A agência Associated Press (AP) informa que as primeiras investigações polonesas sobre crimes de guerra nazistas foram abertas nos anos 1960 e 70, mas foram suspensas nos anos 1980 antes que quaisquer condenações fossem feitas, como consequência "do isolamento do país atrás da Cortina de Ferro".
Ainda assim, quaisquer novas condenações que resultem da reabertura das investigações não serão as primeiras na Polônia desde 1980: o mais recente processo de crime de guerra do país se deu em 2001, quando um guarda foi sentenciado a 8 anos de prisão por ter trabalho em Chelmno, um campo de morte. Como menciona a AP, a Polônia na realidade tem hoje o maior número de casos abertos, embora poucos tenham sido submetidos a processo.
A nova onda de investigações foi provocada pelo caso do ex-guarda de Sobibor, o ucraniano John Demjanjuck, de 91 anos, que foi extraditado dos EUA em 2009. Uma corte alemã considerou-o culpado em maio passado por mais de 28.000 casos de co-autoria de assassinato -- autoridades dizem que essa condenação e a sentença de 5 anos abriram caminho para processos adicionais, porque foi a primeira vez que puderam condenar alguém em um caso da era nazista sem evidência direta de que a pessoa participou de um assassinato específico.
Como consequência, a Alemanha reabriu centenas de casos que estavam em suspenso, envolvendo guardas de campos de morte, e a Polônia agora seguiu seu exemplo. Um artigo da revista virtual Slate, escrito depois da condenação de Demjanjuck, observa que há "provavelmente centenas" de criminosos ainda vivos e soltos.
A AP entrevistou Efraim Zuroff, um "destacado caçador internacional de nazistas", sobre as novas investigações. Enquanto dizia saudar quaisquer novas condenações, Zuroff é cético quanto à organização Institute of National Remembrance (Instituto da Memória Nacional, em tradução livre), dirigida pelo estado, encarregada de realizar as investigações. Ele disse que a organização polonesa "se sobressai na abertura de investigações", mas não em "processar criminosos nazistas".
John Demjanjuck emerge de uma corte em Munique em 12/5/2011, depois que um juiz sentenciou-o a 5 anos de prisão por acusações relativas a 28.000 casos de co-autoria de assassinato (Foto: Johannes Simon/Getty Images).
John Demjanjuck (Foto: Slate).
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