O Brasil vai importar da Alemanha um processo de fabricação de combustível limpo -- sem emissão de gases do efeito estufa-- que usa esgoto como matéria-prima.
O processo transforma os gases gerados na decomposição do lodo do esgoto
em biometano, um tipo de GNV renovável, diferente do derivado de
petróleo. O sistema será implantado em uma estação de tratamento da Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) em Franca (a 400 km da
capital) e deve começar a operar em março, ainda em caráter
experimental.
O novo combustível já é usado em frotas organizacionais (públicas e
privadas) na Europa há uma década. Mas, por aqui, passará por testes. Orçado em R$ 6 milhões, o projeto é desenvolvido em parceria com a
fundação Fraunhofer. A Alemanha repassará R$ 5,1 milhões e a Sabesp
bancará R$ 900 mil. O superintendente de inovação tecnológica da Sabesp, Américo de Oliveira
Sampaio, diz que a planta a ser instalada em Franca produzirá 1.900 m³
de biometano por dia.
Cada m3 do gás equivale a um litro de gasolina e, por isso, o
volume diário previsto para a unidade corresponde a 10% de todo
combustível utilizado hoje pelos 5.057 veículos que compõem a frota da
Sabesp no Estado.
"Essa produção inicial pode reduzir a emissão de CO2 em até 16 toneladas por ano", afirmou Sampaio.
Inicialmente, porém, o novo combustível será usado em 49 carros da companhia.
Se a experiência der certo, o biometano pode ser adotado em toda a frota da Sabesp.
Antes, serão necessários três anos de estudos sobre a viabilidade e a logística para distribuição no Estado.
Apesar de produzido a partir do lodo de esgoto, o biometano não tem o cheiro ruim típico do esgoto.
Isso porque o processo de fabricação filtra o H2S (sulfeto de
hidrogênio), responsável pelo odor de ovo podre e capaz de corroer o
motor.
Também são retirados do gás os siloxanos, substâncias que formam crostas que podem entupir pequenas tubulações da máquina.
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