terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dirigentes europeus se divertem ou se irritam com Sarkozy

O texto abaixo foi traduzido da seção "Blogs" do Le Monde de 22 deste mês. Uma pitada de fofoca internacional serve para desanuviar um pouco o ambiente pesado das crises que nos rondam.


Não se ataca oficialmente o presidente da república francesa. Mas o comportamento de Nicolas Sarkozy diverte ou irrita, conforme o caso, os chefes de Estado e de governo europeus. "Quando nos telefonamos entre dirigentes europeus e falamos de Nicolas Sarkozy, nos dizemos: "você me diz as maldades que ele falou de mim, ou sou eu que começo?"", conta um membro do conselho europeu que se exaspera com o tom meloso do presidente nos contatos diretos, e com seus comentários desagradáveis quando ele se refere a uns e outros. Sarkozy tem repetido em todas as partes uma anedota maldosa sobre Angela Merkel durante seus cafés da manhã em conjunto: "Ela diz que está de regime ... e se "contrai" com queijo". 

Nicolas Sarkozy se especializou em agredir verbalmente um de seus colegas para se impor. Esse foi, muito frequentemente, o caso do primeiro-ministro luxemburguês Jean-Claude Juncker, do presidente do Banco Central Europeu (BCE) Jean-Claude Trichet, ou da comissária Viviane Redding, que havia censurado a política francesa contra os ciganos. O presidente não tem senão desprezo ou desdém em relação a José Manuel Barroso, que ele no entanto ajudou a ser reconduzido à presidência da Comissão. Mas, ele tem também seus queridinhos, aqueles que mima e que se calam, como o presidente do conselho europeu Herman Van Rompuy.

Os dirigentes acabam aprendendo a reagir. Jean-Claude Trichet responde ao presidente, o contesta. Ele o fez de novo na quarta-feira (19/10), na reunião em Frankfurt, expressando-se em francês com Sarkozy, o que é raríssimo. O tom de Trichet, que está de saída do banco central europeu, surpreende mesmo os europeus. Diante dos dirigentes europeus ele se torna veemente ao correr dos meses, enquanto a Europa se afunda na crise. Com seu sotaque francês, ele pede em inglês a ajuda de chineses e cingapurianos, que consideram os europeus como agindo contra suas próprias responsabilidades -- não os banqueiros dos bancos centrais, mas os chefes de Estado e de governo. O tom de Trichet enfraquece sua intenção, segundo um participante dessas reuniões de crise europeias. A seu lado já está seu sucessor, o italiano Mario Draghi, que mantém um silêncio prudente.

Uma das vítimas esperada no fim de semana era o presidente do conselho italiano, Silvio Berlusconi, que era esperado para apresentar medidas de economias e de reformas. No domingo de manhã [observar que a postagem do blogue francês é datada de 22/10, sábado passado] ele teve direito a uma reunião de ajuste privada com Nicolas Sarkozy e Angela Merkel.  A ideia era estimulá-lo a seguir o exemplo de José Luis Zapatero, o primeiro-ministro espanhol que não hesitou em sacrificar seu futuro eleitoral no altar das reformas. Zapatero se recusou a partir da reunião, considerando que não tinha que ser tratado como seu homólogo italiano.

Berlusconi deveria explicar-se sobre a promessa feita a Sarkozy de achar um cargo para Lorenzo Bini Smaghi, para que ele liberasse seu posto de membro da diretoria do BCE para dar a vaga a um francês. Os dois dirigentes haviam assumido um compromisso nesse sentido, por ocasião da substituição de Jean-Claude Trichet por Mario Draghi. Jean-Pierre Landau, subdiretor do Banco da França, é candidadto a esse posto, assegura uma fonte próxima ao Eliseu, do mesmo modo que Ambroise Fayolle, representante da França no FMI.

A exibição da dupla Sarkozy-Merkel irrita os outros países. O exemplo da Eslováquia, que quase não ratificou o plano de salvamento da Grécia, demonstrou que era preciso levar em conta os 17 membros da zona do euro. Acima de tudo, o entendimento ou harmonia entre os dois é considerado artificial: "Eles se falam, mas não se entendem. Eles cochicham. Mas, os cochichos entre dois surdos jamais deram resultado", acusa uma pessoa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário