda de participação no mercado norte-americano persiste, e acreditamos que essa tendência esteja começando a se espalhar aos mercados internacionais. Já existem sinais de desaceleração no Reino Unido", escreveu o analista Pierre Ferragu, da Sanford C. Bernstein.

O fraco desempenho demonstrou até que ponto o BlackBerry, um dia o instrumento preferencial de comunicação corporativa, perdeu terreno diante dos avanços do iPhone, da Apple, e de aparelhos com o sistema operacional Android, dos Google, especialmente nos EUA. E, no entanto, os executivos da RIM continuam "em negação gritante" às evidências de perda de mercado, segundo Ferragu, que acredita que as projeções da empresa ainda parecem "irrealistas". / REUTERS

Mecha de cabelo pode desvendar mistério de emigração humana a partir da Austrália

Uma mecha de cabelos ajudou uma equipe internacional de pesquisadores a desvendar o genoma de aborígenes australianos e reescrever a história da imigração dos humanos pelo mundo.

O DNA retirado dos cabelos doados por um jovem aborígene a um antropólogo britânico em 1923 demonstrou que aborígenes australianos foram o primeiro grupo a se separar de outros grupos humanos modernos, há cerca de 70 mil anos. E isto desafia a teoria que afirma que houve uma única fase de diáspora, vinda da África. Enquanto as populações de aborígenes cruzavam a Ásia e a Austrália, o restante dos humanos permaneceu na região do norte da África e no Oriente Médio até 24 mil anos atrás, saindo apenas depois disto para colonizar a Europa e Ásia. Mas, os aborígenes tinham se estabelecido na Austrália há 25 mil anos e, portanto, estavam há mais tempo no local onde vivem atualmente do que qualquer outra população conhecida.

A pesquisa foi feita a partir de uma mecha de cabelo doada por um jovem aborígene a um antropólogo britânico em 1923. Os pesquisadores decidiram examinar a mecha de cabelo e não outro tipo de resto por razões legais, já que cabelo não é classificado como tecido humano. "O mais importante para nós que a pesquisa fosse aceitável de um ponto de vista social e moral", disse François Balloux, do Imperial College de Londres e participante da pesquisa. Para surpresa dos cientistas, todos os consultados apoiaram a pesquisa. Balloux afirmou que, no passado, grupos indígenas sempre foram "extremamente sensíveis a respeito das motivações de cientistas ocidentais" neste tipo de pesquisa. Mas, o último estudo foi publicado com "forte apoio" do Conselho de Terra e Mar de Goldfields, a organização que representa os proprietários tradicionais de partes da Austrália ocidental, aborígenes.

A pesquisa, publicada na revista Science, também destaca as novas possibilidades de, no futuro, comparar os genomas de vários indivíduos para rastrear a imigração de pequenos grupos. 

Restos arqueológicos encontrados na Austrália tiveram a idade calculada em cerca de 50 mil anos, o que determinava a idade máxima dos assentamentos de aborígenes no continente. Mas a história da jornada deste grupo e sua relação com povos da Ásia e Europa ainda não tinha sido desvendada.

Anteriormente se pensava que os grupos humanos modernos tinham se dispersado em apenas uma onda a partir da África e do Oriente Médio e, devido às distâncias envolvidas, os europeus modernos teriam se separado dos asiáticos e dos australianos em primeiro lugar. Mas, estas informações do DNA retiradas da mecha de cabelo aborígene mostravam que os australianos iniciaram sua jornada bem antes. Ao examinar as pequenas diferenças entre o DNA de aborígenes e de outros humanos antigos, os cientistas mostraram que os indígenas australianos ficaram isolados pela primeira vez há 70 mil anos.

François Balloux descreveu-a como "uma população se expandiu pela costa devido à fartura de recursos na região. Eles podiam andar quase pelo caminho todo, pois o nível do mar era bem mais baixo". Apenas uma pequena viagem pelo mar era necessária para alcançar a Austrália a partir da Ásia. Mas, qualquer vestígio arqueológico desta jornada, que durou cerca de 25 mil anos, deve estar perdido no fundo do mar, devido ao aumento do nível das águas.

Técnicas de análise de DNA como as que foram usadas neste estudo poderão ser usadas de forma mais ampla para analisar as imigrações humanas. A equipe internacional de cientistas agora planeja examinar mais profundamente a imigração dos humanos modernos a partir da África, além de tentar descobrir como e quando as Américas foram colonizadas. Balloux afirmou que está animado com o potencial desta técnica, descrevendo-a como um tipo de ciência que é "quase (como a mostrada no filme) Parque dos Dinossauros".

 Cientistas usaram mecha de cabelo para desvendar história de população (Foto: BBC Brasil).

Resgatando o euro: os erros fatais da estratégia de resgate de Berlim

A prestigiosa revista alemã Der Spiegel (O Espelho) publicou ontem em seu site em inglês Spiegel Online International um longo e interessante artigo sobre o envolvimento alemão na operação de resgate do euro, na crise financeira que vem afligindo a União Europeia. Reproduzo a seguir trechos desse artigo.

O parlamento alemão está pronto para aprovar, na semana que vem, a expansão do enorme pacote de resgate do euro. Mas, isso será um erro fatal. Há apenas uma solução sensata para a crise da dívida europeia -- e acontece também ser muito mais barata.

Não foi surpresa o rebaixamento da nota da Itália pela Standard & Poor's nesta semana. Essa decisão fez a estratégia para a crise da dívida da Europa um pouco menos crível ou confiável. Mas, o governo em Berlim ainda acredita que essa crise pode ser resolvida com pacotes de resgate cada vez maiores?

Poucas vezes os políticos alemães pareceram estar tão sem rumo como na crise do euro. Nunca antes Berlim havia cometido erros tão sérios e tão caros, juntando tantos erros como os que fizeram com seus grandes planos para a Europa. Querem estabelecer a unidade do continente -- mas, estão alimentando o medo e a irritação tanto nos nos países doadores quanto nos países recipientes de ajuda. Querem sustentar a área homogênea de uma só moeda -- mas, estão fazendo tudo o que é possível para aprofundar a divisão na zona do euro. Querem salvaguardar a margem competitiva da Alemanha -- mas, estão solapando sua viabilidade financeira futura com ônus inimagináveis.

O primeiro erro começa com a terminologia. A conversa é e tem sido sempre a de uma "crise do euro". A chanceler [Angela Merkel] chegou mesmo a fazer a afirmação insensata de que "se o euro fracassar, a Europa fracassa". É realmente possível levar uma moeda à crise e à ruína. Onde, por favor, está essa suposta crise do euro? Parece que muitos políticos, jornalistas e pesquisadores não conseguem mais fazer distinção entre orçamentos federais e o suprimento de dinheiro via bancos emissores. O que estamos vendo é uma esmagadora crise de dívida soberana, não a crise de uma moeda. O valor intrínseco do euro -- apesar da falação sobre os perigos de uma inflação expressiva -- é tão estável quanto o de muitas outras moedas.

O valor externo [do euro], porém, sofre naturalmente com a interminável tagarelice sobre uma crise. Alguns investidores da União Europeia debandaram em pânico para a suposta segurança da Suiça, gerando assim uma desvalorização do euro frente ao franco suiço. Mas, em comparação com o dólar, que ainda é a moeda mundial dominante, a taxa de câmbio tem permanecido estável. Medido em termos de poder de compra, o euro está até sobrevalorizado em relação à moeda americana.

Erro número dois - Os países que ainda desfrutam de boas avaliações acham que necessitam resgatar, com financiamento novo, os países com má avaliação. Estão violando assim o tratado basilar da zona do euro, que exclui esse tipo de ajuda. Recursos ou facilidades chamados de estabilizadores estão sendo maquinados para tornar comunitária a nova dívida. Aí, então, surge o Banco Central Europeu.  Analogamente, em violações contratuais grosseiras, ele compra bônus governamentais e, ao fazer isto, prejudica seu ativo mais importante -- a credibilidade.

E, o que resulta desses atos desesperados, com os quais os políticos alemães estão envolvidos ou que pelo menos aceitam com um dar de ombros? No caso de uma Irlanda fundamentalmente competitiva, eles querem essencialmente construir uma ponte para tempos melhores. Mas, com Portugal isso já é duvidoso. E, no caso da Grécia, de acordo com todos os cálculos financeiros, é impossível para esse país economicamente moribundo escapar da bancarrota, mesmo com uma mistura de dívida nova e reformas decisivas e profundas. Enquanto isso, ninguém em cargo de responsabilidade quer discutir o que aconteceria se investidores decidissem evitar a Itália, que está sob risco cada vez maior.

Os que estão no poder dizem-nos reiteradamente que não há outras alternativas que não sejam os resgates financeiros, quando se trata de garantir o euro (ou, na realidade, as instituições financeiras). Permanece incerto se eles realmente acreditam nisso.

Erro número três - Obviamente, há pelo menos uma outra possibilidade. Uma versão, sobre a qual banqueiros alemães têm conversado há mais de um ano, está sendo recomendada urgentemente por analistas. Ela sendo agora adotada, indiretamente, pela nova dirigente do FMI - Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, e pelo ministro da Economia alemão, Phillip Rösler (do Partido Democrático Livre, FDP em alemão). Mas, tem sido rejeitada pelo maior partido do governo, o conservador Democratas Cristãos de Angela Merkel, e pelos principais partidos oposicionistas,  o Social Democratas de centro-esquerda e o Partido Verde. Na realidade, a ideia tornou-se quase um tabu.

A solução é o denominado corte de cabelo da dívida ou, nas palavras do muito maligno Rösler, uma "falência organizada". Os credores que frivolamente deram  à Grécia e a outros países crédito até o ponto de uma declaração real de falência perderiam tanto dinheiro, que as perdas remanescentes para o país devedor seriam realmente administráveis. Especialistas acreditam que esse corte de cabelo da dívida envolveria entre 30 e 50% da dívida, dependendo do país. O segundo plano de resgate da Grécia, no verão, provê um perdão de apenas 20%, mas é voluntário e até agora apenas 75% das instituições financeiras concordaram com ele. [Essa ideia do "corte de cabelo da dívida" me pareceu um ovo de Colombo. Algo praticamente equivalente foi proposto em um debate recente na televisão espanhola por um economista da Universidade de Valência, na Espanha, que disse que é evidente que a Grécia não tem nenhuma condição de pagar uma parte considerável de sua dívida, e que portanto essa parcela deveria ser simplesmente eliminada do total da dívida do país].

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Duas mulheres multadas na França por cobrirem os rostos

A recente "proibição da burqa" na França já produziu seu primeiro julgamento e suas primeiras condenações: duas mulheres que organizaram um protesto em maio terão que pagar multas. Ontem, uma das rés decidiu levar seu caso à Corte Europeia de Direitos Humanos.

Ontem, uma corte de um subúrbio de Paris determinou que sejam multadas as duas primeiras mulheres a serem julgadas na França por violação de uma proibição do uso de vestuário ou de peças de roupa que cubram o rosto. Hind Ahmas, 32, e Najate Naitali, 36, foram ambas citadas em maio por usarem niqab, véu muçulmano tradicional que cobre o rosto, quando tentavam entrar na prefeitura de Meaux para entregar um bolo de aniversário ao prefeito. Meaux é um subúrbio de Paris, e seu prefeito, Jean-François Cope, ajudou a pressionar pela "proibição da burqa" no parlamento francês no ano passado.

Ahmas recebeu ontem uma multa de € 120 (US$ 161) e jurou levar seu caso à Corte Europeia de Direitos Humanos. Naitali recebeu uma multa de € 80 à revelia, depois de não lhe ser permitida a entrada no tribunal porque se recusou a retirar o niqab. "Isto viola as leis europeias", disse Ahmas a jornalistas depois da audiência em Meaux. "Para nós, o problema não é a multa, mas o princípio. Não podemos aceitar que mulheres sejam sentenciadas porque estão expressando livremente suas crenças religiosas". As duas, supostamente, levavam uma torta de amêndoas para o prefeito Cope como parte de um protesto simbólico, pois em francês as palavras para amêndoa (amande) e multa (amende) são muito parecidas.

A chamada "proibição da burqa", da França, é uma das várias medidas aprovadas na Europa no ano passado contra vestimentas que cobrem a face. A controvertida lei -- que os muçulmanos chamam de discriminatória -- começou a vigorar em abril. Muitas mulheres têm sido, desde então, paradas pela polícia, mas Ahmas e Naitali foram as primeiras a levar suas interdições à corte. [Essa questão da burqa é apenas um item do mosaico de problemas que cercam a integração de imigrantes muçulmanos nas sociedades europeias, principalmente na França e na Alemanha, como consta de postagem que fiz em janeiro deste ano. A proibição da burqa é, acho eu, uma questão não tão simples quanto possa parecer, já que num ambiente europeu sob permanente tensão por possíveis ameaças de terrorismo é no mínimo desconfortável confrontar-se com alguém cujo vestuário não permite sequer a identificação de seu sexo].

"O problema não é a multa", o advogado delas disse ontem à agência de notícias alemã DPA. "O problema é que, na realidade, essas mulheres estão sob prisão domiciliar. Essa é a punição real".

Os procedimentos e medidas franceses nesse particular foram acompanhados de perto por diversos governos europeus. A Itália e a Bélgica aprovaram leis semelhantes à francesa, enquanto Dinamarca, a Holanda e a Alemanha a debateram. Várias nações já proíbem o uso de vestuário que esconde o rosto para funcionários estatais durante o trabalho -- incluindo professores --, mas uma proibição total nunca havia sido testada por democracias europeias modernas.

"A proibição simplesmente viola minha liberdade individual, minha liberdade de pensamento, e de expressão e prática religiosas", Ahmas disse ao jornal Daily Telegraph, "e não tenho absolutamente nenhuma intenção de aceitá-la".

A lei francesa tem apoio popular, e alguns políticos afirmam que querem salvar ou proteger as mulheres muçulmanas da influência retrógrada de homens religiosamente conservadores. "Há gurus extremistas à solta, e temos que sustar sua influência e suas ideologias bárbaras", disse aos jornais um legislador do Partido Comunista chamado André Gerin no ano passado, de acordo com o jornal USA Today. "Cobrir a face de alguém prejudica insidiosamente sua identidade, a feminilidade de uma mulher, e a igualdade de gêneros". [Argumentação ridícula e despropositada, a meu ver].

Mas, a lei francesa não faz referência a religião ou gênero. Ela proíbe a cobertura da face, mas faz várias exceções -- para capacetes de motociclistas, por exemplo, ou para máscaras de esgrima e de esquiar.

Várias ativistas usando niqab estiveram em Meaux ontem em solidariedade a Ahmas e Naitali. Uma delas foi Kenza Drider, que disse ter esperança de desafiar Sarkozy na eleição presidencial do ano que vem.

Mulheres [?] não identificadas, usando niqab durante uma demonstração no ano passado na Holanda (Foto: AP).

Substância encontrada em tubarão detém vírus da hepatite B

Vem da biodiversidade marinha uma nova e potente arma contra os vírus de doenças como a febre amarela e a hepatite. Trata-se de uma molécula que impede que os vilões microscópicos consigam grudar nas células que atacam, dificultando infecções. O resultado não seria uma vacina contra os vírus, mas um medicamento potente, capaz de enfrentar os primeiros ataques virais contra o organismo e rebatê-los, reduzindo muito a chance de problemas de saúde para o doente.
Fonte: Folha de S. Paulo. Clique na imagem para ampliá-la.
A substância protetora é a squalamina, assim batizada por causa do pequeno tubarão Squalus acanthias, que mede 1 m de comprimento. Ela também é encontrada no sistema de defesa do organismo de uma lampreia (estranho peixe cuja boca parece uma ventosa). Contra uma série de vírus, entre os quais o da febre amarela e o da hepatite B, injeções de squalamina chegaram até a zerar a contagem viral (ou seja, o número de vírus no organismo) dos animais estudados pela equipe. Os testes foram feitos com hamsters e camundongos, e também com células cultivadas no tubo de ensaio.

Embora a pesquisa seja preliminar, os especialistas afirmam que há boas chances de a molécula começar a ser testada em breve em seres humanos para enfrentar vírus. Ocorre que ela já alcançou o nível de testes em pessoas para outros fins, como combater tumores. Por isso, os níveis da substância considerados seguros para seres humanos já são bem conhecidos, entre outros detalhes importantes. Além disso, a indústria já sabe como produzir a substância em grande escala --não será preciso capturar tubarões e lampreias para obtê-la.

A chave para o sucesso da squalamina está na curiosa interação que ela tem com a membrana que circunda as células. Essa membrana é o portal para o interior da célula e, por ela, entram tanto nutrientes como vilões, como vírus e outros invasores. A molécula dos tubarões consegue mexer com o equilíbrio elétrico da membrana quando a atravessa. E faz isso sem causar danos aparentes às células que adentra.

Ao fazer isso, ela dificulta a vida dos vírus, porque eles não conseguem "aprender" a se ligar à membrana alterada. Assim, eles têm dificuldade para entrar na célula ou, se já estão dentro dela, não conseguem sair para invadir outras células do organismo. Um dado importante é que essa atividade protetora da substância parece valer para vários tipos de vírus.

O estudo está na revista científica americana "PNAS".

Bocejo serve para esfriar cérebro, dizem cientistas

Bocejar pode ser muito mais do que só uma sinalização de cansaço. Segundo um estudo recente americano, o ato seria um mecanismo natural do corpo humano para esfriar um cérebro muito quente.

Para chegar a essa afirmação, os pesquisadores Andrew Gallup (Universidade Princeton) e Omar Eldakar (Universidade do Arizona) gravaram o número de vezes que 160 voluntários abriram a boca. Eles foram divididos em dois grupos iguais e supervisionados em estações do ano diferentes.

No verão, menos de um quarto dos participantes bocejou, época em que a temperatura externa está acima da corporal. No inverno, praticamente a metade bocejou. Os cientistas acreditam que o ar quente do verão não fornece alívio para um cérebro superaquecido, por isso a pessoa boceja menos. "Participei de outro estudo [publicado em "Frontiers in Evolutionary Neuroscience" em setembro de 2010] que confirmou nossa pesquisa atual", diz Gallup. "Nós observamos mudanças na temperatura do cérebro de camundongos antes e depois deles terem bocejado".

O estudo aumenta as especulações sobre a função biológica do bocejo --um deles diz que o bocejo ocorre quando há aumento do fluxo do sangue no cérebro, que seria causado pelo ato de se abrir a boca. Apesar de haver uma série de hipóteses, pouco se fez em pesquisas experimentais, e ainda falta consenso sobre seu propósito.

O estudo de Gallup e Eldakar está na edição deste mês da revista "Frontiers in Evolutionary Neuroscience".

NASA prova que fim de dinossauros não foi culpa do Baptistina

Observações do telescópio espacial Wise indicam que um asteroide da família Baptistina não é responsável pelo fim dos dinossauros. Com a prova oficial da Nasa (agência espacial americana), um dos grandes mistérios sobre a extinção dos animais pré-históricos permanece aberto.

Há evidências de que um grande asteroide atingiu a Terra há aproximadamente 65 milhões de anos, como uma enorme cratera no golfo do México.

Segundo um outro estudo de 2007, um objeto teria se chocado com um asteroide de proporções gigantescas, conhecido como Baptistina, no cinturão de asteroides localizado entre Marte e Júpiter. Essa batida formou uma série de fragmentos, alguns com o tamanho de montanhas, que vagaram livremente no espaço.

Em 2010, astrônomos do Rio também inocentaram o asteroide. "Não tem nenhuma chance de ter sido ele", disse na época Jorge Carvano, astrônomo do ON (Observatório Nacional).

A colisão teria acontecido, em uma primeira hipótese, há 160 milhões de anos, mas na verdade ocorreu 80 milhões de anos atrás, segundo a Nasa. Ou seja, não daria tempo dele se deslocar até a Terra na data que se acredita que os dinos morreram. A foto que ilustra esta página mostra como seria o asteroide perdido em imagem divulgada nesta terça-feira.

 Ilustração artística mostra como seria asteroide que se soltou do cinturão que existe entre Marte e Júpiter (Foto ilustração: JPL-Caltech/Nasa/Reuters).

Religião favorece pensamento intuitivo, afirma estudo

Muita gente rejeita o estereótipo que descreve ateus como pessoas racionais e analíticas e religiosos como intuitivos e espontâneos. Um experimento feito na Universidade Harvard, porém, sugere que esse clichê pode ter um fundo de verdade. No trabalho, cientistas avaliaram o estilo de raciocínio preferido por mais de 800 voluntários e viram que aqueles com tendência maior a usar a intuição eram mais propensos a crer em Deus e entidades sobrenaturais.

Para chegarem à conclusão, os pesquisadores submeteram os voluntários a um questionário sobre crença religiosa e a problemas de raciocínio que avaliavam o estilo de pensamento de cada pessoa. As perguntas eram, na verdade, "pegadinhas" que enganam especialmente as pessoas que contam com a intuição para lidar com números. O resultado do experimento saiu em um estudo publicado na revista científica "Journal of Experimental Psychology". O trabalho, coordenado pelo psicólogo Amitai Shenhav, indica que pessoas mais racionais tendem a crer menos em Deus.

Fonte: Folha de S. Paulo. Clique na imagem para ampliá-la.

Pode parecer uma conclusão óbvia, mas psicólogos ainda não tinham encontrado um jeito de testá-la. Os cientistas de Harvard afirmam ter conseguido comprová-la agora porque usaram uma metodologia que avalia o estilo de raciocínio das pessoas sem levar em conta a magnitude da inteligência de cada um. Em outras palavras, conseguiram evitar a armadilha que associa reflexão a pessoas mais inteligentes e intuição a pessoas mais burras. "Uma das coisas que eu aprecio sobre a discussão entre uso de raciocínio reflexivo ou intuitivo é que não existe uma resposta certa sobre qual dos dois deve ser usado em cada ocasião", disse Shenhav à Folha. "Ambos são importantes para todo mundo, mas nós somos diferentes uns dos outros". 

Segundo ele, muitos voluntários classificados como pessoas intuitivas tinham ido bem em dois testes de QI que haviam sido aplicados antes do experimento. 
"Em testes de inteligência-padrão, existem poucas questões com respostas intuitivas que vêm à mente imediatamente", explica o psicólogo. "É preciso trabalhar uma longa cadeia de raciocínio em cada um deles até que surja a resposta. O teste que usamos tem perguntas projetadas especialmente para oferecer uma resposta errada tentadora logo de cara".

O mais inesperado, porém, talvez seja que é possível moldar o tipo de crença religiosa que os voluntários têm. Em outro teste, voluntários tinham de escrever uma redação sobre a importância da intuição. Logo após a tarefa, algumas pessoas titubeavam em perguntas sobre suas crenças religiosas, com tendência maior a relatar crença em entidades sobrenaturais. "Talvez a maneira como somos educados a pensar de maneira reflexiva ou intuitiva ao longo da vida tenha alguma influência sobre nossas crenças", afirma o psicólogo. "Não sei dizer se isso é uma coisa boa ou ruim".


Carga tributária brasileira sobe para 33,6% do PIB em 2010

A carga tributária bruta brasileira em 2010 subiu para 33,56% do PIB (Produto Interno Bruto), informou há pouco a Receita Federal. No ano retrasado, o percentual havia sido de 33,14%. O aumento decorreu do crescimento de 7,5% do PIB e de 8,9% da arrecadação tributária nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Em 2010, a arrecadação tributária bruta totalizou R$ 1,2 trilhão.

De acordo com a nota divulgada pela Receita nesta sexta-feira, esse incremento deve ser explicado pela forte atividade econômica no ano passado. "A evidência mais clara dessa resposta elástica ao crescimento econômico reside no fato de a expansão da receita tributária ocorrer, principalmente, em tributos vinculados ao valor agregado (Cofins e IPI) e à massa salarial (contribuição previdenciária ao INSS", afirma nota divulgada pela Receita Federal.

Mais imposto

Na semana passada, o governo federal anunciou um aumento de 30 pontos percentuais nas alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros e caminhões que tenham menos de 65% de conteúdo nacional. Ficam livres do aumento as montadoras que comprovarem investimentos em inovação. Um carro popular até mil cilindradas teve o IPI alterado de 7% para 37%. A medida, no entanto, gerou protestos de montadoras estrangeiras, que recorreram à Justiça para adiar a cobrança.  

Arrecadação

A arrecadação de tributos federais, divulgados ontem pela Receita Federal, somou R$ 74,6 bilhões em agosto, um aumento de 8,1% em relação ao mesmo período do ano passado, já considerada a inflação do período. Mesmo com o pagamento de R$ 2,8 bilhões em tributos extraordinários, houve uma desaceleração no ritmo de crescimento da arrecadação no ano. Em relação ao mês de julho, há uma queda real de 17,6%.  

Até agosto, o governo federal já recolheu R$ 639 bilhões em impostos, valor 13,26% maior do que nos oito primeiros meses de 2010. De janeiro a julho, a taxa de crescimento da arrecadação era de 14%.  

Aparelhos com Bluetooth estão menos seguros, diz pesquisa

O grupo finlandês de segurança de dados Codenomicon afirmou que defeitos de software em aparelhos equipados com o sistema Bluetooth estão se tornando mais fáceis de explorar, o que representa risco para os usuários.

A tecnologia Bluetooth de transmissão de dados via rádio é amplamente usada para conectar celulares a acessórios, e sua segurança, até o momento, não era vista como um grande problema. A Codenomicon, porém, informou em estudo que encontrou problemas críticos em kits com Bluetooth para uso em automóveis testados neste ano.

Os problemas de segurança permitem que criminosos obtenham informações sobre o celular de um usuário, e códigos defeituosos poderiam resultar em danos no sistema eletrônico do veículo, colocando em risco a segurança do motorista. "Os problemas são na implementação. Codificadores cometem erros humanos", disse o chefe de tecnologia da Codenomicon, Ari Takanen, nesta sexta-feira, acrescentando que decidir qual dispositivo era o mais seguro foi muito difícil. "A qualidade do software raramente é visível para os consumidores."

A Bluetooth SIG, lobista da indústria, quando questionada sobre as descobertas, afirmou que a tecnologia Bluetooth é segura. 

E o horário político chegou ao Twitter

Não sou usuário do Twitter, nem tenho vontade de sê-lo, mas mesmo assim acho a notícia abaixo deplorável e um desvirtuamento desse meio de comunicação social.

O texto abaixo é de autoria de Rafael Cabral, e foi publicado em 21/9 no blog "Link" do jornal O Estado de S. Paulo.

Tweets pagos de políticos serão aceitos mesmo em época de eleição

Como se não bastasse preencher um espaço obrigatório na televisão, o horário político eleitoral vai chegar ao Twitter. A empresa anunciou nesta quarta-feira que aceitará veicular tweets pagos de candidatos políticos, mirando principalmente as eleições presidenciais norte-americanas de 2012, na quantidade de propaganda que a disputa consegue produzir e na tendência de partidos e marketeiros gastarem cada vez mais dinheiro com campanhas em mídias sociais.


O primeiro anunciante confirmado é o republicano Mitt Romney, mas muitos outros devem ser confirmados nos próximos meses. O Twitter afirma que fará pequenas modificações no design dos pedidos por votos, para que eles não sejam confundidos com tweets comuns e nem sejam iguais aos Promoted Tweets, mensagens publicitárias de empresas inseridas obrigatoriamente na linha de atualizações.

A empresa afirmou que quando o usuário passar o cursor por cima da mensagem política será aberta uma janela pop-up dizendo quem pagou pelo anúncio. Outro diferença é que, por enquanto, eles não aparecerão nas buscas (ao contrário dos tweets de empresas). Políticos também poderão entrar nos programas ‘Promoted Account’ (Conta promovida), ganhando preferência no sistema de indicação de perfis, e em ‘Promoted Trends’ (Tendência promovida), aparecendo no topo da lista de tendências.

YouTube converte vídeos para 3D

O texto abaixo é de autoria de Tatiana de Mello Dias, e foi publicado ontem no blog "Link" do jornal O Estado de S. Paulo.

O YouTube anunciou na semana passada ferramentas de edição. Agora o site de vídeos estendeu a funcionalidade.

Uma das novidades é a conversão de vídeos 2D para 3D. Em vez de usar duas câmeras e um programa específico para dar profundidade à imagem, uma ferramenta – ainda em versão beta – faz isso automaticamente a partir de um clique. Os resultados são melhores se for utilizada uma câmera 3D para a gravação.

A conversão pode ser feita aqui. Para assistir, porém, ainda é preciso usar óculos especiais.

Agora também qualquer usuário pode fazer upload de filmes mais longos. Hoje o limite de postagem para usuários comuns é de 15 minutos. A partir de agora, porém, será possível fazer uploads de vídeos mais longos depois de verificar sua conta. Para ajudar no processo de uploads mais longos, é possível subir os vídeos por partes – isso faz com que você não perca o upload se houver alguma falha na conexão. Além disso o YouTube está usando duas plataformas que ajudam na edição e compartilhamento dos vídeos. O Vlix permite a adição de efeitos e textos, e o Magisto edita automaticamenteo o conteúdo em forma de clipes.

Bolero de Ravel na Estação Ferroviária Central de Copenhague

O vídeo abaixo me foi enviado por meu dileto amigo Celso, a quem agradeço.

No meio de tanta pobreza de espírito público no Brasil, de tanta corrupção, da crise financeira que assola o mundo, e de muitas outras mazelas que nos atormentam, nada como o Bolero, de Maurice Ravel (1875-1937), composto em 1928, para nos trazer alegria e emoção.

http://www.youtube.com/watch?v=mrEk06XXaAw&feature=player_embedded

Esquema de barganha do governo prejudica saúde do brasileiro para "compensar" indústria do tabaco

A notícia abaixo, publicada no jornal O Estado de S. Paulo de hoje, é simplesmente inacreditável e estarrecedora: o governo pretende afrouxar a lei que proíbe fumar em bares e restaurantes, para "compensar" os fabricantes de cigarros porque pagarão mais impostos em 2012!! Dá p'ra acreditar?!!

O Ministério da Saúde participa de uma negociação para ressuscitar o fumo em bares e restaurantes do País. Proposta de emenda à Medida Provisória 540 em avaliação no governo prevê a criação de estabelecimentos destinados exclusivamente a fumantes, desde que duas condições sejam satisfeitas: o veto à entrada de menores de 18 anos e a indicação de que o fumo é permitido. [Estas duas exigências mostram bem o baixíssimo nível de seriedade do governo no manejo de assunto de tanta relevância para a saúde do brasileiro].

A emenda à MP, que trata da elevação do IPI do cigarro, deve ser votada até a próxima semana no Congresso Nacional.

As medidas seriam uma "compensação" para a indústria do tabaco que, a partir de 2012, pagará mais impostos. Todas as propostas embutidas na emenda substituem, em versão bem mais branda, medidas em debate na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e no Congresso. Se aprovado, o "contrabando" colocado na MP impedirá o cumprimento de uma recomendação da Convenção-Quadro para o Tabaco, acordo internacional para combater o tabagismo no mundo do qual o Brasil é signatário: a proibição de fumódromos.

A justificativa para a mudança, no texto que circula no governo, seria "o respeito à livre iniciativa e à liberdade de escolha", argumentos usados pela indústria do cigarro durante o debate sobre o fim dos fumódromos. "Essa experiência não deu certo em outros países", afirma Paula Johns, da Aliança Para Controle do Tabagismo no Brasil. Empregados dessas casas estariam sujeitos ao fumo passivo e, completa, não haveria nenhuma garantia de que um número maior de estabelecimentos optaria por ser exclusivamente de fumantes, atraindo também não fumantes. "Se todos optarem por esse serviço, será o retorno do fumo em ambientes fechados".

O texto em análise, que circulou pelo gabinete do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também neutraliza duas consultas públicas em curso na Anvisa. Uma proíbe a adição de qualquer produto ao tabaco, como chocolate. O texto da MP mantém a proibição, mas de forma mais restrita. A emenda traz uma lista dos produtos que não poderiam ser incluídos no cigarro - algo que, por si só, já engessa a política - e deixa de fora itens como mentol, açúcar e amônia.

A segunda proposta da Anvisa prevê a proibição da exposição de maços de cigarro em postos de venda (alternativa encontrada pelos fabricantes para a proibição de cartazes) e mudança nos maços de cigarro para que frases de advertência ficassem mais evidentes, dos dois lados. Pelo texto da Anvisa, a além da imagem de advertência numa das faces, embalagens teriam de estampar frases de alerta contra malefícios do fumo em pelo menos 50% da outra face. Pela versão analisada pelo governo, esse espaço seria reduzido para 30%.

Além de um retrocesso na política de prevenção e redução do número de fumantes no País, a proposta foi considerada por integrantes do próprio governo como uma "rasteira" na Anvisa. Interessada no assunto, até ontem ela não havia sido informada sobre as propostas de alterações.

O arquivo digital com o texto da emenda que atende à indústria do fumo, obtido pelo Estado, registra como autor mais recente da polêmica proposta um assessor direto do ministro da Saúde: Edson Pereira de Oliveira. O ministério diz que Oliveira apenas salvou em seu computador a emenda e a fez circular por técnicos da pasta para debate. Segundo a assessoria, a emenda foi redigida pelo gabinete do deputado Renato Molling (PP-RS), relator da MP, e não contou com a participação da pasta, que sequer avaliou o conteúdo da emenda. Porém, o texto com a proposta de emenda foi repassado pela Saúde, sem nenhuma crítica ou sugestão de alteração, para outros dois ministérios, fato interpretado na Esplanada como um aval à proposta.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Clique na imagem para ampliá-la.

Investimento estrangeiro soma US$ 44 bi no ano e bate recorde

Os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 5,606 bilhões em agosto, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 23, Banco Central, o melhor resultado para o oitavo mês do ano desde 2004. O resultado superou as previsões dos analistas.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, acrescentou que o volume recorde de entrada de IED no ano, de US$ 44,085 bilhões até agosto, foi determinante para a revisão da projeção para 2011, que passou de US$ 55 bilhões para US$ 60 bilhões. "Temos observado um déficit de transações correntes que vem sendo financiado com certa margem pela entrada de investimento estrangeiro direto", avaliou.

Nos últimos 12 meses até agosto, a conta do IED está positiva em US$ 75,370 bilhões, equivalentes a 3,22% do PIB, o maior da série.

Lucros e dividendos

As remessas de lucros e dividendos feitas por empresas estrangeiras com sede no País somaram US$ 5,109 bilhões. No acumulado de 2011 até o mês passado, os recursos transferidos nessa conta ao exterior totalizam US$ 25,699 bilhões.


Ainda segundo o BC, o gasto com juros em agosto totalizou US$ 467 milhões, chegando a US$ 5,634 bilhões no acumulado desde janeiro.

EUA superam Brasil e lideram as exportações de carne bovina

Apesar de seus inúmeros problemas, os EUA continuam inegavelmente um competidor a ser sempre respeitado -- acabam de desbancar o Brasil como maior exportador de carne bovina do mundo. Nossas exportações certamente foram afetadas pelo prolongado embargo da Rússia à nossa carne, motivado segundo dizem pela recusa do Brasil de reconhecer aquele país como economia de mercado (para ingresso na OMC- Organização Mundial do Comércio).

O Brasil perdeu, para os Estados Unidos, o posto de líder nas exportações de carne bovina. De janeiro a julho, os americanos exportaram 1,7% mais do que os frigoríficos instalados no país. Nos primeiros sete meses de 2011, a pecuária norte-americana faturou US$ 3,06 bilhões, ante receita de US$ 3,01 bilhões obtida pelos brasileiros no mercado externo, segundo dados da Abiec (associação brasileira dos exportadores de carne bovina). Em volume, a vantagem dos EUA é mais evidente. Eles exportaram 741,3 mil toneladas no período, número 18% superior às 627,6 mil toneladas embarcadas pelo Brasil. [Se os americanos precisaram exportar 18% a mais em volume para nos superar apenas em 1,7% em receita é sinal evidente que nossa carne tem maior valor de mercado].

Vários fatores explicam a mudança no topo do ranking. Por aqui, o câmbio e o alto custo de produção --impulsionado pelo aumento da arroba do boi -- contribuíram para que as empresas brasileiras perdessem mercado. "Os grandes frigoríficos não têm muito estímulo para exportar. A rentabilidade não compensa", afirma José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP.

Já nos EUA, a carne bovina ficou mais barata como reflexo da crise econômica, pois não há espaço para aumentar os preços ao consumidor. Com a rentabilidade prejudicada, os produtores começaram a abater matrizes (fêmeas), normalmente retidas para procriação. Com as vacas abatidas, aumentou a disponibilidade de carne bovina no país, o que tornou o produto para exportação mais competitivo. Neste ano, a seca que atingiu muitas áreas de pecuária nos EUA também estimulou o abate de matrizes. Na média deste ano, as vacas já representam 19% do descarte total de animais nos EUA. "Os EUA estão conseguindo acessar mercados que antes eram inviáveis para eles por conta de preço, como a Europa e até o Egito", diz Fernando Sampaio, diretor-executivo da Abiec.

Apesar de dar a volta por cima após a ocorrência de vaca louca em 2003 e desbancar o Brasil do topo -- posição que o país ocupava desde 2004 --, as perspectivas não são animadoras para a pecuária americana. A tendência é de alta nos custos de produção, com o aumento do uso do milho para produção de etanol. Como a engorda dos bovinos termina nos confinamentos nos EUA, o milho é um importante insumo para a pecuária. Além disso, o abate de matrizes de hoje vai resultar em menor oferta de carne no futuro. O Brasil, que promoveu um grande descarte de fêmeas entre 2005 e 2007, até hoje sofre as consequências. "A fatura vai aparecer daqui há algum tempo", diz Ferraz. "A liderança dos EUA não é eterna. É uma situação circunstancial de mercado que não se sustenta no longo prazo", diz Sampaio.


 Disputa Brasil x EUA no mercado internacional de carne bovina, de 2008 a 2011 (Gráfico: Folha de S. Paulo). Clique na imagem para ampliá-la.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pesquisa diz que biópsia para câncer de próstata pode causar complicações graves

Homens submetidos à biópsia para diagnóstico de câncer de próstata têm o dobro de chance de serem internados com complicações quando comparados com pacientes que não passam por esse procedimento. É o que diz um estudo realizado por médicos da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, publicado na edição on line da revista especializada "The Journal of Urology".

A pesquisa - a maior já realizada sobre o tema - envolveu 150 mil pacientes acima de 65 anos do Medicare (o sistema de saúde americano), de 1991 a 2007. Os homens submetidos à biópsia apresentaram um índice de hospitalização de 6,9% nos 30 dias seguintes ao procedimento, em comparação com 2,9% do grupo que não fez o exame. - "A biópsia da próstata é um procedimento essencial para a detecção do câncer" - diz Edward Schaeffer, urologista e oncologista da Johns Hopkins, e principal autor do estudo. - "No entanto, é importante que os homens sejam informados dos possíveis riscos desse tipo de exame, frequentemente descrito como simples procedimento ambulatorial".

Os autores enfatizam que esses novos dados devem servir como um lembrete para os médicos avaliarem cuidadosamente os riscos e benefícios da biópsia para pacientes e tomarem todas as precauções para evitar infecções e outras complicações do procedimento, como hemorragias e até mesmo insuficiência cardíaca e problemas respiratórios. De maneira geral, as taxas de mortalidade em homens submetidos a biópsias de próstata não aumentou, segundo o estudo. No entanto, os pacientes hospitalizados com infecções relacionadas ao procedimento apresentaram um risco 12 vezes maior de óbito quando comparados aos homens que precisaram do exame.

"Os antibióticos são rotineiramente dados aos homens no momento da biópsia, e o fato de que infecções graves o suficiente para causar internações têm aumentado nos faz pensar que essas complicações estão ocorrendo por causa de um aumento constante nas taxas de resistência antimicrobiana" - afirma.

Para o pesquisador H. Ballentine Carter, também da Johns Hopkins, os médicos precisam tomar mais cuidados ao pedir as biópsias da glândula: - "É importante urologistas avaliarem bem cada caso para saber se o paciente apresenta maior risco de complicações relacionadas com a biópsia" - diz.

Só nos Estados Unidos mais de 1 milhão de procedimentos de biópsia de próstata são realizados a cada ano para diagnosticar e monitorar a doença, a segunda causa mais comum de morte por câncer entre os homens.










Projeções do FMI para América Latina não favorecem o Brasil

Segundo as projeções de crescimento publicadas no dia 20/9 pelo FMI - Fundo Monetário Internacional, em seu informe Perspectivas para a Economia Global, a América Latina reduzirá seu crescimento em 2012 para 4% devido "a uma moderação da demanda interna em resposta a políticas macroeconômicas menos lassas".

Os países que irão liderar o crescimento econômico na região no próximo ano são principalmente, de novo, os exportadores de matérias-primas: Argentina (4,6%), Chile (4,7%), Paraguai (5%), Peru (5,6%), e Uruguai (4,2%). "Projeta-se que o crescimento na América do Sul diminuirá em 2012 na direção de sua taxa potencial -- entre 3,5% e 5,5% -- ", informou o FMI.

Sobre o Brasil, o gigante que liderou o impulso na região na maior parte da última década, diz o FMI que verá uma redução de seu crescimento com um 3,8% em 2011 e um 3,6% em 2012 comparado com o poderoso 7,5% de 2010, "em parte como reflexo de perspectivas externas menos favoráveis".

Apesar do "robusto" crescimento na primeira metade deste ano, o cenário no México está intimamente vinculado à recuperação dos EUA, razão pela qual as projeções colocam seu avanço econômico em 3,8% neste ano e 3,6% em 2012.

"Na América Central e no Caribe, o crescimentop continuará limitado pela lenta recuperação das remessas e do turismo e, em muitos países da região do Caribe, pelos problemas relacionados com os elevados níveis de dívida pública", segundo projeta o FMI.

O Fundo faz uma clara advertência de que "a importante presença de bancos espanhóis na região poderia apresentar alguns riscos em um cenário de movimentos extremos nos mercados, mas esses riscos serão compensados pelo modelo de filiais existente". [Surge aqui, novamente, a preocupação que já manifestei sobre os rumos da saúde financeira do banco espanhol Santander no Brasil].

Segundo o FMI, as economias latino-americanas e caribenhas cresceram rapidamente na primeira metade de 2011 "encabeçadas por uma atividade intensa em muitos dos exportadores de matérias-primas da região".

Outro fator positivo foi a pujante demanda interna sustentada por "políticas macroeconômicas acomodatícias", acompanhadas por fortes fluxos de capitais para a região, os quais, adverte o FMI, se tornaram mais voláteis nos últimos meses.

Ainda que o ritmo de expansão tenha se moderado à medida que outras economias tenham se recuperado da crise global, o crescimento da América Latina e do Caribe "se mantém acima de seu potencial", e "algumas economias podem estar se reaquecendo".  -- "É positivo que na região se esteja recorrendo à flexibilidade de tipo de câmbio como mecanismo de absorção, mas se faz necessária uma maior contração fiscal não apenas para reduzir a vulnerabilidade, mas também para mitigar as pressões sobre o tipo de câmbio real e respaldar os saldos externos", conclui o FMI.

Para toda a região da América Latina e do Caribe, o Fundo calcula que este ano a inflação será de 6,7% e cairá para 6% no ano que vem.