A Fifa continua descontente com o governo brasileiro por causa da Lei Geral da Copa, que ainda não foi alterada. Isso ficou claro em reunião
do novo departamento da entidade para o Mundial, conforme informa Rodrigo Mattos, enviado especial da Folha a Zurique.
Mesmo após reunião com a presidente Dilma Rousseff, a FIFA continua insatisfeita com o governo brasileiro por causa da Lei Geral da Copa. Foi o que ficou claro em reunião do novo departamento da entidade para o mundial. E o clima de desgaste se acentuou com declarações da presidente na África do Sul, que geraram incerteza na entidade sobre a disposição dela em alterar a legislacão.
Ontem, o COL (Comitê Organizador Local) e o secretário-geral da FIFA, Jerôme Valcke, deram informações do evento à cúpula da entidade. Os pontos mais importantes eram a tabela e a legislação para a competição. A situação da lei específica para o evento foi apresentada como problemática.
A FIFA exige punições mais duras para pirataria e marketing de emboscada. E quer mais retrições para emissoras de TV sem direitos de transmissão. A entidade aceita a meia-entrada porque pretende implantar alterações e limitações de preços. "A fase legal é importante. Tem que deixar toda a legislação pronta. Depois, pensar em infraestrutura", informou Dany Jordaan, membro do departamento de Copa, usando o exemplo de seu país, África do Sul, onde presidia o comitê do Mundial-2010.
Houve um momento na reunião de ontem em que ficou clara a contrariedade da FIFA. Quando o comitê da Rússia assinava garantias legais para o seu Mundial, um dos integrantes da FIFA comentou que o Brasil ainda não cumprira o que escrevera.
O ceticismo da entidade se deve ao fato de o governo brasileiro não ter encaminhado alteração ao projeto de lei, que já está no Congresso, após a reunião entre Valcke e a presidente Dilma. O encontro ocorreu no início deste mês. Na ocasião, o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., admitiu que seriam revistos alguns pontos. Mas, mesmo após reuniões de advogados, nada aconteceu. E o clima piorou por conta de declarações da presidente na África do Sul. "Deixei a ele (Valcke) claro que o governo não ia alterar, em nenhum momento, nenhuma legislação que neneficiasse a população brasileira. Isso não é decisão do ministro Orlando. Eles, inclusive na ocasião, para mim, concordaram", disse Dilma. Cartolas da FIFA e do COL tentavam interpretar as declarações da presidente.
Acho digna de aplauso e apoio a decisão da presidente Dilma, que mais uma vez reafirma não aceitar certas imposições da FIFA como relatei em postagem anterior. Algumas das exigências dessa entidade ferem frontalmente a legislação brasileira, como por exemplo a da liberação da venda de cerveja nos estádios porque a patrocinadora da FIFA na nossa Copa é uma fabricante dessa bebida. A FIFA tem regras básicas para realizar seus eventos e, em tese, o país que os hospeda tem que aceitar essas regras e tem que cumprí-las -- acho isso inteiramente questionável, considerando inadmissível que o Brasil se curve a exigências que firam a sua legislação e a sua soberania. Esta, aliás, é a tese de um promotor que já relatei também em postagem anterior. Acho até que já cedemos demais, aceitando que o Maracanã fosse inteiramente desfigurado para a Copa, e fechando por quatro horas o Aeroporto Santos Dumont, no Rio, com a presença da presidente Dilma, para o sorteio das chaves desse evento. Este é o país do futebol, mas nem tanto, tenham paciência!
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