A culpa é do sistema límbico [área do cérebro responsável pelas emoções]. O controle da bexiga exige uma sofisticada interação de regiões do cérebro. Uma área do tronco encefálico conhecida como núcleo de Barrington está em contato permanente com a bexiga. Ele sabe quando a pressão nela aumenta, e toma a decisão preliminar de esvaziá-la. Felizmente, essa área do cérebro não tem controle exclusivo sobre nossos hábitos de ir ao banheiro, ou então urinaríamos sempre e quando nossas bexigas enchessem. O córtex pré-frontal pode superar ou cancelar o desejo de urinar enviando um sinal inibidor para o tronco encefálico. Em condições estressantes, entretanto, os sinais inibidores do lobo frontal podem ser superados ou anulados pela ação do sistema límbico, uma combinação de áreas cerebrais que controla o que os ingleses chamam de fight or flight response [literalmente, lute ou fuja], que é a resposta de animais a um estresse agudo.
Quando ficamos estressados ou ansiosos, os sinais elétricos do sistema límbico ficam tão intensos que o tronco encefálico tem dificuldade em seguir os comandos do lobo frontal. Esta é a razão pela qual muitas pessoas urinam mais frequentemente antes de testes ou exames importantes. Em situações com risco de vida, as ordens do sistema límbico tornam-se tão urgentes que não se consegue nem chegar ao banheiro.
O descrito acima é, pelo menos, a explicação neurobiológica para o problema. A outra questão -- por que a incontinência urinária pode ser vantajosa numa situação de sobrevivência -- permanece sem resposta satisfatória. O que é certo é que urinar diante do perigo permeia todo o reino animal. As gazelas se molham quando um leão enfurecido as persegue. Os pombos geralmente se urinam quando caçados por predadores. Ratos de laboratório têm o desagradável hábito de urinar nas mãos dos pesquisadores. Algumas pessoas especulam que esse instinto está relacionado com o hábito de marcar território com urina para evitar conflito. Ou, alternativamente, pode ser que o ato de urinar possa colocar o perseguidor fora de seu rastro. Na falta de uma boa explicação, a especulação é livre.
Sistema límbico (Foto: Google).
Sistema límbico (Foto: Google).
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