A União Europeia cortou drasticamente suas previsões de crescimento para os países da zona do euro no próximo ano – de 1,8% para 0,5%.
O vice-presidente para assuntos econômicos e monetários da Comissão
Europeia, Olli Rehn, alertou nesta quinta-feira que "a economia parou de
crescer na região", e que existe agora o risco de uma nova recessão na
zona, que é formada por 17 países. A previsão de 1,8% havia sido feita em março. Economistas temem que a
Europa possa voltar a entrar em recessão dois anos depois de começar a
se recuperar da última crise financeira global.
A Comissão Europeia avalia que se não houver mudança nos gastos
italianos, a dívida pública do país permanecerá em 120,5% do PIB em
2012. A Itália conseguiu levantar 5 bilhões de euros no mercado nesta
quinta-feira, mas com juros de 6,087% por um ano. Na quarta-feira, os
juros dos títulos de dez anos da Itália ultrapassaram 7%, mas depois
caíram para 6,98%. Analistas acreditam que com juros neste patamar, a Itália não terá
condições de pagar a sua dívida e terá de recorrer a ajuda externa.
A falta de crescimento prejudica a Europa em um momento em que o
continente tenta lidar com a crise da dívida pública de diversos países.
Portugal, Grécia e Irlanda recorreram a empréstimos para conseguir
honrar seus compromissos, e agora a Itália está ameaçada de também
precisar de um resgate. A diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, alertou
que a falta de clareza política na Europa está provocando instabilidade
financeira nos mercados.
Nesta quinta-feira, os mercados asiáticos fecharam em queda, em resposta
às incertezas europeias. Houve queda nas bolsas do Japão (2,9%), Hong
Kong (5,3%) e Coreia do Sul (4,9%). Às 11h45 na capital britânica (9h23 no horário de Brasília), as bolsas
de Frankfurt e de Paris operavam em leve alta. Já a bolsa de Londres
registrava queda de 0,39%. O premiê britânico, David Cameron, disse que os "líderes da zona do euro
precisam agir agora" e que "quanto maior for a demora [em agir], maior
será o perigo".
Os problemas na Europa também fizeram com que a Agência Internacional de
Energia reduzisse a sua previsão de demanda mundial por petróleo. "A constante ameaça de colapso financeiro amplo decorrente da piora no
cenário na Grécia e Itália gerou uma série de manchetes diárias que
injetou alto nível de volatilidade", afirmou a agência, em nota. "Mercados de petróleo estão intrinsecamente ligados à deterioração da
situação da dívida europeia, dado o impacto nos mercados financeiros, o
maior risco de recessão global e o decorrente potencial de queda da
demanda por petróleo".
O euro continuou enfraquecido na quinta-feira, atingindo US$ 1,35 – a
cotação mais baixa diante do dólar em um mês. Diante das incertezas,
investidores estão se desfazendo dos seus ativos baseados na moeda
europeia.
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